Na mesma semana em que criticou o bastonário da Ordem dos Advogados por se ter pronunciado sobre o Processo Casa Pia, o director nacional da PJ pôs o processo Maddie de pernas para o ar. Usando o seu estatuto de director nacional da polícia que investiga o processo, mas apelando à sua experiência enquanto magistrado do Ministério Público, considerou precipitada a constituição dos McCann como arguidos. Isto é, o responsável pela polícia que investiga e que terá solicitado ao MP a constituição dos arguidos considera precipitada a decisão adoptada.
O mesmo director nacional com muita experiência como magistrado não só pôs em causa a Procuradoria-Geral da República lançou o descrédito sobre a justiça portuguesa, ainda por cima numa altura em que a sua própria polícia prepara uma viagem à Inglaterra. O mesmo director que mandou calar o bastonário não soube estar calado.
Começa a ser cansativo ver estas personagens cinzentas do Estado ganharem protagonismo graças ao abuso das “bocas” beneficiando do mediatismo que o desempenho de funções públicas lhe proporciona.
E sobre todos os arguidos portugueses o que tem em director nacional da PJ a dizer? O que terá a dizer, por exemplo, dos muitos arguidos de centenas de processos que se arrastam sem qualquer evolução e que acabam arquivados à espera de melhor prova ou prescritos?
Talvez seja tempo de o governo começar a ser exigente com os seus agentes, pondo fim à feira de vaidades em que se está a transformar o exercício de funções públicas. O país está a ficar cansado de Antónios Sousas e Alípios Ribeiros que usam o poder que têm e o fácil acesso à comunicação social para se transformarem em vedetas, talvez seja tempo de começar a demitir esta gente que usa o seu poder e influência para transformar a democracia portuguesa num espectáculo triste de pessoas menores.
Começa a ser tempo de começar a demitir estas personagens.