terça-feira, dezembro 23, 2008

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Castelo de Almourol

IMAGEM DO DIA

[Antonio Lacerda / EFE]

«Belleza y guerra. Unas mujeres se bañan en la playa de Copacabana, con un navío de guerra al fondo dispuesto para la seguridad de la visita del presidente de Francia, Nicolas Sarkozy.» [20 Minutos]

JUMENTO DO DIA

Marcelo Rebelo de Sousa. Conselheiro de Estado

Ainda que o estatuto dos membros do Conselho de Estado não estabeleça quaisquer regras de ordem deontológica para os membros daquele órgão é de esperar que tenham um comportamento que respeite a imagem do órgão e dos seus membros. É evidente que os membros do CE têm direito à opinião e à liberdade de expressão, mas deveriam evitar críticas ou reparos às posições do Presidente da República e ainda mais promover um conflito institucional.

Se Marcelo é conselheiro deve guardar os conselhos a Cavaco Silva para as relações com o Presidente da República, não sendo muito construtivo que use as suas tribunas pessoais na comunicação social para aconselhar Cavaco Silva a vir a público assumir um conflito institucional com o primeiro-ministro a propósito do Estatuto Político-Administrativo dos Açores.

Além disso, também se espera de um conselheiro que não seja ignorante como o revela Marcelo ao referir-se a Sócrates no contexto da aprovação do Estatuto Político-Administrativo dos Açores como "primeiro-ministro". O Estatuto foi aprovado por maioria de dois terços no Parlamento e o Sócrates primeiro-ministro não foi tido nem achado, o Sócrates secretário-geral do PS sim que deverá ter tido um papel activo. Aliás, quando o Presidente da República tomou uma posição pública sobre o assunto dirigiu-se aos deputados, isto é, a haver conflito é com os deputados que aprovaram o Estatuto e seria muito grave que Cavaco assumisse um conflito público com os que representam o povo. Digamos que o regime não regressou aos tempos da monarquia absolutista.

Se Cavaco escolheu Marcelo para Conselheiro de Estado é porque os seus conselhos são considerados de valor, esperemos que Marcelo os dê no momento e local próprio e que ao dá-los esteja mais preocupado com o funcionamento regular da democracia do que com a intriga politiqueira que tanto parece apreciar.

OS BANCOS E AS DIFICULDADES NO ACESSO AO CRÉDITO BANCÁRIO

Começa a ser evidente que as dificuldades no acesso ao crédito são maiores para as empresas do que no sector do consumo, onde se praticam taxas mais elevadas e o risco é menor, mais tarde ou mais cedo as famílias pagam os seus créditos, o mesmo não sucedendo com as empresas que declarem falência. A única excepção no sector do crédito às famílias é o crédito `habitação, mas porque os bancos encontram dificuldades em revender esse crédito.

Não admiraria nada se 2009 viesse a ser um excelente ano para a banca, conseguem dinheiro mais barato graças ao aval do Estado e vendem-no com spreads mais elevados com o argumento da crise financeira, concentrando a actividade bancária nos mercados mais lucrativos.

EU CONFESSO: JÁ PISEI A CARA DE BUSH

«Bush filho foi além do pai e invadiu Bagdad. Contudo, faltou-lhe o mandato da ONU. Derrubou Saddam, mas deixou o Iraque entregue à guerra entre sunitas e xiitas e transformado em paraíso da Al-Qaeda. Conseguiu que os iraquianos em vez de um Bush odiassem dois e também todos os americanos. E quem quiser perceber porquê, nem precisa de ler ensaios, apenas As Sirenes de Bagdad, de Yasmina Khadra. Há dias, um jornalista iraquiano tentou atingir Bush com sapatos. Na cultura árabe, o pó das solas no rosto é o maior desprezo que se pode exibir. O que aconteceu foi um acto de raiva, proibido a um jornalista e erra quem tenta criar um herói. Graças à agilidade do Presidente, perdeu-se a oportunidade de testar algo que sempre se tem dito de Bush filho: que tem cara de pau.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Leonídio Paulo Ferreira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ESTÃO A SER INVESTIGADAS RELAÇÕES ENTRE CTT E BPN

«A anterior administração do CTT ajudicou a uma empresa do Grupo BPN/SLN um contrato de fornecimento e manutenção de viaturas ao arrepio de vários pareceres internos. A decisão foi alicerçada num estudo feito por uma empresa, a AutoAliança, que foi constituída no dia seguinte à decisão do conselho de administração dos CTT de abrir o procedimento para a aquisição dos carros. Ainda por cima, o pacto social da AutoAliança refere como objecto da sociedade a "formação, consultadoria e prestação de serviços na área da informática" e nada sobre gestão de frotas.» [Diário de Notícias]

Parecer:

A criação de uma empresa no dia seguinte a se saber da intenção dos CTT de procederem a uma aquisição coincide com o modus operandi típico das redes de corrupção assentes numa teia de amizades que domina a sociedade.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se.»

DOENTES ONCOLÓGICOS ESPERAM CINCO SEMANAS PELOS MEDICAMENTOS

«Há doentes com cancro que esperam entre quatro e cinco semanas para ter acesso aos medicamentos de que necessitam. O problema afecta os remédios oncológicos que ainda não foram aprovados em Portugal, e para os quais é necessária uma autorização excepcional do Infarmed. Entre o pedido do oncologista e a chegada ao doente "passam-se cinco semanas", diz António Araújo, oncologista do Hospital de São João. » [Diário de Notícias]

Parecer:

O grande problema do SNS é a má gestão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mudem-se os métodos de gestão do SNS.»

SINDICATOS DOS PROFESSORES DIVIDIDOS?

«A Federação Nacional dos Sindicatos de Educação (FNE) e o Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep) dizem "sim" à reunião de amanhã com o Ministério da Educação (ME) para calendarização das negociações. Já a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) responde "nim". Discordam da data e das matérias, mas só hoje anunciam a decisão e depois de entregarem ao secretário de Estado adjunto da Educação "o maior abaixo-assinado de sempre". Exigem "a suspensão da avaliação e a revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD)". » [Diário de Notícias]

Parecer:

É evidente que a agenda da Fenprof vai muito para além da defesa do interesse dos professores e mais tarde ou mais cedo isso levará ao seu isolamento, os direitos dos professores estão acima dos objectivos partidários de Mário Nogueira ou dos tais "independentes".

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se.»

PROTESTO ORIGINAL DO PND NA MADEIRA

«O Partido da Nova Democracia (PND) distribuiu esta segunda-feira 7.500 euros pelos reformados numa acção de protesto pelo sistema de financiamento dos Grupos Parlamentares e partidos aprovado no dia 16 na Assembleia Legislativa da Madeira.» [Correio da Manhã]

Parecer:

A iniciativa é original mas não será degradante?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se que da próxima a verba seja entregue a uma ONG que combata a pobreza.»

A ESPERTEZA DE MARCELO

«Marcelo Rebelo de Sousa considera que não convém nem ao primeiro--ministro nem ao Presidente da República afirmar, publicamente, que há uma tensão institucional, a propósito da reconfirmação, no Parlamento, do Estatuto Político-Administrativo dos Açores. "Quem vier dizer que não está a correr bem fica responsável. Fica o mau da fita", declarou ontem ao CM o professor e comentador político. » [Correio da Manhã]

Parecer:

à falta de oposição Marcelo sugere não só um conflito entre Sócrates e Cavaco Silva como ainda quer que haja espectáculo público.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Marcelo que se comporte à altura do estatuto de Conselheiro de Estado.»

MANUELA FERREIRA LEITE AGORA É CONTRA O CRÉDITO ÀS EMPRESAS

«A crítica de Ferreira Leite é contundente: “Isto revela uma óptica completamente errada na forma de encarar a crise. As linhas de crédito são abertas o que faz com que as empresas se endividem ainda mais. Ora, o que é preciso é ‘desendividá-las’. E aliás, não só as empresas não se ‘desendividam’ como está a simular-se uma ajuda que na realidade não existe”, explica a presidente social-democrata. Segundo a economista, basta ver o que acontece nas empresas em épocas de crise para compreender o motivo pelo qual não funcionam as linhas de crédito que o Governo criou. O primeiro sintoma dos problemas é, invariavelmente, deixarem de pagar à Segurança Social e ao Fisco. Ora, isso basta para que não sejam elegíveis para os empréstimos, por terem dívidas ao Estado. Uma pescadinha de rabo na boca. » [Diário Económico]

Parecer:

Manuela Ferreira Leite não sabe o que diz evidenciando ter uma visão muito estrita do crédito, esquece que para exportar é necessário, para produzir encomendas, para receber adiantamentos sobre facturas e muitas outras operações é necessário o recurso ao crédito. Sem acesso ao crédito a maioria das empresas não funcionam.

O argumento das dívidas ao Estado é falível, na maior parte dos casos não são consideradas boas operações de crédito e, tanto quanto se sabe, nada impede que uma empresa com dívidas ao Estado seja elegível para obter um crédito bancário.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se a ignorância de Manuela Ferreira Leite.»

CAVAQUISTAS ACHAM QUE HÁ MOTIVOS PARA DISSOLVER O PARLAMENTO

«Miral Amaral, João de Deus Pinheiro e Azevedo Soares estão indignados com o conflito provocado por Sócrates por causa do Estatuto dos Açores. Cavaco tem razões para dissolver a Assembleia da República, mas terá de optar pela estabilidade.

Três antigos ministros de Cavaco Silva contactados pelo Jornal de Notícias estão convictos de que José Sócrates está a provocar o Presidente da República e a forçar uma crise política artificial. Admitem que a dissolução da Assembleia da República pode ser justificada com a alteração dos poderes presidenciais explícita no novo Estatuto dos Açores, mas reconhecem que dificilmente Cavaco tomará uma decisão dessa amplitude em plena crise social, económica e financeira.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Se uma discordância entre os deputados e Cavaco serve para este dissolver o parlamento porque razão não pode o Parlamento demitir Cavaco pelos mesmos motivos. Afinal de contas foi Cavaco que iniciou o conflito e fê-lo da pior forma, exercendo pressão pública sobre o Presidente da República.

O curioso da posição destes cavaquistas é a hipocrisia de dizerem que Cavaco não deve dissolver o parlamento por causa da crise económica, eles sabem muito bem que se as sondagens dessem uma maioria ao PSD defenderiam o contrário, o mesmo que Cavaco fez com o governo do Bloco Central e nesses tempos a economia nem estava grande coisa. Só que se Cavaco dissolvesse o Parlamento e o PS ganhasse as eleições pouco tempo depois haveriam eleições presidenciais e muito provavelmente o cavaquismo morreria definitivamente.

A sua preocupação com a crise económica equivale a um "agarra-me senão bato-lhe!".

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Recorde-se que o Estatuto foi votado favoravelmente pelo PSD por duas vezes e na última votação o mesmo partido, agora liderado precisamente por cavaquistas, não votou contra, registando-se mesmo o voto favorável dos deputados açorianos.»

CRISE, QUAL CRISE?

«Alguns dos destinos mais procurados para o final de ano esgotaram. À primeira vista, parece que a crise económica não afectou o gosto dos portugueses pelas viagens, mas a verdade é que a oferta também diminuiu este ano.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

A crise não bate a todas as portas de igual modo, aliás, as assimetrias na distribuição leva a que haja quem ganhe mais em tempos de crise.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Estude-se o tema.»

ANTÓNIO COSTA CONSIDERA DESNECESSÁRIO O NOVO MUSEU DOS COCHES

«“Uma das razões apresentadas para a sua transferência para o novo edifício relaciona-se com o facto de, nas actuais instalações, não ser possível aumentar o número de visitantes. Mas uma vez que se trata de um museu mais visitado do país, considero que não vale a pena mexer-lhe”, observou o autarca, na reunião de câmara que está a decorrer – embora tenha afirmado que não tenciona inviabilizar o projecto do Governo.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Também não me parece que faça assim tanta falta e muito menos se comparado com outras carências no domínio cultural como seja, a título de exemplo a preservação do património.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Questione-se o ministro da cultura.»

SIMPLIFICAÇÃO NÃO PARA BOICOTE ÀS AVALIAÇÕES

«A maior parte dos conselhos executivos (CE) continua sem avançar com o processo de avaliação dos professores, confirmou ontem ao PÚBLICO o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira. O sindicalista acrescentou que, nestes últimos dias, à Federação Nacional dos Professores chegaram apenas três registos em contrário, ou seja, de escolas onde os CE terão solicitado aos professores que assumam, por escrito, se recusam ser avaliados ou, caso contrário, dêem seguimento aos procedimentos obrigatórios para que a avaliação vá por diante. » [Público assinantes]

Parecer:

Esta situação era de esperar, os professores julgam-se donos das escolas e consideram os conselhos executivos como seus representantes. Mau ou bom a avaliação deve avançar como está na lei e quem achar que está à margem da sua aplicação deverá sujeitar às consequências, como sucede com qualquer cidadão deste país. No caso particular dos conselhos executivos deverão ser demitidos e os seus membros respondem em processo disciplinar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aplique-se a lei.»

DOUANIER

ABU DHABI AIRPORTS COMPANY