No meio de tantas más notícias e sabendo-se que uma das causas das nossas dificuldades se encontram no ensino foi agradável saber que um relatório da OCDE conclui que o ensino em Portugal deu um pulo qualitativo significativo nos últimos anos, sendo esta evolução medida pela avaliação dos conhecimentos dos alunos em diversos domínios.
Pouco me importa quem ganha ou perde eleitoralmente, da mesma forma que não avalio eleitoralmente os sucessos de muitas empresas portuguesas, o trabalho meritório de muitos portugueses, sejam serralheiros, escritores, políticos ou portugueses, é destes resultados que se faz o progresso e quando for caso disso saberemos avaliar o trabalho dos governantes, neste como em muitos outros domínios.
É evidente que a fixação dos professores, que a crescente competência dos que gerem as escolas, o empenho dos profissionais do sector são factores determinantes para este sucesso. Da mesma forma que também o foram a aposta no sector, o esforço no combate ao abandono escolar, os investimentos na renovação do parque escolar, a introdução de novas tecnologias nas escolas, as reformas feitas no sector ainda que algumas tenham sido feitas de forma atabalhoada.
O importante agora é que se perceba que foi possível melhorar de forma significativa e que o potencial do que se pode melhorar ainda é muito grande, basta olhar para o ranking das escolas para se perceber que com recursos idênticos as assimetrias nos resultados são ainda muito grandes, muito para além do que se pode explicar como consequência de assimetrias económicas, sociais ou de natureza urbana ou geográfica.
Mas se o estudo serviu para mostrar que ocorreram melhorias significativas no ensino, também pôs em evidência a miséria humana que por grassa, demonstrando que há neste país muita gente mais empenhada que se vá ao fundo do que no seu progresso. Algumas posições que ouvi roçam o miserável, desde um conhecido sindicalista dos professores a um conhecido professor blogger. Mas se os que falaram despudoradamente puseram a miséria à vista, o mesmo se pode dizer de alguns silêncios, personalidades que nunca perderam a oportunidade para desqualificar o ensino e as políticas governamentais do sector.
Recordo-me, por exemplo, das acusação de facilitismo sucessivamente feitas por Pedro Duarte, o deputado do PSD que habitualmente representa este partido nas questões da educação, de Santana Castilho que nos seus artigos no Público ou nos seus comentários televisivos sempre tomou posições que a serem válidas Portugal estaria no fim da lista da avaliação da OCDE, e de muitas outras personalidades que não perderam uma oportunidade para achincalhar o ensino em Portugal até mesmo Manuel Maria Carrilho na sua primeira entrevista a Mário Crespo depois de regressar de Paris optou por desancar no ensino. A excepção a este comportamento miserável foi António Nogueira Leite que se despiu de opções partidárias e teve a coragem de elogiar os resultados.