Circulam na internet campanhas contra as campanhas da Popota (Modelo) e Leopoldina (Continente), duas personagens usadas pelas duas grandes redes de distribuição na disputa do mercado da caridade natalícia a que se associam alguns órgãos de comunicação social, designadamente televisões. É evidente que Belmiro está muito pouco preocupado com as vendas do disco da Leopoldina, cada cliente que as crianças que são alvo da campanha de marketing que consiga atrair a uma das suas lojas nesta quadra deixará nas caixas registadoras muito mais do que os trocos que serão entregues a título de caridade a um qualquer hospital.
Estamos perante campanhas pouco transparentes, nem sequer se sabe em nome de quem o dinheiro vai ser entregue, se a título de doação dos clientes das lojas do Modelo/Continente ou se a título de mecenato por parte destas duas grandes redes de distribuição com os consequentes benefícios fiscais. Os sites das empresas nada dizem quanto a este ponto.
A verdade é que este país está cheio de Popotas e Leopoldinas, responsáveis pelo desvio de muitos milhões de euros de receitas ficais através do recurso aos truques da caridade, do mecenato e, pior ainda, da infinidade de Fundações que se multiplicam como cogumelos.
O que se passa com as fundações roça mesmo a pouca vergonha, não há ninguém que ganhe muito dinheiro e que não se consegue escapar aos impostos recorrendo a operações em off-shores que não crie uma fundação. Poderíamos mesmo designar as off-shores como as Popotas e as Fundações como as Leopoldinas. Quando um conhecido escritório de advogados cria uma fundação em nome da qual se coloca o património imobiliário para depois os arrendamentos darem lugar a benefícios fiscais porque são tratados como doações à fundação ficamos a perceber a dimensão da beneficência que por aí vai.