quarta-feira, julho 01, 2009

A verdade

Verdade:
1 propriedade de estar conforme com os factos ou a realidade; exactidão, autenticidade, veracidade
2 coisa, facto ou evento real, verdadeiro, certo
3 qualquer ideia, proposição, princípio ou julgamento que se aceita como autêntico, digno de fé; axioma, máxima
4 procedimento sincero, rectidão ou pureza de intenções, boa-fé
5 o que caracteriza algo ou alguém; carácter, feitio


A propósito da política de verdade de que Manuela Ferreira Leite tanto apregoa consultei o dicionário e retive cinco significados na esperança de algum deles se adequar ao percurso político da líder do PSD.

Leio o primeiro significado da palavra e concluo que à “primeira cavadela minhoca”! A declaração que ainda ontem Manuela Ferreira Leite fez em resposta às críticas de Henrique Granadeiro, presidente da PT, revela uma total desconformidade “com os factos ou a realidade, exactidão, autenticidade, veracidade”. Basta uma busca no Google para concluir que Manuela Ferreira Leite mentiu quando disse que a decisão da venda da rede fixa de telefone foi uma decisão de António Guterres. É de tal forma mentira que o Povo Livre até elogia a decisão do governo de Durão Barroso.

Bem, já que a verdade de Manuela Ferreira Leite se dá mal com a história vejamos o segundo significado da palavra “coisa, facto ou evento real, verdadeiro, certo”. É um facto que enquanto ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite cumpriu o défice, aldrabou no negócio da venda das dívidas ao fisco, vendeu património ao desbarato e, como agora denunciou Granadeiro, ainda vendeu a rede fixa. Só que este facto veio a revelar-se falso, o défice era muito superior ao declarado e dois ou três meses de governo de Durão Barroso não justificam a bandalheira contabilística.

Estamos mal, temos que passar à terceira definição e à medida que a leio recordo-me de ouvir a Manuela Ferreira Leite dizer quase diariamente que já eram visíveis os sinais de retoma. Ela que ontem ficou tão irritada porque o ministro das Finanças falava do fim da crise, servia-se de tudo para anunciar o fim da recessão. Muito pouco do que Manuela Ferreira Leite dizia enquanto ministra era digno de fé.

Passemos à quarta definição, mal começo a lê-la vem-me à memória a escolha de Pedro Santana Lopes para candidato à CM de Lisboa. Então a senhor que está na posse da pureza de intenções e promete renovação escolhe a má moeda para candidato autárquica. Teremos que passar ao ponto seguinte, resta a possibilidade de se aproveitar o carácter de Ferreira Leite.

Azar, é este o ponto que me leva a não gostar da senhora. Lembram-se quando Manuela Ferreira Leite chegou a ministra das Finanças? Prometeu acabar com a corrupção e quando lhe perguntaram o que ia fazer disse que para começar tinha demitido o então director-geral dos Impostos, homem bem mais honesto do que ela. E depois o que fez? Nada, colocou gente duvidosa em postos importantes, o seu ministério concedeu perdões fiscais ilegais à banca, começando pelo BCP que graças à generosidade governamental combinada com pareceres ilegais beneficiou indevidamente de muitos milhões de euros.

Bem, resta-me a máxima popular de que “uma mentira para ser uma boa mentira tem de ter um pouco de verdade”, é esta a política de verdade de Manuela Ferreira Leite, a verdade apenas serve para encobrir a imensa mentira que é a própria Manuela Ferreira Leite.