Ao contrário do que sucede com os outros partidos o PCP pouco investe nas campanhas eleitorais, lá coloca aqueles plásticos horríveis nos candeeiros, pinta umas paredes com a sigla da sua falsa coligação, faz uns comícios, produz os tempos de antena e pouco mais.
A verdadeira campanha eleitoral do PCP é feita muito antes, usando os sindicatos do costume e mais alguns envolvidos por alguma reforma lançada pelo governo. Sem gastar um tostão, até porque os tempos estão difíceis para as contas da Soeiro Pereira Gomes, o PCP faz a campanha mais cara dos partidos portugueses, uma campanha que nesta legislatura já custou várias dezenas de milhões de euros.
Veja-se o exemplo do pessoal da limpeza da Câmara Municipal de Lisboa, que deverão ser dos trabalhadores de Lisboa que menos ganham, vão fazer uma greve de quatro dias, isso mesmo, quatro dias que com o feriado e o domingo dão uma semana. Para quê? Não é por causa das carreira, nem da avaliação, nem mesmo dos vencimentos, segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) os trabalhadores estão muito incomodados por causa da intenção do presidente da autarquia de entregar a limpeza de duas zonas da cidade a privados. O seu amor pelo lixo de Lisboa é tão grande que mais ninguém o pode limpar? E para protestar não bastaria um ou dois dias de greve?
É evidente que o que está em causa é o poder do sindicato e, em consequência, dos controleiros do PCP na CML. Promove-se uma greve que a maioria dos trabalhadores teme furar, escolhe-se uma semana que torne o inútyil em aparentemente agradável e aí está Lisboa cheia de lixo para começar a temporada eleitoral autárquica. Auto-marginalizado na autarquia o PCP que não está agradado com a evolução das alianças decide fazer a sua própria campanha, mas à custa do ordenado dos trabalhadores mais pobres de Lisboa.
É evidente quem nem os vereadores do PCP que irão mostrar a sua solidariedade, nem os dirigentes sindicais prescindirão dos seus vencimentos, os sindicatos nada dão, limitam-se a receber quotas que pagam a organização e as mordomias dos seus dirigentes, enquanto as lutas são financiadas pelos trabalhadores. Mas vá lá, são uns dirigentes sindicais muito compreensivos, escolheram o mês do subsídio de Natal para que os trabalhadores não tivessem de passar fome.
Se prestarmos atenção são sempre os mesmos sindicatos a fazerem as greves da campanha eleitoral do PCP, os dos transportes públicos (até pararam em solidariedade com os professores), de grupos profissionais da Administração Pública, de algumas empresas públicas como os CTT e pouco mais, nem um do sector privado! Para que o PCP cumpra a sua agenda eleitoral são chamados à vez para lutas laborais, nem que sejam falsas lutas como esta dos trabalhadores da limpeza, são os trabalhadores que suportam os elevados custos de uma campanha política caríssima pois aos senhores do PCP não custam nem um tostão, são os trabalhadores que suportam tudo.