O normal nesta ocasião seria brincar com as prendas para os políticos, por exemplo adoraria oferecer uma máquina de calcular a Teixeira dos Santos para que em 2011 consiga fazer previsões, ainda que me pareça que não é por falta de calculadoras que o ministro não acerta uma, talvez fosse mais adequado oferecer-lhe uma cartas de tarot.
Outra hipótese seria dedicar este post aos pobrezinhos, os tais que preenchem as nossas televisões, que lavam os pecados de muito boa gente e que até já se casam em festas de Natal abrilhantadas pelo casal presidencial como se fosse a cereja em cima do bolo dos roteiros que Cavaco dedicou aos pobretanas. Mas ao contrário dos que os ricos pensam os pobres não têm um sofrimento especial nesta data, depois de 365 dias do anos sem saber o que comer não é por a ementa estar estabelecida que vão sentir mais fome neste dia.
Outra hipótese seria bincar com a forretice da família Silva e imaginar os netinhos a receberem peúgas, chapéus de chuva da Regina ou tabletes de "Coma com pão", mas com os lucros das acções da SLN há dinheiro para dar boas prendas aos netos durante um bom par de anos.
Não, a minha solidariedade vai mesmo para os que mais estão sofrendo nesta quadra natalícia, os que poderiam ter e não têm, os que deveriam receber e não recebem, os que esperaram uma ano pela prenda natalícia e recebem um corno e aponta do outro devidamente embrulhados, ainda que sem o embrulho de marca ou o selo do El Corte Ingles.
Até me dói a alma só de pensar no sofrimento das filhas mais velhas de Pedro Passos Coelho que decidiu trazer o FMI para a sua própria casa e suspendeu-lhes as prendas de Natal para evitar o crescente endividamento familiar. Quando um homem que era visto com frequência em restaurantes de luxo, que gasta mais em cabeleireiro do que a maioria dos portugueses com a educação dos filhos e que tem fatos que davam para alimentar um pobre durante três anos chega a este ponto, isso sim é sofrimento. Se um pobre está à espera de um par de calças e no sapatinho só estão umas cuecas no sapatinho o sofrimento não é muito, mas quando se espera um i-Pad, um Mini da BMW ou um telemóvel que faz tudo e se chega ao sapatinho e está vazio, isso sim é sofrimento.
É um pouco como uma boa parte dos nossos bispos que dedicaram a homilia da missa do galo e que neste momento deverão estar a pensar neles, rezando por eles enquanto fazem o sacrifício de se banquetearem nas mesas de fartura das famílias mais abastadas da diocese. Deste sim te tenho pena, imaginem o que custa trinchar uma bela perna de cabrito assado sem nos conseguirmos livrar da imagem da pobreza tão bem retratada na noite anterior.
Para estes sim que vai a minha solidariedade natalícia.