segunda-feira, julho 06, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Monsaraz

JUMENTO DO DIA

Francisco Louçã

Só mesmo este fundamentalista da extrema-esquerda é que se lembraria de se armar em cobrador de promessas e acusar Sócrates de não ter criado 150.000 empregos. Um mínimo de honestidade intelectual, coisa que o Chico Anacleto desconhece, mandaria avaliar esta promessa até a eclodir da crise financeira.

Mas para Louçã a verdade interessa tanto quanto a Ferreira Leite e o que lhe interessa é aproveitar-se da crise financeira para obter ganhos políticos. Até porque Louçã está mesmo convencido de que não houve crise financeira internacional, o que por cá se passa é uma crise económica provocada por Sócrates.

UMA PERGUNTA AO MINISTRO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA

Se a profissão de polícia não é uma profissão de risco o que é uma actividade de risco? Só se for a de ministro, há pelo menos o risco de ser incompetente.

ELEITORALISMO

Eleitoralismo foi o aumento das pensões de reforma decidida pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva e que muito contribuiu para a sua primeira maioria absoluta. Cavaco Silva decidiu-a sozinho aproveitando-se do facto de Mira Amaral, o então ministro do Trabalho, se encontrar de férias. As contas foram feitas em segredo em reuniões com o secretário de Estado da Segurança Social a quem foi exigido segredo absoluto, mesmo em relação ao ministro.

Um bom exemplo do eleitoralismo e da interpretação do conceito de lealdade institucional do cavaquismo.

AVES DE LISBOA

Pilrito-pequeno [Calidris minuta]

FLORES DE LISBOA

Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

A SABEDORIA OPERÁRIA QUE PUXOU PELA MANGA DE PINHO

«Em Abril, Manuel Pinho estava de visita a uma corticeira de Aveiro quando uma operária lhe puxou pela manga e pediu: "Salve o nosso patrão, senhor ministro. Se o salvar a ele, salva os nossos empregos."

Apesar de ter raízes familiares em Espinho, Pinho ficou de boca aberta. Como está mais habituado a visitar as grandes empresas da cintura industrial de Lisboa, ainda não reparara que nas PME nortenhas o velho conceito marxista de luta de classes foi substituído pela colaboração no duro combate pela sobrevivência.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Jorge Fiel.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se apesar do atraso.»

ERROS SEUS

«O inventário da queda de Sócrates ainda está por fazer. Mas já é possível enumerar alguns erros fatais

Para o futuro da União e para as políticas europeias, as últimas eleições não tiveram qualquer importância. Presumia-se, justamente, que também não teriam para Portugal. Engano! Foram decisivas! Desde esse dia, tal como foi dito logo na noite eleitoral, passou a ser oficial que Sócrates não era invencível. O facto parece simples, mas não é. A partir dessa noite, tudo começou a mudar. Fidelidades foram postas em causa. A serenidade desapareceu. O nervosismo cresceu. Em duas semanas, foi o que se viu. Tudo correu mal, até um debate dito do Estado da Nação. Não há nada como os votos! Já muito vinha de trás, caso contrário os resultados eleitorais não teriam sido aqueles. Mas não era visível, nem oficial. Não havia provas. Passou a haver. » [Público assinantes]

Parecer:

António Barreto, o último dos cristãos novos do cavaquismo já festeja e explica a derrota do Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Informe-se António Barreto que as eleições legislativas são a 27 de Setembro e que entre bruxos e más sondagens preferimos as sondagens.»

IR À BRUXA

«Uma desgraça nunca vem só e as desgraças de Sócrates têm vindo ultimamente em grande quantidade e muito depressa. A primeira foi, por culpa dele, o descrédito da imagem do "homem forte", dessa espécie de Mrs. Thatcher à portuguesa que ele quis ser. O problema com a pose da intransigência e determinação é que não fica pelo meio termo. Ao primeiro recuo (não ao primeiro erro), a fachada cai. E Sócrates recuou tanto que a certa altura pôs tudo em debandada. Recuou na avaliação dos professores (que um belo dia lhe pareceu "exigente, complexa e burocrática"); recuou no projecto do TGV, da 3.ª travessia do Tejo e do aeroporto (adiado, peça a peça); recuou no negócio PT-TVI; e - pior ainda - recuou no seu próprio estilo autoritário (e do "animal feroz", que se gabava de ser, saiu intermitentemente um doce animalzinho doméstico).

A segunda desgraça do eng. Sócrates foi a escolha de Vital Moreira para cabeça de lista do PS. Uma escolha de fraqueza, destinada a angariar o voto e a benevolência da esquerda, como se o PC não execrasse a criatura e o Bloco se deixasse seduzir por um fiel "companheiro de caminho" e defensor oficioso do Governo. Desta desgraça (não por culpa exclusiva de Vital) nasceu outra: a necessidade do "chefe" se envolver pessoalmente na campanha e a derrota final. Em 7 de Junho, Sócrates era um político vulgar, que não metia muito medo a ninguém. Até os ministros se começaram a desdizer e contradizer e o partido, tanto tempo calado, começou a desabafar. Responsável pelo desastre, Sócrates, no meio disto, balançava sem princípio entre a sua velha persona e o seu novo mundo.

Na hierarquia das desgraças, como se sabe, a quarta é a debandada. Há várias maneiras de fugir: a indiferença, o cepticismo, a abstenção. De repente, os fiéis (sempre com mágoa, claro está) descobriram erros sem remédio, desvios sem desculpa e a tradicional urgência de mudar de caminho, quando já não existia caminho algum. E, como Sócrates, naturalmente, não fazia nada, os fiéis passaram pouco a pouco à política do rato. Infelizmente para Sócrates, sobrava o inimigo - a última desgraça. O inimigo interno, que via agora uma presuntiva herança; e o inimigo externo, que o empurrava, aliviado, pela borda fora. António Costa denunciou as "nódoas" de Mário Lino; e Cavaco explicou suavemente as virtudes do programa económico de Ferreira Leite. Faltava o absurdo e, com Manuel Pinho, mesmo o absurdo se juntou à feira. Sócrates precisa de ir à bruxa.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

SÓCRATES COMPARA A DIREITA A SALAZAR

«José Sócrates acusou ontem o PSD de ter uma visão idêntica à de Salazar ao querer que Portugal permaneça "pobre e humilde" e, num discurso virado à Esquerda, insistiu que os grandes investimentos públicos, como o TGV, devem ser prioritários.

"Nós precisamos mais disso [infra-estruturas de alta velocidade] do que os outros, porque estamos mais longe dos centros geográficos (...). Isso exige visão estratégica e exige principalmente que não tenhamos a visão de alguns que nos antecederam quando afirmaram, como Salazar um dia afirmou, que Portugal e os portugueses deveriam ser pobres e humildes como a terra que trabalham. A nossa ambição é outra", afirmou o secretário-geral do PS, numa sessão do Fórum Novas Fronteiras, dedicada à Economia.» [Correio da Manhã]

Parecer:

A verdade é que um país desenvolvido em torno de pequenas estradinhas com muitos eucaliptos e alfarrobeiras nas bermas, mais ou menos o que Cavaco defendeu recentemente, é mesmo o conceito salazarista de desenvolvimento económico. Um país sem infra-estruturas e muito dinheiro nos cofres.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento aos assessores do presidente.»

FERREIRA LEITE AINDA É MAIS MAZINHA DO QUE EU PENSAVA

«A possível exclusão de Pedro Passos Coelho das listas do PSD às legislativas está a agitar o partido e são várias as vozes que defendem a sua candidatura a deputado da Assembleia da República. Para Marco António Costa, presidente da distrital do Porto, além de uma "mais-valia", a integração do ex-adversário de Ferreira Leite nas listas iria mostrar que "o PSD está unido".» [Correio da Manhã]

Parecer:

O saneamento de Passos Coelho faz-me pensar que a líder do PSD está ao lado de Bernardino Soares na admiração do regime norte-coreano.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Manuela Ferreira Leite porque exclui Passos Coelho das Listas de deputado sabendo-se que nas directas do PSD teve quase tantos votos como ela.»

ANTÓNIO COSTA EMPATADO COM SANTANA LOPES

«O socialista António Costa e o social-democrata Pedro Santana Lopes aparecem empatados nas projecções de voto para as eleições autárquicas em Lisboa. Segundo a sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica para a RTP, Antena 1, JN e DN, Costa com 38% das intenções de voto, tem apenas uma ligeira vantagem sobre Santana de um ponto percentual.

Neste estudo de opinião, os lisboetas elegem também o Bloco de Esquerda, cuja lista à Câmara é liderada por Luís Fazenda, como a terceira força na autarquia com 9% das intenções de voto. A CDU, liderada por Rúben de Carvalho, é destronada da terceira posição que actualmente ocupa no executivo camarário para a quarta posição com 7% nas intenções de voto.

A lista dos “Cidadãos por Lisboa”, encabeçada por Helena Roseta, arrecada 6% nas intenções de voto e apenas 3% dos inquiridos não quis ou não soube escolher o força em que tenciona votar a 11 de Outubro.

Quando questionados sobre quem tem mais qualidades para ser um bom presidente da Câmara de Lisboa, os inquiridos escolherem António Costa (30%), seguido de Santana Lopes (27%) e Helena Roseta (12%). Segue-se Ruben de Carvalho (4%) e, por fim, Luís Fazenda (3%).» [Diário de Notícias]

Parecer:

O mais significativo desta sondagem é a ultrapassagem do PCP pelo be e o esvaziamento da candidatura Alegrista de Helena Roseta que parece servir apenas para eleger Santana Lopes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Helena Roseta se Santana Lopes já lhe agradeceu pela sua candidatura.»

MAIS UM A DIZER QUE VAI PARA O BRASIL: MIGUEL SOUSA TAVARES

«Para ir para onde?

Para o Brasil. É um país novo, de que eu gosto há muitos anos. E sou muito bem tratado sem ser popular na rua, o que é óptimo. É um país optimista, não está cansado, não está desiludido, sem esperança. Mesmo que agora haja tanta asneira feita no Brasil, todos os dias, não é? Só que eles têm espaço e tempo para uma maior dose de asneira do que nós. Agora desvendei uma coisa que não era suposto desvendar, mas é um plano que ando a alimentar há um tempo, de facto. Nós somos muito macambúzios, eu estou muito macambúzio também. Sinto, pela primeira vez na vida, que estou a precisar de uma sacudidela e que não vai ser aqui…» [Diário de Notícias]

Parecer:

Parece que Portugal é pequeno para os nossos intelectuais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Diga-se a Sousa Tavares que faz bem, por lá os consumidores são muitos mais pelo que terá mais mercado, isto se lhe derem ouvidos pois o Brasil também tem muito bons jornalistas.»

AGRADECIMENTO

`Q "Praça Stephens" por atribuir o prémio Lemnicasta a'O Jumento.

PAUL BURFORD

NIKE