quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Será que podemos?


Obama parece estar a ficar na moda e Sócrates decidiu plagiar a sua palavra de ordem na cerimónia em que comemorava os três anos do seu governo dizendo-nos que podemos. Mas será que podemos?

Poderão os muitos professores que se sentem humilhados por uma ministra que insiste em centrar neles todas as reformas como se fossem a causa de todos os males? Será que podemos acreditar que os sacrifícios feitos pelos mais pobres poderão um dia reverter em benefícios quando se assiste ao enriquecimento acelerado dos mais ricos? Será que os funcionários públicos que foram eleitos como os responsáveis pela penúria do país poderão sentir-se motivados por reformas inconsequentes?

Talvez Vara tenha podido chegar de balconista a administrador da CGD para depois poder levar os segredos desta para o Millennium, talvez Sócrates possa ter dado o dito pelo não dito graças a um relatório de Vítor Constâncio, o governador de um Banco de Portugal onde os administradores podem beneficiar de vantagens exclusivas como acesso ao crédito barato.

Este esforço colectivo pedido por José Sócrates aos portugueses depois de governar durante três anos numa lógica de criação de inimigos públicos chegou atrasado, o “nós” colectivo foi substituído pelo individualismo. Eu não quero fazer parte de um “nós” onde também estejam incluídas personagens como a directora da DREN, os professores não se sentem num “nós” onde esteja a ministra da Educação, a estratégia de Sócrates levou a que não exista um “nós” colectivo mas sim dois “nós”, de um lado os beneficiados e do outro os prejudicados.

Talvez um dia destes eu venha a fazer parte do “nós” que junta os que não querem ver a dupla Menezes e Santana a destruir o pouco que resta deste país, mas para já o “nós” de Sócrates é cada vez menos o meu. No meu "nós" não há lugar para DRENS, dirigentes da Administração Pública vaidosos, boys armados em Rottweilers ou Chihuahuas, o meu "nós" pressupõe que todos se sacrificam e que os benefícios desses sacrifícios sejam distribuídos de forma equitativa.