Doze mortos, quarenta e nove feridos graves e trezentos e setenta e oito feridos ligeiros.
Não, Portugal não foi vítima de nenhum ataque de mísseis Qassam, as tropas portuguesas no Afeganistão envolvidas em cenários de guerra são em número inferior ao das vítimas, portanto também não fomos atacados pelos talibans, nem a Espanha resolveu acabar com as tréguas da Guerras das Laranjas, da qual resultou a anexação dos territórios de Olivença.
Foi o resultado da guerra civil nas estradas portuguesas durante a quadra de Natal, durante a qual ocorreram mil, trezentos e quatro acidentes. São muitas famílias enlutadas e confrontadas com as consequências familiares e económicas da morte de um dos seus, são centenas de viatura destruídas, dezenas de camas hospitalares ocupadas com feridos graves, alguns dos quais acabarão pró falecer, e centenas de atendimentos nos serviços de urgência dos hospitais.
Pois, os portugueses devem estar mesmo doidos e se não estão comportam-se como tal.
Não respeitam nenhum limite de velocidade como se a sua virilidade fosse medida no conta-quilómetros, não se importando com o aumento da despesa em, combustíveis nem com o risco de irem parar ao hospital ou mesmo ao cemitério. O preço do combustível está alto e os juros do crédito automóvel estão pela hora da morte? Pouco importa, ninguém cumpre as regras de trânsito e muito menos os limites de velocidade, é tudo a abrir que nem uns desalmados.
A estes acidentes teremos que acrescentar os que vão ocorrer com a passagem do ano, altura em que os portugueses aproveitam para uma demonstração da sua virilidade provando que nem o álcool lhes afecta as capacidades.
Estes acidentes resultam em custos económicos bem mais elevados e sociais bem mais elevados do que a pistolada dos matulões da escola do Cerco, têm custos para o SNS muito mais elevados do que o Estado vai gastar a mais com a gestão pública do hospital Amadora-Sintra, têm um custo para o OE bem superior ao de algumas medidas simpáticas adoptadas em ano de eleições. Mas os portugueses, desde o cidadão comum ao político, pouco se importa, é na estrada que descarregamos as frustrações, fortes ou fracos todos podemos carregar no acelerador, podemos desafiar qualquer desconhecido para um duelo na estrada.
Os portugueses devem estar mesmo loucos ou, talvez, parvos!