O poder de algumas personagens que têm ocupado a comunicação social não resulta das suas capacidades inatas para as relações públicas ou apenas da facilidade com que entram nos corredores do poder, seja em São Bento ou em Belém. Para fazer bons negócios não bastam ministros, primeiros-ministros e outros titulares de cargos públicos, este podem sair a qualquer momento. Além disso os negócios não passam apenas pelas grandes decisões políticas, implica um processo de decisão que vai desde técnicos até governantes.
O poder destas personagens depende de uma imensa teia que foi tecida ao longo de anos de poder, de poder permanente dado que os laços privados levam as personalidades "impolutas" que estão no seu tono. verdadeiros senadores desta república de e das bananas tenham tanto poder com um governo do PS, como os barões do PS têm quando o PSD governa. A intimidade é tanta que os laços não se ficam por sociedades, nalguns casos já metem casamentos, filhos, afilhados, netos e sobrinhos. Não admira que um senador do PSD apadrine a biografia de um dirigente do PS, ou que os barões do PSD achem normal que os barões do PS se passem para a gestão da construção civil.
Trata-se de uma imensa teia a todos os níveis do Estado que assenta em esquemas de “compadrio”, assegurando que os negócios conseguem maximizar todas as vantagens que podem ser proporcionadas pelo acesso ao poder. Mesmo que um ramo da teia seja cortado rapidamente se reconstitui, a teia tem uma imensa bolsa de gente disponível para participar nela.
É por isso que ainda esta semana um alto responsável do Estado foi recentemente reconduzido pelo governo de Sócrates, apesar das suas prestações serem tão más que tiveram de ser mobilizados funcionários de outros distritos para fazerem o trabalho que ficou por fazer no seu. Mas entre manter um dos seus num alto cargo onde se podem tomar decisões que valem milhões e a defesa do Estado não há hesitações, os altos responsáveis da teia mobilizam-se para proteger os seus.
É esta imensa teia tecida ao longo dos anos, que se especializou em corromper o país e desviar a sua riqueza, que impede o desenvolvimento do país. Distorce os mercados proporcionando protecção às empresas menos competitivas que preferem apostar na corrupção a investir na inovação, na Administração Pública promove os bajuladores e corruptos em detrimento dos técnicos mais competentes e, que por isso mesmo, poderão ser potencialmente incómodos.
Desde que o BPN passou a ser notícia já se falou de meia dúzia de personalidades vindas da magistratura, do fisco e das secretas, isto é, gente com poderes mais ou menos ocultos, que por sua vez mantêm relações com muitas outras personalidades a todos os níveis do Estado. Aquilo que temos visto são só algumas pontas de uma imensa teia com poder para governar Portugal independentemente das escolhas que os portugueses fazem nas eleições.