Em Portugal todos os políticos são excelentes economistas, todos têm soluções para os problemas e todos consideram que os únicos que não sabem o que fazem são os que governam. O resultado é os governos serem forçados a governar com base em falsas premissas eleitorais ou mandar o programa eleitoral às urtigas.
Nestas eleições a situação é ainda mais grave, os políticos da oposição já preparam o debate há dois anos e todos os sinais de crise, desde o aumento dos preços dos combustíveis à crise financeira, foram questões de somenos, a situação de crise económica resulta das políticas governamentais.
Os primeiros a adoptaram esta estratégia foram o PCP e p BE que não só quiseram associar o desemprego às mudanças da legislação laboral e ao controlo orçamental. Mais tarde, Manuela Ferreira Leite não resistiu à tentação da falta de honestidade intelectual e, como sucedeu com outras questões, foi atrás da estratégia da extrema-esquerda.
Debater a situação económica dizendo genericamente que a crise resulta das políticas governamentais sem estabelecerem qualquer relação entre as medidas adoptadas e a suas pretensas consequências é falta de honestidade intelectual. Esquecer premeditadamente que durante a legislatura que agora termina ocorreu o maior aumento dos preços dos produtos alimentares desde a guerra mundial, que a economia teve que suportar o maior aumento dos preços do crude desde 1973 e que a crise financeira foi a maior desde a grande depressão é mais do que uma mera falta de rigor, é falta de honestidade intelectual.
Exigir do governo medidas que combatam as consequências sociais da crise, chegando mesmo a acusá-lo de copiar as suas propostas como fez Manuela Ferreira Leite, para agra aparecer muito preocupada com o défice das contas públicas não é defender o rigor e a verdade, é fazer da falta de honestidade intelectual uma arma legítima na luta política.