terça-feira, dezembro 02, 2008

Desleixo municipal


A imagem foi obtida na Avenida dos Combatentes, o acesso à Praça de Espanha, para quem vem do Hospital Santa Maria e mostra o que resta de um candeeiro de iluminação que foi derrubado. O candeeiro está deitado no passeio e o que restou no post está ali à espera que alguém não repare nele e se magoe, já que não está sinalizados e tem folhas metálicas capazes de romper uma perna a quem nele tropece. Há mais de um mês que está ali à espera que alguém da Câmara Municipal faça o que deveria ter sido feito logo no dia em que o candeeiro foi derrubado.

É evidente que este pequeno “esquecimento” não merece ter honras de primeira página, nem sequer destaque neste blog, até porque como António Costa detesta blogues e bloggers esta nota pouco vai adiantar, se ao menos fosse um distinto articulista de um jornal de referência… Só que Lisboa está cheia de buracos nas calçadas, pequenas reparações por fazer, ruas por limpar, ervas por arrancar, sinais de trânsito por colocar e passadeiras por pintar, já desde Santana Lopes que os serviços municipalizados deixaram de se preocupar com estas pequenas coisas.

Há muito que aqui defendo que a capital não tem uma autarquia, os candidatos a autarcas vão para ali sem a mais pequena vocação para gerir uma autarquia, Lisboa serve para candidatos estagiários a primeiros-ministros e Presidentes da República, em regra levam consigo para vereadores amigos incondicionais do partido que estão mais preocupados com cerimónias de devolução de carros em leasing do que com gerir os serviços municipalizados.

Como seria de esperar um candidato a Presidente ou a primeiro-ministro não se preocupa com estas pequenas coisas, isso é tema para presidentes da junta ou fiscais de obra, os nossos autarcas preocupam-se mais com grandes obras públicas, essas sim dão a notoriedade de que precisam para relançarem as suas carreiras políticas. A cerimónia em directo na TVI da inauguração do mamarracho natalício do Parque Eduardo VII dá mais notoriedade do que tratar destas pequenas coisas que mexem com a qualidade de vida dos cidadãos.

É por isso que se olharmos para os autarcas das nossas autarquias eles podem ser ordenados segundo as suas ambições políticas, nas grandes cidades encontramos os candidatos a primeiro-ministro ou Presidente da República, depois vêm os candidatos a ministro, seguidos dos que sonham ser secretários de Estado e por aí adiante. A meio da lista começamos a encontrar os políticos com vocação de autarca.

É por isso que a gestão de Lisboa assemelha-se mais aos bastidores de um congresso partidário do que a uma autarquia. Raramente ouvimos falar da gestão da autarquia, por ali a prioridade vai para a intriga política, reconquistar Helena Roseta é mais importante do que melhorar as escolas primárias, envolver Sá Fernandes numa futura candidatura política é bem importante do transformar o Terreiro do Paço numa praça digna e não num cartão de visita deprimente para quem pensa que Lisboa é uma grande capital europeia.

O ano passado António Costa deu como presente aos Lisboetas a pintura de meia dúzia de passadeiras, esperemos que a reparação deste candeeiro faça parte do cabaz de Natal deste ano, pelo menos vou meter o sapatinho na chaminé, ainda que tenha muito pouca esperança de ver o meu desejo realizado, os bloggers são gente perigosa.