terça-feira, dezembro 28, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

O Pai Natal enforcou-se no Rossio, Lisboa

JUMENTO DO DIA

Cavaco Silva

Depois de ter usado o tema enquanto candidato veio agora virar as costas à Igreja e promulgou o diploma claramente a pensar nos prejuízos que um conflito institucional lhe traria nas presidenciais, certo do voto à direita Cavaco aposta no voto à esquerda para evitar uma segunda volta.

É caso para perguntar ao Cavaco Presidente porque não seguiu a sugestão do Cavaco candidato deixando-o a falar sozinho e a braços com a raiva da Igreja Católica que mais uma vez contava com ele e foi traída. Enfim, o que se diz no Facebook é uma coisa e o que se escreve na Presidência é outra.

«O presidente da República promulgou esta segunda-feira o diploma que regula o apoio do Estado ao ensino particular e cooperativo. Cavaco Silva chegou a ameaçar com um veto à legislação, caso não fossem feitas algumas alterações.» [CM]

CONTADORES DE DESGRAÇAS

«Lá sobrevivi a mais uma quadra de lamúria pegada. Não se veja nisto uma crítica religiosa (o nascimento de Jesus Cristo enternece-me) ou à festa familiar (tenho saudades dos Natais da minha infância e já começo a tê-las dos da minha filha). Refiro-me a um pernicioso efeito colateral. Algum estudo terá convencido os programadores televisivos que por estes dias passamos mais tempo amarrados ao sofá, daí oferecerem o que julgam ser a iguaria preferida dos portugueses: desgraças. SIC, RTPs e TVI, e respectivos derivados, serviram-nos o florilégio dos acidentes do ano. E como se não bastassem os de 2010, houve até quem se lembrasse dos seis anos (data redondíssima) que passaram desde aquele tsunami sobre as ilhas Phi Phi... Mas como o critério da proximidade é ainda mais critério quando toca a desgraças, foi esmiuçado todo azar e destino fatal que nos calhou. E como não tivemos terramotos à maneira do Haiti nem incêndios californianos - para sorte das carpideiras, lá aconteceram as cheias da Madeira... -, houve que relembrar acidentes comuns. Por exemplo, mostrou-se aquele acidente rodoviário, em Abril, que teve um morto. A morte deste, para os seus, foi certamente uma desgraça tremenda e merece-nos todo o respeito. Já a propensão dos portugueses para a autocomiseração (ou a ideia que os jornalistas fazem dela) é miserável. Malditos queixumes.» [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

TÍTUANO HORRÍVEL

«O que guardo deste ano horrível é o contraste entre a demissão da Europa, a empurrar-nos para o abandono do Euro e os pequenos mas consistentes resultados que começam a surgir da governação do mais maltratado primeiro-ministro da história recente.

Vejo os países do Norte esquecidos da solidariedade prestada na reunião das Alemanhas, maltratando quem lhes compra automóveis, caindo na falácia ecológica que argumenta serem os do Sul preguiçosos, gastadores e relapsos. Vejo a fraquíssima capacidade de discernimento e de visão a médio prazo dos líderes do centro da Europa tergiversando, esperando que a chuva os não molhe. Vejo a resistência de Espanha e Portugal, quase abandonados pelos egoísmos dos outros, mordidos por oposições ávidas de poder. Mas vejo a garra com que lutam em frentes variadas: a do desenvolvimento económico, a da diplomacia, a da resistência a uma comunicação social esmagadoramente adversa, a das oposições oscilando entre o ideológico, o demagógico e o prazer de verter areia nas engrenagens da sustentabilidade, todos à espera do cadáver.

Mas vejo também a capacidade de resiliência, os resultados que emergem, lenta mas consistentemente, como o aumento das exportações e a redução do défice da balança de transacções correntes, o crescimento das novas PME de inovação tecnológica, o aumento do investimento directo estrangeiro e o aumento forte do nosso investimento lá fora, os resultados da Educação, os resultados da Saúde, medidos pela OCDE, como Portugal "comparando bem no acesso, eficiência e resultados, com a maioria dos parceiros europeus", a elogiada reforma da Segurança Social, os êxitos na investigação e inovação. Ou ainda os resultados da acção de Manuel Pinho, seja nas renováveis, com especial incidência nas eólicas e no plano nacional de barragens, seja na capacidade negocial empenhada na Auto-Europa, na atracção da Ikea para Paredes, na antevisão da subida do cobre que fez reabrir com êxito as minas de Aljustrel (lembram-se? foi por elas que Pinho caiu e durante pelo menos cinco anos vão ser um sucesso de exportações, ao lado da Somincor, já no ‘top ten' das exportadoras). Ou ainda nas baterias para o carro eléctrico, no alargamento da rede de carga, nas smart grides, ou no sucesso da cobertura em banda larga, tudo coisas que ouvimos mencionar em Bruxelas como referência positiva de um pequeno país inovador.

Postados perante canais e jornais assanhados contra o Governo e o primeiro-ministro, perdendo o tino e a independência, resta-nos trabalhar bem nos próximos três meses, esquecendo ameaças e dislates eleitorais.» [DE]

Parecer:

Por Correia de Campos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CAVACO E O BPN

«Cavaco tem razão quando diz que está a ser alvo de uma campanha "desonesta e suja", com o intuito de o enlamear no "affaire" BPN. Mas há duas coisas a que tem de estar atento. A primeira é que, mesmo não tendo feito nada de errado (e estou convencido de que não fez!), não o terá explicado da melhor maneira quando surgiram os primeiros rumores, no início de 2009. Não por ter sonegado factos importantes para se perceber os contornos do investimento na SLN, mas porque a forma como se explicou não foi a melhor (nada que surpreenda: Cavaco sempre teve uma relação desastrada com a Imprensa...). » [Jornal de Negócios]

Parecer:

Camilo Lourenço decidiu gozar com os leitores do Jornal de Negócios, ele que é um especialista em mercados acha normalíssima um negócio de acções em que o preço de compra e o de venda foram fixados por Oliveira e Costa com um lucro de 140% numa ocasião em que o buraco no BPN era de 4.000 milhões de euros.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se no escarrador.»

QUANDO A MARIA JOSÉ TOSSE O CRAVINHO APANHA UMA PNEUMONIA

«O ex-deputado socialista João Cravinho não tem dúvidas: a revisão da lei de financiamento dos partidos "abre a porta à corrupção", é "uma nódoa negra na democracia portuguesa" e não poupa críticas aos seus promotores, no Parlamento, e à atitude de Cavaco Silva, que deveria ter vetado à lei.» [CM]

Parecer:

Sempre que a super procuradora que não ganhou um único processo do Caso Apito Dourado fala de corrupção lá aparece o João Cravinho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Cravinho que fale antes das parcerias público privados, essas sim que custaram uma fortuna oa país e deram mais lucros fáceis ao sector privado que qualquer caso ou todos os casos de corrupção juntos.»

PORTUGUESES SÃO OS BENEFICIAM MENOS DE PENSÕES

«»Os portugueses reformaram-se, em média, aos 63 anos este ano, cinco meses mais tarde do que em 2007, quando entrou em vigor a reforma da Segurança Social. Na Europa, segundo os dados disponíveis para a mortalidade, os portugueses são dos que menos tempo têm para gozar a sua reforma.

Este aumento no tempo de vida activa (e respectivo adiamento da entrada na reforma) é uma consequência directa da alteração recente das regras das pensões. As reformas passaram a ser penalizadas por via do factor de sustentabilidade, que liga o valor das pensões à esperança média de vida. O facto das pessoas viverem cada vez mais tempo reduz automaticamente o valor das pensões à luz das novas regras (ver caixa). Ou seja, apesar da idade legal continuar a ser os 65 anos, a verdade é que agora (e gradualmente mais desde 2007) as pessoas que chegam à idade limite de reforma têm de trabalhar mais algum tempo (semanas, meses) para evitar uma penalização na pensão que vão receber até ao final das suas vidas. [DN]

Parecer:

O Estado gasta mais a ajudar o sistema financeiro directa ou indirectamente através de benefícios fiscais e impostos baixos do que com pensões mas na hora dos apertos é o regime dos pensionistas que é insustentável.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Registe-se.»

ATÉ NOS BOLETINS CAVACO TEM A SORTE DO SEU LADO

« sorteio realizado hoje no Tribunal Constitucional ditou que o nome do actual Presidente da República surgirá na primeira posição. Manuel Alegre é o sétimo.» [DN]

Parecer:

Corre tudo bem a este Silva.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se aos eleitores que votem a partir do segundo.»

E OS JUROS CONTINUAM A SUBIR

«Os juros da dívida portuguesa a dez anos negoceiam hoje nos 6,71 por cento, acima dos 6,63 euros a que negociava na sexta feira, depois da agência Fitch ter cortado o 'rating' de Portugal em um nível.» [DN]

Parecer:

Ou os chineses nos compram a dívida ou nem nos 7% paramos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Teixeira dos Santos se vai mesmo ao FMI quando os juros voltarem a ultrapassar os 7%.»

EDITE ESTRELA PEDE EXPLICAÇÕES A CAVACO SOBRE ACÇÕES DA SLN

«Edite Estrela, que pertence ao secretariado do PS e à comissão política de Manuel Alegre, defende que Cavaco Silva deve dar explicações sobre as acções que comprou da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), detentora do BPN. "Foi um episódio que ficou pouco claro. O professor Cavaco Silva, tendo em conta toda a nebulosa sobre este assunto, tinha vantagens em esclarecer como as comprou e como as vendeu", disse ao i a eurodeputada do PS.» [i]

Parecer:

Edite Estrela é uma pessoa muito próxima de Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela reacção de Cavaco Silva.»

FILVIT