Semanada

Esta semana Alegre surpreendeu-me, estava convencido de que o ex-candidato presidência e ex-candidato a secretário-geral do PS tinha sido desvalorizado pelo fim da maioria absoluta. Mas Alegre não gostou da perda do protagonismo de que foi vítima a partir do momento em que o PS perdeu as europeias, agora tenta manter-se à tona de água ajudando Manuela Ferreira Leite a chegar ao poder, recorrendo sempre ao argumento cínico de que tudo se deve às políticas de Sócrates. Pois é, Manuela Ferreira Leite ataca pela direita com o caso Freeport e Alegre ataca pela esquerda com o argumento cunhalista da maioria de esquerda. A estratégia de Alegre é antiga, também Cavaco Silva tramou Nogueira na esperança de chegar a presidente e acabou por conseguir mas só dez anos depois, Alegre nunca o conseguirá pois a extrema-esquerda que ele tanto namora é bem capaz de seguir um velho princípio, Roma não paga a traidores. A carreira política de Alegre não foi grande coisa, mas poderia ter terminado de forma mais digna, depois de ter ajudado Ferreira Leite ninguém o vai ver como adversário de Cavaco Silva, até porque para os portugueses a Presidência da República é algo mais do que um problema de vaidade pessoal de Manuel Alegre.

Manuela Ferreira Leite já não esconde que está convencida de que vai ser primeira-ministra, até já começou a treinar para o cargo, vai sanear Passos Coelho da lista de deputados. Além disso, estou preocupado com a possibilidade de Manuela Ferreira Leite não tirar férias, a senhor já não tem idade para estas coisas e se começa cansada ainda pior.

Parece que Portugal volta a assistir a um movimento migratório com destino ao Brsil, primeiro foram os empresários ligados ao regime salazarista que atravessaram o Atlântico até que o país acalmasse, agora é gente da cultura que acha veste um número muito acima do país. Miguel Sousa Tavares aproveitou a polémica gerada por Maria João Pires e deixou o país espantado com mais uma ameaça de fuga. Só é pena que em vez do Brasil não tenha escolhido um país onde seja mais fácil de sobreviver, sempre teria a oportunidade de mostrar o que vale num meio sem apoios e conhecimento. Desta vez concordo com Saramago, outro emigrante “forçado”, que faça muito boa viagem e aproveite o melhor que pode enquanto tem idade para aguentar a pedalada das brasileiras. Portugal só precisa dos que cá estão, os que estão disponíveis para dar o país em vez de chorarem a pedir mais, ou dos que tendo emigrado pró força das circunstâncias nunca deixaram de gostar do seu país apesar de não lhes ter dado nada.

Os estivadores manifestaram-se junto ao Parlamento com o apoio dos marginais das claques desportivas. O PCP meteu mais um golo na sua própria baliza.

Saramago apoiou António Costa mas o PCP ainda não fez qualquer comentário. Não fez nem fará.