quarta-feira, março 12, 2014

Cavaco e o consenso

O grande contributo que se num período de crise se poderia esperar de um Presidente da República seria o prestígio institucional, a competência, a imparcialidade e a confiança. Acontece que Cavaco não merece confiança, não tem nada de imparcial, tem-se revelado incompetente para o desempenho do cargo e a sua presidência não tem o prestígio de outras. É por isso que todas as suas tentativas de chegar ao que designa por consenso falham, do ponto de vista institucional Cavaco é um “mono político” a quem ninguém dá muita atenção, as suas afirmações servem de vez em quando para as pedradas que a direita manda à oposição e pouco mais.

Um presidente que tudo fez para levar a direita ao poder e que permitiu conspirações palacianas contra o regime democrático não é merecedor da confiança por parte daqueles que eles ajudou a derrubar. Cavaco Silva não tem condições para levar o PS à mesa de negociações muito menos para forçar este partido a apoiar incondicionalmente os excessos de troikismo de Passos Coelho.

Um Presidente que não faz da defesa da Constituição um pilar da sua actuação não é merecedor de confiança por todos os que defendem a legalidade democrática. Não é possível um diálogo tutelado por alguém que considera constitucionais todas as medidas que o seu governo aprova. Despois da forma como Cavaco se tem relacionado com a oposição, designadamente, com o PS não é uma pessoa de confiança, além disso ninguém viu Cavaco muito empenhado em obrigar o governo a cumprir outros acordos que ele terá tutelado, como sucedeu com o acordo de concertação social.
  
Um Presidente que não foi capaz de ser imparcial, actuando como se fosse mais um ministro do governo de Passos Coelho não está em condições de apelar a consensos. Aquele que permitiu ao primeiro-ministro alterar sistematicamente o memorando de entendimento com a troika sem qualquer participação da oposição ou do PS na qualidade de um dos seus signatários não está agora em condições de sugerir consensos. Um consenso realizado nestas condições não passa de uma manobra oportunista.
  
Cavaco perdeu a confiança das oposições, não se tem revelado competente para o cargo e o seu prestígio já não pesa nas decisões de ninguém. Cavaco não está em condições de sugerir o que quer que seja a todos os que ignorou e nesse sentido é um presidente ferido, o melhor contributo que poderia dar para um consenso seria a sua resignação.