sexta-feira, julho 31, 2009

De nobre a pobre povo

O país tem problemas graves cuja solução obriga a reflexão, debate e escolhas, a sus superação impõe a adopção de medidas, fazer opções, assumir os custos. Temos um mundo rural que se vai afundando no subdesenvolvimento, temos um problema energético que pões em causa o progresso num horizonte temporal de médio prazo, temos graves problemas ambientais, tudo isto para além dos problemas que habitualmente ocupam o debate político, como, por exemplo, o défice público.

As eleições são um momento de debate e reflexão ou, melhor, deveriam sê-lo, aquilo a que assistimos é a uma boa parte da classe política mais preocupada com o tacho ou com vinganças ideológicas do que com em encontrar soluções.

Chega-se ao cúmulo de termos uma política de qualidade duvidosa que ambiciona chegar ao poder praticando o silêncio ou intervindo apenas em reuniões de amigos, onde pode dizer os disparates que entender pois ninguém lhe leva a mal.

À esquerda salva-se o PCP, concorde-se ou não com as suas propostas defende um projecto coerente, ainda que alguns defendam a sua exclusão da vida política insistem nas suas propostas. O Bloco de Esquerda não tem projecto, não tem soluções, não tem propostas credíveis, limita-se a propor aos portugueses falsas soluções, diz o que a ignorância quer ouvir.

A caça ao voto faz-se sem sequer se manter as aparências, fala-se em função do voto, assistimos a uma vaga do populismo mais oportunista de que tenho memória. A caça ao voto chegou ao ponto de se tentar intimidar os que pretendem votar no outro partido, tenta-se, em particular, condenar que tencione votar no partido do governo. Já não basta criticar os adversários políticos, agora intimida-se o eleitor.

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Painel de azulejos, Alcoutim

JUMENTO DO DIA

Pinto Monteiro

Se seguir um velho princípio muito apreciado e defendido pelos magistrados segundo o qual devemos confiar na justiça, terei de concluir que Fátima Felgueiras, que a acusação que lhe foi dirigida pelo Ministério Público foi uma falsidade ou um erro e que a autarca de Felgueiras foi vítima de uma perseguição por parte dos magistrados do Ministério Público. Isto se o princípio tanto se aplicar nos casos de culpa, como nos casos de inocência, embora alguns magistrados mais mediáticos o usem com mais frequência quando os cidadãos desconfiam dos processos.

Há outra interpretação possível do resultado do julgamento do Ministério Público, a de que Fátima Felgueiras é mesmo culpada e o Ministério Público foi incapaz de o provar. Nesse caso ou a autarca foi mais inteligente do que os magistrados ou estes foram incompetentes ou mais burros que Fátima Felgueiras. Como neste caso os sindicalistas não se queixaram de pressões, falta de meios e tentativa de influência por parte do poder político e o caso não envolvia teias complexas de offshores terei que concluir que os magistrados fizeram o que puderam. Pelos vistos não provaram a culpa da autarca o que significa que não tinham provas consistentes.

Começa a ser tempo de Pinto Monteiro se deixar de vaidades na comunicação social e explicar porque razão o Ministério Público falha tantas vezes, porque motivo ó Ministério Público condena tão facilmente cidadãos na praça pública e depois é incapaz de provar a sua culpa em tribunal.

Seria interessante saber quanto é que o Processo Fátima Felgueiras custou ao país, quando o senhor Palma vier falar de falta de meios atirávamos-lhe à cara o custos dos falhanços do Ministério Público.

O MARTINHO DA ARCADA VAI FECHAR?

A verdade é que se o Martinho não fechar por causa da Carris vai acabar por morrer com a Baixa, é o resultado das megalomanias autárquicas concebidas por gente que parece querer correr com os lisboetas da Baixa. O argumento é o trânsito mas a verdade é que não há nenhum autarca que vá para o emprego a pé, andam sempre atarefados demais, essa coisa de governante ter tempo para respeitar as regras de trânsito ou andar a pé é coisa de nórdicos.

As alterações ao trânsito na Baixa visaram correr com os lisboetas com esta zona de Lisboa, o que se passa na Rua da Alfândega é uma vergonha, tudo foi feito a pensar na Carris cujos autocarros circulam a alta velocidade, houve uma total falta de respeito pelos comerciantes e pelos peões. As esplanadas foram transformadas em infernos e atravessar a rua tornou-se um risco de morte pois o senhor presidente da Câmara esqueceu-se de instalar passadeiras e sinais de passagem de peões.

Depois de terem transformado a Baixa em residência dos sem-abrigo chegou a hora de correr com os lisboetas incómodos, a Baixa foi reservada para os turistas dos paquetes que ali vão passear e ver os indígenas e pouco mais compram do que uma água, se não a leva do barco ou a compram numa mercearia de um chinês.

AVES DE LISBOA

Patos-reais [Anas platyrhynchos]
Local: Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

FLORES DE LISBOA

Na Tapada da Ajuda

ABJURAÇÃO

«Aquem possa interessar: Eu, Galileu Galilei, filho do falecido Vincenzo Galilei, de Florença, com 70 anos de idade, tendo sido trazido pessoalmente ao julgamento e ajoelhando--me diante de vós, eminentíssimos e reverendíssimos cardeais-inquisidores-gerais da comunidade Cristã Universal contra a depravação herética, tendo frente a meus olhos os Santos Evangelhos, que toco com as minhas próprias mãos, juro que sempre acreditei e, com o auxílio de Deus, acreditarei de futuro, em cada artigo que a sagrada Igreja Católica de Roma sustenta, ensina e prega. Mas porque este Sagrado Ofício me ordenou que abandonasse completamente a falsa opinião, a qual sustenta que o Sol é o centro do mundo e imóvel, e proíbe abraçar, defender ou ensinar de qualquer modo a dita falsa doutrina. ?…? Eu desejo remover da mente de Vossas Eminências e da de cada cristão católico esta suspeita correctamente concebida contra mim; portanto, com sinceridade de coração e verdadeira fé, abjuro, maldigo e detesto os ditos erros e heresias, e em geral todos os outros erros e seitas contrários à dita Santa Igreja; e eu juro que nunca mais no futuro direi, ou afirmarei nada, verbalmente ou por escrito, que possa levantar semelhante suspeita contra mim, mas se eu vier a conhecer qualquer herege ou qualquer suspeito de heresia, eu o denunciarei a este Santo Ofício ou ao inquiridor Ordinário do lugar onde eu estiver. Juro, além disso, e prometo que cumprirei e observarei todas as penitências que me foram ou sejam impostas por este Santo Ofício. Mas se por acaso eu vier a violar qualquer uma de minhas ditas promessas, juramentos e protestos (o que Deus não permita), sujeitar-me-ei a todas as penas e punições que forem decretadas e promulgadas pelos sagrados cânones e outras constituições gerais e particulares contra delinquentes assim descritos. Portanto, com a ajuda de Deus e de seus Santos Evangelhos, que eu toco com as minhas mãos, eu, abaixo assinado, Galileu Galilei, abjurei, jurei, prometi e me obriguei moralmente ao que está acima escrito, e, em fé de que, com minha própria mão, assinei este manuscrito de minha abjuração, o qual eu recitei palavra por palavra.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por José Saramago.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

VISTE AQUELA PRAIA?

«Gostei da maneira como o meu amigo Maradona justificou não ter comparecido à reunião afiascada do meu amigo Sócrates com a nata da blogosfera portuguesa. O autor do blogue A Causa Foi Modificada é geólogo e, logo, tem uma noção particularmente inteligente do tempo. Por exemplo: à pergunta "Desde quando é que o Mar do Norte separa a Inglaterra da Holanda?", a resposta correcta é: "Foi agora mesmo; há um bocadinho de nada; nem sei como reparaste; não deverias ter recebido esse mail".

Disse Maradona que lhe faltava concentração: "Normalmente consigo estar atento só o equivalente ao tempo que medeia entre a Sharon Stone se ter sentado na cadeira até que se lhe vê a rata". Nem é só porque os geólogos estão muito mal habituados a ver 4 biliões de anos num piscar de olhos.

É por ser fascinante o now you see it, now you don't que é o fundamento do strip-tease mas o ponto fraco da erosão. Ontem tomei banho numa praia abençoada que só existe quando a maré está vazia. O mar põe lá areia de um dia para o outro. Parece que é roubada do Magoito. E mais não digo, para proteger os inocentes.

Estive lá horas no mar; virado para aquela praia linda, embalado, a boiar. Quando saí, fiquei na esplanada a ler e a ver desaparecer o sítio onde tinha estado. Já não havia praia. Só rochas. Teria sonhado?

Era preciso ter prestado atenção, como Maradona a Sharon Stone, para ter dado valor. E, mais do que só acreditar, saber que era assim mesmo.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MAIS UM CASO FÁTIMA FELGUEIRAS

«O ex-presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, Fontão de Carvalho e Eduarda Napoleão vão a julgamento no caso da permuta do Parque Mayer.

Segundo apurou o CM, o Tribunal de Instrução Criminal acaba de decidir levar os ex-autarcas a julgamento, assim como outros três arguidos do processo. Estão em causa crimes de prevaricação, numa das primeiras investigações relativas à Câmara Municipal de Lisboa, e que foi levada a cabo pela 9ª seccção do Departamento de Investigação e Acção Penal.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Será mais um caso Fátima Felgueiras?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Esperemos pelo julgamento.»

MANUELA ADMITE ACORDOS SOBRE ECONOMIA

«A líder do PSD garantiu esta quinta-feira à Associação Industrial Portuguesa (AIP) que pode realizar acordos interpartidários em matérias de política económica e competitividade, mas recusou a possibilidade de pactos formais. » [Correio da Manhã]

Parecer:

Será que os vai fazer com Jerónimo de Sousa e Louçã?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Louçã e Jerónimo de Sousa se o seu empenho em levar o PSD ao governo é tanto que estão disponíveis para ajudar Manuela Ferreira Leite.»

FÁTIMAS FELGUEIRAS FOI ABSOLIVIDA

«A líder do PSD garantiu esta quinta-feira à Associação Industrial Portuguesa (AIP) que pode realizar acordos interpartidários em matérias de política económica e competitividade, mas recusou a possibilidade de pactos formais. » [Diário de Notícias]

Parecer:

E agora.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Pinto Monteiro se vai assumir toda a responsabilidade pela perseguição e difamação da autarca de Felgueiras.»

CARRIS MATOU MARTINHO DA ARCADA

«Depois de o proprietário do Martinho da Arcada, António Sousa, ter voltado ontem a reiterar a intenção de fechar o café em Dezembro, o secretário-geral da Carris disse ao DN que a empresa "está disponível, para, em conjunto com a autarquia, estudar novas formas de circulação." Luís Vale admitiu assim a hipótese de "estudar outros percursos, como os autocarros voltarem a circular na Ribeira das Naus, o que diminuirá muito o tráfego na zona do Martinho."» [Diário de Notícias]

Parecer:

O que se passa na Rua da Alfândega é uma vergonha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

BEMBA TINHA DINHEIRO NO BPN

«As autoridades judiciais de Cabo Verde estão a investigar, por suspeita de branqueamento de capitais, uma aplicação financeira de 1,7 milhões de euros realizada por Jean-Pierre Bemba numa dependência do Banco Português de Negócios (BPN) naquele país. Jean-Pierre Bemba foi vice-presidente da República Democrática do Congo e está actualmente detido à ordem do Tribunal Penal Internacional (TPI). A localização da verba foi feita durante diligências realizadas pelas autoridades portuguesas para confiscar bens de Jean-Pierre Bemba, a pedido do TPI, de forma a ressarcir as vítimas presumivelmente provocadas pelas suas tropas em 2002-2003, imputação negada pelo arguido. O depósito foi feito no BPN IFI, o braço do BPN em Cabo Verde, que foi determinante para ocultar das autoridades portuguesas a titularidade do Banco Insular, também do BPN.» [Público assinantes]

Parecer:

Este BPN mais parece uma associação de malfeitores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Divulguem-se os nomes de todos os beneficiados em negócios com o BPN nos tempos da gestão cavaquista.»

OLEG KOSIREV

OMAX LENSES

quinta-feira, julho 30, 2009

A caminho da Praia dos Três Pauzinhos

(Imagem Flickr)


À hora a que este post estiver online já deverei estar a passar a Ponte Vasco da Gama a caminho da Praia dos Três Pauzinhos. Saio da auto-estrada em direcção a Beja e a partir daí desfrutarei do ambiente desenvolvido promovido pelas estradinhas estreitas e decoradas com grossos eucaliptos, enfim, a minha modesta homenagem aos que têm saudades deste modelo de desenvolvimento económico e que ainda estão convencidos de que a fome combate-se com apetite empurrado por óleo de fígado de bacalhau.

O Jumento manter-se-á em actividade ainda que a publicação dos comentários tenha que esperar pelo fim da tarde se o sudoeste não me mandar embora da praia um pouco mais cedo. Serão quinze dias de posts temperados com poejos, orégãos, coentros e alhos, de matar saudades dos carapaus alimados sem o racionamento que noutros tempos vitimaram o Bispo de Beja quando almoçou em São Bento, de espinheta de atum, de choquinhos com tinta e, delícias das delícias, de biqueirões fritos ou mormes de atum.

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Barrancos

JUMENTO DO DIA

Paulo Campos, secretário de Estado das Obras Públicas

Se Paulo Campos convidou mesmo Joana Amaral Dias contando com a sua amizade deverá ter concluído que na extrema-esquerda a amizade pouco conta ao lado dos objectivos políticos. Se não convidou também percebeu que apesar de ser sua amiga Joana Amaral Dias mantém o silêncio.

PSD FEZ PRESSÃO SOBRE O DIÁRIO ECONÓMICO?

Li a notícia online e quando pretendia colocá-la neste post reparo que o Diário Económico manteve o título mas mudou-lhe o texto. Será porque não interessava que os portugueses lessem os disparates iniciais?

A verdade é que os disparates ditos por Ferreira Leite desapareceram e ficaram declarações que só com alguma boa vontade terão algo que ver com o título da notícia.

Aqui fica a primeira versão do texto original da notícia com o mesmo título:

«A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, declarou-se hoje contra o que chamou de "uma quase perseguição social" dos ricos, contestando a ideia de lhes "retirar determinado tipo de benefícios, de deduções fiscais".

Durante uma conferência organizada pelo jornal Diário Económico, num hotel de Lisboa, Manuela Ferreira Leite foi questionada sobre a política fiscal que defende para os próximos quatro anos.

Antes de lhe ser colocada essa questão, a presidente do PSD já tinha defendido que, "não sendo possível a curto prazo reduzir a carga fiscal, deve iniciar-se, desde já, a tarefa de simplificação do sistema fiscal".

Na resposta, Manuela Ferreira Leite reiterou que considera prioritária "a simplificação do sistema fiscal", acrescentando: "Eu penso que da simplificação do sistema fiscal pode surgir algum alívio fiscal para os cidadãos".

Considerando que "o nível fiscal está elevadíssimo para todos" em Portugal, a presidente do PSD voltou a afirmar que, se puder, baixará os impostos, embora não faça essa promessa, e afastou novamente a possibilidade de os subir: "Não há política que resista ao facto de aumentar mais os impostos, isso digo categoricamente. Há que mexer na despesa, não há que mexer na receita".

A propósito da política fiscal, Manuela Ferreira Leite considerou inaceitável "que os responsáveis políticos utilizem na sua linguagem dicotomias como ricos e pobres", afirmando que "uma política fiscal não é para perseguir nem é para fazer justiça pelas suas mãos".

"Eu discordo completamente que sejam tomadas em relação ao sistema fiscal medidas discricionárias, como, por exemplo, uma que foi anunciada ultimamente e que tem a ver com a tal linguagem dos ricos e dos pobres, dizendo que em relação aos ricos se vai retirar determinado tipo de benefícios, de deduções fiscais, e em relação aos outros provavelmente não", acrescentou.

"Mal vai o país se começa a olhar para os chamados ricos com olhos de menos consideração. Eu em relação aos ricos há apenas um sentimento que tenho e que é: tenho pena de não o ser. Fora disso, o país só progride, só todos têm vantagem que existam ricos. É bom que eles existam, é bom que dêem muitas festas, que comprem muitas coisas, porque isso dá postos de trabalho a dezenas de pessoas", considerou.

"Se nós entramos numa fase em que aquilo que é considerado rico é algo que deve começar a ser esbatido, ou seja, todos a ficarem iguais, nós caminhamos seriamente para uma senda de empobrecimento", sustentou, opondo-se a que se faça "uma quase que perseguição social relativamente a quem é considerado rico".

Manuela Ferreira Leite contrapôs que, "se tivesse de aumentar impostos, se achasse que os ricos estavam tão ricos que já não sabiam o que fazer ao dinheiro, tributava fortemente em impostos indirectos aqueles bens aos quais os ricos têm acesso", como os iates.

"Um iate se calhar devia ser altamente tributado. Agora, deixe lá o rico ir comprar o iate, não lhe tire o dinheiro antes de ele ir ao iate, porque aí tira postos de trabalho àqueles que construíram o iate", argumentou.
IEL.
Lusa»

AVES DE LISBOA

Rola-turca [Streptopelia decaocto]
Local: Campo das Cebolas

FLORES DE LISBOA

Na Tapada da Ajuda

EDUCAÇÃO PARA O ÓDIO

«A vida é o que é. Não me queixo, envelheço sem espanto e com ironia e vou-me divertindo, chateando uns tunantes que por aí andam. Lembrei-me, agora, destas historietas afáveis, ao ler alguns preopinantes de uma direita odienta, que confundem o desdém por delatores com fanatismo partidário. Os que nasceram sob Salazar foram educados para o ódio. De um e de outro lado. Porém, sempre julguei, ingenuamente, que a democracia boleasse as arestas desses ódios. Nada disso. Renasceu um movimento retardado de rancorosos, sem talento, sem grandeza e sem generosidade, mas com aleijões morais e prosa de mau hálito. Os netos de Salazar são incapazes de seguir os exemplos de Celan e de Heidegger. Porque continuadores do mais desprezível dos modelos.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Baptista Bastos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

E VOCÊ? NÃO QUER UMA REDUÇÃO DO IVA NO SEU SECTOR?

«Na recta para as eleições, o CDS encontrou uma bandeira política: a descida do IVA dos produtos e serviços dos cafés, restaurantes e afins. Motivo alegado: a competitividade do sector.

Pedir uma descida de impostos é sempre popular e esta tem ainda outra enorme vantagem política: dirige-se a um dos sectores com maior número de pequenos empresários e com centenas de milhares de empregados. Logo, há aqui muitos votos para conquistar.

A pressão feita pelo CDS, que faz eco das reivindicações antigas da AHERSP, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, deu frutos e o Ministério das Finanças já anunciou a criação de um grupo de trabalho para estudar a fiscalidade do sector.

Mas afinal qual é esse grande problema fiscal de cafés e restaurantes?

Nenhum que seja diferente do de qualquer outro sector. Antes pelo contrário: o IVA sobre a restauração já é mais reduzido desde 1996.

Hoje, quando pagamos a conta, o total inclui os 12 por cento de IVA aplicados no sector (a taxa máxima do IVA é de 20 por cento). Como em qualquer outra compra, esse imposto é pago pelo cliente final e não é despesa nem receita da empresa que o está a arrecadar. O dinheiro terá que ser entregue ao Estado, depois de feitas as contas entre o IVA pago por cada empresa nas suas compras e o cobrado aos seus clientes.

Isto partindo do princípio que o próprio restaurante ou café entrega esses montantes ao Estado e não fica com eles, porque a pergunta "deseja factura?" não é inocente, é muito frequente e pode indiciar a prática de crimes fiscais.

E a competitividade dos cafés e restaurantes, apontada como a grande motivação para esta redução fiscal? Mas qual competitividade? Os cafés e restaurantes competem com os dos outros países? Será que optamos diariamente entre tomar o café e comer o pastel de nata em Lisboa ou em Badajoz? Ou quando jantamos fora optamos entre um restaurante no Porto e o outro em Vigo?

Naturalmente que não. Este é um sector de consumo de proximidade e não exposto à concorrência externa.

O argumento da competitividade, inexistente, confirma que a questão, além de popular, também é populista. E nem sequer é inédita. Há quase 15 anos, com António Guterres recém-chegado ao Governo, o sector desenhou uma campanha semelhante. A taxa máxima de IVA era de 17 por cento e era também aplicada a cafés e restaurantes. Na altura, a generalidade dos cafés tinha colados nas montras e balcões panfletos do género: informamos os clientes de que os preços elevados se devem ao IVA de 17 por cento cobrado pelo Estado.

Guterres cedeu e em 1996 baixou o IVA da restauração de 17 por cento para 12 por cento. O que aconteceu? Os preços cobrados aos clientes não baixaram e o sector aumentou em cinco por cento a sua margem de lucro, metendo ao bolso a diferença de imposto. Ninguém baixou o preço do café ou das refeições, o que prova que nada disto tem a ver com a manutenção ou atracção de clientes.

Fenómeno semelhante aconteceu há um ano com o IVA dos ginásios e acontecerá sempre em sectores não expostos à concorrência externa.

Se não é a competitividade, o que está então em causa? A margem de lucro dessas empresas. A França fez esta redução fiscal há semanas e assumiu que este era o objectivo.

Se o IVA descer de 12 para 5 por cento, como é reclamado, a margem de lucro do sector aumentará sete por cento. Servirá a medida para manter alguns empregos? É possível, se ela for um balão de oxigénio para empresas em dificuldades.

Mas num sector em que a concorrência interna é grande, onde a taxa de renovação de empresas é elevada (umas que fecham, outras que abrem) e a rotatividade de empregos também, talvez seja boa ideia deixar o mercado funcionar. Se ele não funcionar aqui, não se sabe onde isso possa acontecer.

De qualquer forma, que haja, antes de mais, honestidade nas motivações.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Paulo Ferreira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

DEPUTADO TEVE UM FANICO POR RECEAR NÃO SER ELEITO

«Desgastado pela possibilidade de não ser eleito deputado, Manuel Mota, actualmente com assento na Assembleia da República, depois de ter sido eleito nas listas socialistas pelo círculo de Braga, foi transportado de urgência para o Hospital S. José, em Lisboa.

Tudo aconteceu no passado dia 8, quando estavam a ser delineadas as listas para o Parlamento. O CM sabe que Mota reagiu mal à possibilidade de ocupar o 12º lugar do PS em Braga – em situação não elegível nas últimas Legislativas – e acabou no hospital em circunstâncias por explicar, mas num quadro clínico grave.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Espectáculo lamentável.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Diga-se ao deputado que há por aí muito onde trabalhar.»

PAULO CAMPOS CONVIDOU JOANA AMARAL DIAS

«Vítor Baptista, presidente da Federação Distrital de Coimbra do PS, terá convidado Paulo Campos para o terceiro lugar na lista do distrito, mas o actual secretário de Estado das Obras Públicas recusou e ofereceu, segundo o JN, o lugar à militante do Bloco de Esquerda, de quem é “amigo há vários anos”.

Joana Amaral Dias optou por recusar o lugar de deputada e terá comunicado a decisão a Francisco Louçã, dirigente do Bloco de Esquerda, na sexta-feira passada, sem dizer o nome do autor do convite. Terá ainda acrescentado que lhe foi oferecido um cargo no Instituto da Droga e da Toxicodependência.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Joana Amaral Dias perdeu uma boa oportunidade de Louçã.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Gabe-se a fidelidade de Joana Amaral Dias.»

AO MAU CAGADOR ATÉ AS CALÇAS EMPATAM

«Apesar de o Magalhães ter reconhecidas potencialidades e de haver estabelecimentos que as aplicam com sucesso, Lucinda Manuela, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), considera que, "em larga escala, as escolas ainda não o introduziram como ferramenta de trabalho generalizada na sala de aula". A sindicalista destaca que "houve atrasos nas entregas do computador, há salas de aulas em que umas crianças têm outras não, a maioria dos professores ainda não recebeu formação e muitas famílias estão pouco motivadas". "Isto faz com que o objectivo principal de promover a igualdade de oportunidades, em muitos casos, não tenha sido atingido", afirmou. Lucinda Manuela considerou que "a introdução do computador nas escolas não foi bem preparada porque apenas um ou dois professores por escola recebeu formação". "Muitos pais não entendem que a informática e as novas tecnologias podem ser um auxiliar poderoso ao sucesso dos seus filhos. Cai-lhes em casa uma coisa que até foi gratuita e, sem a colaboração da família, essas crianças continuam prejudicadas em relação às outras", realçou. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Dantes falavam mal do Magalhães, agora dizem que são poucos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

SÓCRATES PROMETE MEXER NOS IMPOSTOS

«José Sócrates apresenta hoje o programa eleitoral que anuncia mudanças em vários impostos do IRS ao IVA. Uma das medidas prevê a reforma do IRS com redução das taxas, segundo avançou o jornal Diário Económico.

O Governo já disse que não vai baixar impostos. Mas também garantiu que não pretende aumentá-los. O compromisso do PS vai agora no sentido de baixar o Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Singulares sem perder receita.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Para já parecem medidas mais razoáveis do que as que se vão ouvindo para os lados do PSD.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelas propostas do PSD.»

QUEM FALA VERDADE?

«O secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, desmentiu, esta tarde, que tenha dirigido um convite à bloquista Joana Amaral Dias para fazer parte da lista de candidatos do PS por Coimbra.

“Nunca convidei a Dra. Joana Amaral Dias para deputada, nem tinha mandato para tal”, reagiu Paulo Campos à notícia adiantada pelo JN esta tarde, que identifica o secretário de Estado como o autor do convite alegadamente feito a Joana Amaral Dias, militante do Bloco de Esquerda natural de Coimbra. » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Isto começa a cheirar mal

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Louçã foi um espertalhão, arranjou uma forma de centrar as atenções em si.»

A CONTA POUPANÇA FUTURO IRRITOU MUITA GENTE

«Associação Portuguesa de Famílias Numerosas acusou hoje, quarta-feira, o PS de "não perceber nada" de incentivos à natalidade ao apresentar "medidas divertidas" como a conta poupança futuro de 200 euros "que não serve para rigorosamente nada".

O programa eleitoral do PS, que vai ser apresentado hoje, quarta-feira, propõe a criação de uma conta poupança futuro de 200 euros por cada bebé nascido no país, cujo depósito só poderá ser levantado quando a criança completar 18 anos. » [Jornal de Notícias]

«O líder parlamentar do PCP considerou hoje, quarta-feira, que a proposta socialista para a criação de uma conta poupança por cada bebé nascido no país não resolve o problema da baixa natalidade, servindo apenas para entregar dinheiro à banca.

"É no fundo uma proposta para entregar 200 euros à banca, angariando clientes logo à nascença, quando as verdadeiras razões para a baixa da natalidade estão no facto de as pessoas terem salários baixos, estarem precárias no seu emprego e não terem certeza quanto ao seu futuro e de terem dificuldade nas condições de acesso por exemplo à habitação", afirmou o líder da bancada parlamentar comunista, Bernardino Soares. » [Jornal de Notícias]

Parecer:

A direita e a extrema-esquerda unidas num objectivo comum.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Bernardino porque não se inscreve na Associação dos pais que não usam preservativo por motivos religiosos.»

MAIS UMA VOZ NAS LEGISLATIVAS

O "Amena Cavaqueira" está quase a abrir as portas.

EUGENE VARDANYAN

BMW MUSEUM