terça-feira, dezembro 30, 2008

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Azulejos do Palácio dos Marqueses de Fronteira, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Kai Pfaffenbach / Reuters]

«A la velocidad del invierno. El suizo Andreas Kuettel en la primera ronda del torneo de salto de esquí en Oberstdorf, Alemania.» [20 Minutos]

JUMENTO DO DIA

Ana Jorge, ministra da Saúde

Não, a conferência de imprensa dada pela ministra não teve como objectivo dizer como iria fazer frente ao afluxo de feridos resultantes de alguma guerra, nem mesmo para anunciar a nacionalização do sector privado da saúde. Foi só para dizer o que o ministério iria fazer porque meia dúzia de portugueses estão com gripe, mas descansem que não é a gripe das aves, é uma gripe comum, igual à de todos os anos. Ridículo!

A DECLARAÇÃO DE CAVACO SILVA

Ainda que desnecessária, já que Cavaco Silva disse o que havia afirmado na sua primeira intervenção, a declaração do Presidente da República foi equilibrada e parece ter visado apenas a defesa da dignidade pessoal.

A verdade é que a homologação do Estatuto dos Açores acabou por ser uma derrota de Cavaco Silva face ao Parlamento, já que foi aprovado pela maioria de dois terços dos deputados, sem que o próprio PSD tivesse votado contra.

Cavaco Silva não conduziu este processo da melhor forma, resultado de um período em que Cavaco se entreteve a dar picadas no Governo, período que por coincidência correspondeu à fase inicial da liderança de Manuela Ferreira Leite no PSD. Se a "cooperação estratégica " morreu então ter-se-á que concluir que a sua morte ocorreu quando a líder do PSD usava o conhecimento antecipado das posições de Cavaco Silva como arma de arremesso contra o Governo, situação que aconteceu mesmo com a questão do estatuto.

O balanço é desastroso para Cavaco Silva, não conseguiu ajudar Manuela Ferreira Leite, que apesar do seu empurrãozinho continua em queda nas sondagens, viu o estatuto promulgado e comprometeu uma futura reeleição.

AVES DE LISBOA

Melro-preto [Turdus merula], Cidade Universitária

E SE AUTOEUROPA FOR VÍTIMA DA OPERAÇÃO DE RESGATE DE DETROIT?

«Por onde andarão os nossos anti-americanos de serviço? Talvez a época festiva ajude a explicar, mas é estranho que deles não se tenha ouvido um protesto sonoro quando, recentemente, a Administração Bush, com o apoio do Presidente eleito Barack Obama, decidiu "salvar" a indústria automóvel de Detroit. É que, ao subsidiar com muitos milhares de milhões de dólares grupos industriais decadentes, que fabricam veículos altamente poluentes e suportam todas as extravagâncias dos sindicatos, a Administração norte-americana está a subsidiar os concorrentes da única grande fábrica de automóveis portuguesa, a Autoeuropa. Alguns dos empregos que não se perderam ou perderão em Detroit porque a Ford e a General Motors vão ser generosamente subsidiadas podem vir a ser perdidos em Portugal.» [Público assinantes]

Parecer:

Por José Manuel Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

SEM ÉTICA NÃO HÁ CONFIANÇA

«O capitalismo baseia-se na confiança. O mercado precisa de leis: contra o que pensavam alguns ultraliberais, não há mercado sem Estado. Mas não basta. Para o sistema funcionar tem de haver uma cultura de confiança, acreditar nas pessoas e nas instituições com quem se faz uma qualquer transacção.

Nas economias colectivistas tudo é (ou era) regulado, controlado, dependente de autorizações estatais. Em menor grau, o mesmo acontece em países, como Portugal, onde é enorme o peso da burocracia do Estado na vida das pessoas e das empresas. Por isso essas economias são pouco eficientes, ao contrário daquelas onde é elevado o grau de confiança, dispensando burocracias.

O problema actual é ter-se evaporado a confiança. Os bancos não confiam nos outros bancos. Não confiam, até, em si próprios - por isso receiam dar crédito, não vá acontecer terem dificuldade em captar fundos (depósitos e sobretudo créditos estrangeiros) a custo razoável. Entre nós já aconteceu com a CGD, apesar do aval do Estado, que assim teve de a financiar. O negócio dos bancos é emprestar dinheiro. Se o não fazem, não é por ganância, é por medo.

Nada pior poderia ter acontecido nesta conjuntura de desconfiança geral do que o caso Madoff, uma burla tipo D. Branca à escala mundial, envolvendo cerca de 50 mil milhões de dólares. O drama não é existirem burlões, que os haverá sempre, embora Madoff fosse "especial": muito respeitado em Wall Street, antigo presidente do Nasdaq, filantropo, há décadas dono de uma empresa familiar onde só por convite se podia investir dinheiro e receber as altas remunerações que Madoff oferecia.

O pior deste caso é tanta gente supostamente séria e competente ter durante tanto tempo acreditado em Madoff, que utilizava o clássico e nada sofisticado esquema da pirâmide (remunerar os capitais investidos com a entrada de novos capitais). Isto lança uma terrível dúvida sobre a idoneidade e a competência dos gestores das instituições financeiras.

Não há confiança sem um grau razoável de vigência de princípios éticos, porque as leis e os reguladores dos mercados não podem evitar todas as fraudes. Sobretudo desde o colapso do comunismo, ficando o capitalismo como único sistema viável, a ética começou a ser marginalizada no mundo dos negócios. Muitos agentes económicos e financeiros deslumbraram-se e deixaram de admitir limites.

As aldrabices que levaram à falência de grandes empresas como a WorldCom ou a Enron (esta provocando o desaparecimento da auditora multinacional Arthur Andersen) foram um sinal de que alastrava o vale-tudo para ganhar dinheiro. O mesmo se diga das obscenas remunerações auferidas por muitos gestores, frequentemente sem relação com a performance a longo prazo das empresas. Entre nós, tivemos o (mau) exemplo do BCP, além de outros.

Pouco ética foi, também, a irresponsabilidade com que gestores financeiros, recebendo chorudos bónus e comissões, aplicaram o dinheiro que lhes era confiado. Nos EUA a remuneração média dos operadores no sector de investimentos, títulos e contratos de matérias-primas foi em 2007 quatro vezes superior à remuneração média do resto da economia. No entanto, essa gente andou muitas vezes a vender ilusões ou meros ganhos imediatos que depois se esfumariam.

A visão imediatista que se instalou nos mercados financeiros é consequência de uma imoral avidez pelo lucro fácil e rápido. Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz (1 de Janeiro), Combater a pobreza, construir a paz, Bento XVI diz que "uma actividade financeira confinada ao breve e brevíssimo prazo torna-se perigosa para todos, inclusivamente para quem consegue beneficiar dela durante as fases de euforia financeira". E essa lógica "reduz a capacidade de o mercado financeiro realizar a sua função de ponte entre o presente e o futuro: apoio à criação de novas oportunidades de produção e de trabalho a longo prazo".

Julgo que o fundamento da moral não está na sua utilidade social. Mas não há dúvida de que, sem princípios éticos aceites e praticados pela sociedade, a actividade económica emperra. Por isso não é moralismo fácil concluir que a presente crise evidenciou a importância da ética na economia e nas finanças. É mero realismo. Se não são decentes por virtude, ao menos que o sejam pelo seu próprio interesse bem compreendido.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Francisco Sarsfield Cabral.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PGR ALARMISTA

«O Procurador-Geral da República (PGR), Pinto Monteiro, avisou esta segunda-feira para “uma explosão de violência” em 2009, através do crescimento do número de casos de criminalidade violenta.

Em declarações à ‘Rádio Renascença’, Pinto Monteiro considerou que, fruto da conjugação dos dois fenómenos que mais o preocupam, o desemprego e a exclusão social, “a criminalidade violenta, que é aquela que pode atingir qualquer cidadão indistintamente, está a aumentar no mundo e também vai aumentar em Portugal”. » [Correio da Manhã]

Parecer:

A verdade é que essa explosão já começou em 2008 e alguns magistrados deram uma ajudinha ao libertarem muitos criminosos para terem razão na sua luta contra as alterações do código do processo penal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao PGR se tem dados para fundamentar a relação que estabelece entre a economia e a criminalidade. Pergunte-se também se não acha que o ambiente de impunidade, contra o qual ele próprio se bate, não terá alguma influência. Um bom exemplo é o que nos é dado pela notícia de um homicídio que vai ficar em casa apesar de ter degolado uma mulher para roubar 200 euros.»

«Dulce Moreira, de 44 anos, foi degolada para lhe roubarem 200 euros. A investigação a cargo da Polícia Judiciária de Coimbra permitiu chegar ao autor do homicídio, um homem de 45 anos, residente também em Viseu, que o Ministério Público entendeu que devia aguardar julgamento em casa. Vai passar o Ano Novo com a família e à porta, ao frio, vai ter dois elementos da GNR para evitar que fuja. » [Correio da Manhã]

AUTARQUIAS NÃO PAGAM DESPESA DO MAGALHÃES

«As câmaras municipais recusam pagar a factura do acesso à internet do Magalhães, como pretendia o Governo. As Direcções Regionais de Educação do Norte e Centro enviaram propostas por escrito a todas as autarquias para que estas pagassem o acesso dos alunos à Net em casa, o que implica o pagamento, em média de 50 euros pelo modem e 250 por cada ligação. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Compreende-se, num ano de eleições cada um que pague as suas despesas eleitorais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

ILEGALIDADE, DIZ O SARGENTO

«Agora, Esmeralda só regressa a casa do sargento Luís Gomes e de Adelina Lagarto no dia 5, quando começam as aulas. Até lá, a defesa dos pais afectivos da menina deve lutar para antecipar o seu regresso. Sem revelar o teor do recurso, Luís Gomes adianta ao DN a estratégia para recuperar a filha adoptiva: "Vamos tentar provar em tribunal que esta situação é ilegal." Segundo Luís Gomes, "o despacho [que adiou a entrega de Esmeralda] está ferido de legalidade".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Isto começa a ser hipocrisia a mais, ilegalidade foi a forma como o sargento se apropriou da paternidade de uma criança, violando todas as regras e desobedecendo à decisão do tribunal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se a decisão do tribunal e sugira-se ao sargento que tente uma adopção segundo as regras e de preferência de uma criança que não seja oferecida numa pastelaria ou que tenha um pai que queira assumir o direito à paternidade.»

A ANEDOTA DO DIA

«A primeira prioridade será, contudo, o saneamento financeiro, um drama que "decorre de um tempo anterior à gestão do PSD na câmara". Sem este problema resolvido, qualquer programa "será mera demagogia" e o PSD pretende obrigar o Governo a resolvê-lo, pelo menos parcialmente: "É preciso chamar o Governo à responsabilidade que tem na capital."» [Diário de Notícias]

Parecer:

É ridículo o responsável do PSD em Lisboa defender que o saneamento financeiro da CML é a prioridade da candidatura de Santana Lopes e defender que deve ser o Governo a resolver o problema.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a competente gargalhada.»

2009 COMEÇARÁ UM SEGUNDO MAIS TARDE

«O ano de 2008 será acrescentado em um segundo, adiando por essa fracção de tempo a passagem para 2009. O marca-passo é feito nos relógios atómicos das entidades que, em cada país, têm a responsabilidade de zelar pela hora-padrão. No caso português, o Observatório Astronómico de Lisboa.

Segundo explicou ao JN o director do Observatório, este atraso em um segundo torna-se necessário para nos sincronizarmos melhor com a velocidade de rotação da Terra. Disse-nos Rui Agostino que a divisão do tempo dos dias e noites no nosso planeta em horas, minutos e segundos distribuídos por um ano foi feita e acordada em 1820. Desde então, no entanto, a rotação da Terra foi ficando mais lenta e os 86.400 segundos das 24 horas podem não corresponder exactamente ao tempo de uma rotação da Terra . A diferença, para mais, no tempo de rotação da Terra sobre si própria implicaria um notório desacerto, caso se fosse acumulando.» [Jornal de Notícias]

ESTADO VAI DEIXAR DE PUBLICAR ANÚNCIOS EM JORNAIS

«Os anúncios da administração pública vão deixar de ser obrigatoriamente publicados na imprensa, segundo um decreto-lei que o Governo está a ultimar e a que o PÚBLICO teve acesso. O Estado deverá poupar mais de dez milhões de euros por ano, mas a decisão é encarada com apreensão pelas empresas jornalísticas.» [Público assinantes]

Parecer:

Desta vez os jornalistas vão ser defensores da despesa pública.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

O PRÍNCIPE EDUARDO DE INGLATERRA TAMBÉM BATE NO CÃO

«El príncipe Eduardo de Inglaterra se ha topado con los grupos defensores de los derechos de los animales, que le han criticado tras difundirse fotos en la que el hijo menor de la reina Isabel II aparece golpeando supuestamente a un perro.

Varias imágenes publicadas por la prensa británica muestran a Eduardo, de 44 años y conde de Wessex, con ropa de caza, una escopeta bajo el brazo y un palo que agita cerca de la cabeza de un perro enzarzado en una pelea con otro can. Al parecer, los animales se disputaban un faisán muerto durante una cacería en la finca de Sandringham (sureste de Inglaterra), donde la Familia Real pasa tradicionalmente la Navidad, tal y como recoge el diario ABC [20 Minutos]

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. O "Kontrastes" considerou O Jumento um dos melhores blogues. Obrigado.
  2. O "PortalLisboa" passou a constar na lista de Links.
  3. O "Alcáçovas" pescou um cartoon que foi publicado no Expresso.
  4. O "De Cara ao Vento" destacou o post "entreajuda".
  5. O "Câmara de Comuns" pescou uma imagem.
  6. O "Cu-Cu" pescou uns cartazes do Greenpeace.
  7. A "Associação Portuguesa de Cultura Afro-Brasileira" passou a contar na lista de Links.

UM ABRAÇO ESPECIAL DO CAFÉ MARGOSO

Para um blogue como O Jumento que tem coleccionado inimigos de estimação em todos os quadrantes políticos um dos aspectos mais positivos deste percurso blogosférico é o número de amizades que se estabelecem, quer com visitantes, quer com outros blogger. Aqui chegam gestos e manifestações de amizade de todo o mundo onde se falam português.

Mas na blogosfera a língua portuguesa está longe de ser uma pátria, talvez porque muitos blogger estejam mais empenhados em fama ou em olhar para o umbigo do que ultrapassar fronteiras, talvez por isso nos passe à margem a qualidade dos blogues que existem em países como o Brasil ou Cabo Verde.

A visita a Cabo Verde é obrigatória e já que a ida implica uma viagem de avião, então que se sinta o pulsar da cultura daquele arquipélago nos seus blogues e um dos melhores exemplos é o "Café Margoso", um blogue do João Branco que decidiu distinguir O Jumento.

Para o João vai um obrigado e um abraço do tamanho do oceano que ao mesmo tempo que nos une também nos separa, mas que por maior que seja não há distância que seja superada pela ponte de uma língua.

NO "VD CARTOONS"

UM ANO EM 40 SEGUNDOS

ALEKSANDER SLYADNEV

PACMAN

APSI - ASSOCIAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA SEGURANÇA INFANTIL