sexta-feira, julho 03, 2009

Uma campanha muito dura

É muito provável que a próxima campanha eleitoral para as legislativas sejam uma das mais duras da democracia portuguesa, estão muitas coisas em jogo e desde os grupos corporativos aos partidos, passando pelas ambições pessoais da família Silva muito se joga nessas eleições.

Aliás, há quatro anos que estamos em campanha, basta ver as palavras de ordem dos activistas dos professores para se perceber que a par do estatuto e da avaliação dos professores a Fenprof e os chamados grupos independentes de professores tentam dirigir a sua luta com vista às eleições. Qualquer acordo seria impossível para gente que desde a primeira hora pedem aos portugueses para que não votem no PS (e na fase inicial no PSD), isto é, usam a luta dos professores para apelar ao voto no PCP e no BE.

Bata analisar o calendário de algumas lutas para se perceber que o PCP usou a crise económica e as reformas lançadas pelo Governo para lançar vagas sucessivas para a luta na rua, quando não são os professores são os polícias, quando não são os polícias são os funcionários, ao longo de quatro anos os sindicatos das corporações do Estado revezaram-se na organização de vagas de assalto.

Mas o PCP não luta apenas contra Sócrates, há muito que travava uma guerra surda com o BE, um partido com meia dúzia de militantes que o ultrapassou nas urnas nas eleições europeias e tudo aponta que o ultrapasse nas próximas eleições, numa sondagem para as autárquicas no Porto feita recentemente o BE tinha o dobro das intenções de voto do PCP. Por isso o PCP não hesitou em pôr em risco o futuro da Autoeuropa em Portugal para acabar com a hegemonia do BE na comissão de trabalhadores. Aliás, é esta luta surda que impede o PCP de fazer alinaças nas autárquicas de Lisboa, para além do facto deste partido preferir alianças pós-eleitorais com o PSD.

Cavaco Silva nunca se esqueceu da velha ambição de deter todo o poder em Portugal, só que ao contrário do que sucedia no tempo de Sá Carneiro para o actual presidente o que está em causa não é o PSD governar o país, é ele próprio tornar-se no líder do país. Agora que acredita em tal hipótese mandou às malvas a sua postura institucional e entra na luta política. Já não são os seus assessores a andarem pelas redacções dos jornais promovendo a intriga contra o Governo, é o próprio presidente que vem a público lançar insinuações sobre o primeiro-ministro a propósito dos negócios da PT.

O PSD que temia o desastre, que tanto falou em refundação da direita e até chgou a iniciar a reformulação do programa ganhou ânimo com a crise financeira. Ferreira Leite chegou à liderança e ficou calada, ficou calada quando os camionistas tentaram parar o país, ficou calada quando os pescadores fecharam as lotas. Só falou para adiar as obras públicas, as comissões são a fonte de sobrevivência de um partido que só se consegue unir quando cheira a poder e a dinheiro.

O PS, formado à base de betinhos, barões e baronetes tremeu com as europeias, os boys andam desorientados, os nobres estão com receio de perderem os títulos nobiliárquicos. Manuel Alegre entreteve-se a promover a transferência de votos do PS para o Bloco na esperança de chegar a presidente com o apoio da extrema esquerda e até António Costa parece ter feito xixi nas calças e desatou a atacar os ministros que foram seus colegas de Governo.