Recorda-me um amigo de um pormenor esquecido pela generalidade dos comentadores, quando Manuela Ferreira Leite saiu do governo recordam-se para onde foi? Não, não foi para o parlamento, também não foi para presidente da Caixa Geral de Depósitos por o governo maldito não seguiu a sugestão, também não foi para o BdP onde já estava reformada.
Quando abandonou o governo Manuela Ferreira Leite foi fazer uso dos seus vastos conhecimentos de economia como administradora não executiva do Banco Santander, onde recebia 10.000 euros por emprestar o seu nome à imagem do banco. Na ocasião alguém disse que a ministra ia assegurar o research macroeconómico do banco, o que se compreende pois o banco não tinha economistas e na sede em Madrid ninguém tem mais do que a quarta classe.
Como esta forma de desenrascanço dos políticos se generalizou o próprio banco deu vários exemplos para justificar a escolha. Compreende-se o banco precisava de uma economista e nem lhe passava pela cabeça outra coisa.
A mim também não, se há verdade adquirida na sociedade portuguesa é que a palavra cavaquismo é uma espécie de água oxigenada em matéria de honestidade, ser cavaquista é possuir uma certidão de honestidade e está por nascer um português mais honesto do que eles.
O problema é que uma ministra da Finanças vai vender os seus serviços a um banco que é useiro e vezeiro na contratação de políticos influente e uns anos depois sabe-se dos duvidosos negócios com swaps que o próprio banco se recusa em negociar. Curiosamente o Santander tinha já na época um administrador executivo com o carimbo de cavaquistas, era Elias da Costa, ex-secretário de Estado das Finanças. Enfim, esta preferência por gente das Finanças parecia ser um tique do banco espanhol.
Esta ligação do circulo cavaquista aos interesses espanhóis era mais vasto, recorde-se das ligações de Dias Loureiro a Aznar e a presença de espanhóis no BPN. A lista é grande e abrange gente de todos os partidos do chamado arco do poder, que nalguns casos é mais um arco de corrupção.
Seria um incentivo à violência sugerir que se dê um pontapé no cu de políticos que já tendo recebido gorjetas em administrações não executivas de grandes interesses e agora exercem cargos públicos em que decidem ou podem decidir beneficiando ou prejudicando os que lhes deram a gorjeta ou concorrem com estes?
Veja-se o caso de um conhecido administrador do último banco a sacar dinheiro aos contribuintes, nos últimos meses começou a aparecer como crítico do seu próprio governo, mal este governo caiu foi para o banco e desde então é um incansável defensor de todas as políticas que interessam ao seu banco e ao poder que o ajudou. Quem não gostaria de dar um valente pontapé em tão fino e refinado cu?