O país está empenhado, algumas empresas públicas dão prejuízos acima do admissível, os gabinetes ministeriais estão cheios de fedelhos inexperientes e mal-educados, muitos serviços públicos são ineficazes, as licenças tardam tempos absurdos a serem concedidas, a justiça não funciona, a saúde consome recursos crescentes, a qualidade do ensino em numerosas escolas está a níveis inaceitáveis e não há um único responsável por tudo isto?
Não só não há responsáveis como o DR está cheio de louvores e os ministros não se cansam de elogiar, um país que precisa urgentemente de praticar a meritocracia tem uma classe política que promove e acarinha a estupidocracia. Quando se escolham diriegentes para a Administração Pública rejeitam-se os mais competentes em favor dos mais subservientes, em vez de se reconhecer a capacidade de muitos quadros do Estado opta-se sistematicamente pelo recurso a consultores externos que tiram conclusões por encomenda em estudos que servem para arquivar.
Correia de Campos saiu do governo para passarem a mão pelo pêlo dos alegristas, Manuel Pinho porque perdeu a paciência com o Bernardino e na semana passada o secretário de Estado da Justiça bateu com a porta para não aturar o e-Magalhães. Os inúteis vencem sempre!
O país afunda-se mas em milhares de altos cargos do Estado não há uma única demissão por incompetência? Há muitas porque os fedelhos dos secretários de Estado não gostam dos dirigentes nomeados pelos antecessores ou porque têm amigos em filas de espera, mas por incompetência e triste figura não há registo de um único caso.
Ontem o secretário de Estado da Administração Local, um tal Junqueiro que ao que parece agora tem a pasta das relações do governo com Bruxelas, achou que Bruxelas devia ser responsabilizada pelos prejuízos provocados pelos erros de previsões. Mas porque razão José Junqueiro não é coerente com o seu princípio e enquanto não for possível responsabilizar os de Bruxelas não propõe a adopção de idêntica regra aos seus colegas de governo.
Se os seus colegas do ministério das Finanças não errassem em tudo e mais alguma coisa o Junqueiro não teria agora que estar tão incomodado com os erros de previsão de Bruxelas. A verdade é que nestes anos as previsões do défice orçamental do Teixeira dos Santos têm sido uma verdadeira anedota. Digo anedota porque seria muito mais grave se dissesse que muitas das declarações do ministro em relação ao défice orçamental foram mentiras destinadas a iludir a realidade.