domingo, dezembro 19, 2010

Semanada

1. Ao contrário do que era habitual o Zé deixou de ser o protagonista destas eleições presidenciais, o debate deixou de se centrar nas galinhas, mais propriamente em esfomeados correndo atrás de galináceos na esperança de lhes roubar a comida. Já se confirmou que Fernando Nobre e Francisco Lopes testemunharam esta realidade, um algures no mundo e outro numa aldeia do distrito de Coimbra, resta esperar que Alegre confirme a existência do raro fenómeno em Águeda e que Cavaco faça o mesmo em relação ao Algarve. É de esperar que os ingleses da Aardman Animations se venham a interessar pelo debate político nacional e venha rodar uma versão lusa do filme “Chickens run”. Até pode ser que com eles venha a BBC para rodar um documentário sobre a aldeia de Francisco Lopes onde já nos anos 60 as crianças eram tão pobres que andavam todas descalças.

2. Depois de um longo período de reflexão o governo descobriu que para a economia poder crescer seriam necessárias precisamente 50 medidas, 49 seriam de menos e 51 seriam demais. Entre as cinco dezenas de medidas destaca-se uma que José Sócrates introduziu como garantia da defesa dos trabalhadores, a criação de um fundo que se destina a flexibilizar os despedimentos, graças ao fundo os trabalhadores poderão ter a certeza de que já que não chegam à idade de reforma sempre têm garantida uma pequena indemnização mais dois ou três anos de subsídio de desemprego.

3. Finalmente o país ficou descansado com o negócio dos famosos blindados destinados a combater os motins que poriam em risco a segurança dos participantes na cimeira da NATO que, como se viu, só escaparam à fúria dos manifestantes violentos porque atravessaram o Rio Trancão a nado para se refugiarem na outra margem. O ministro da Administração Interna assegurou que não aceitaria os blindados se não chegassem dentro do prazo, uma esperança para os magistrados que poderão recorrer ao dinheiro para comprar papel.

4. O pais também ficou descansado porque tem em Belém um grande lutador contra a ditadura fascistas, ainda por cima vítima da mais brutal técnica de tortura alguma vez praticada pela PIDE, os algozes do regime vingaram-se da luta travada por Cavaco Silva contra a ditadura e interromperam-lhe a lua-de-mel mandando-o para Moçambique. Silva Pais terá dito aos seus inspectores: “este gajo casou para nos tramar mas lixa-se, agora fica a chupar no dedo e vai para Moçambique!”. Resta saber quanto tiros ouviu Cavaco em Moçambique e quantos adiamentos da tropa pediu antes de lhe terem obrigado a interromper o cumprimento das obrigações matrimoniais para o obrigarem a cumprir outros deveres.