Marques Mendes desempenhou mais uma vez o papel de tagarela governamental
para que o países começasse a ser preparado para mais cortes na despesa
pública, o que significa mais cortes de salários e pensões, pois são esses os
cortes mais apreciados por Passos Coelho, pelo menos enquanto o país tiver
funcionários públicos com um mínimo de qualificações. Começa a perceber-se o
empenho de Cavaco Silva num consenso e os esforços que fez nos últimos tempos
para levar o PS a tomar o xarope servido pela direita.
Um dia destes além dos habituais indicadores do INE vamos
ter de adoptar estatísticas mensais para outros indicadores, principalmente no
sector da justiça. Poder-se-ia, pro exemplo, adoptar um conjunto de indicadores
a designar por indicadores do fim da impunidade, para que os portugueses
soubessem o quanto têm de agradecer à ministra da Justiça que em tempos
anunciou o fim da impunidade. Seria interessante, por exemplo, saber quantos
processos prescrevem mensalmente e a que grupos sociais pertencem os beneficiados
de tal bandalhice judicial.
O país ficou abalado por dois manifestos, um de
personalidades nacionais e outro de personalidades estrangeiras, o primeiro
levou Cavaco Silva a despedir dois assessores e o segundo limitou-se a agitar
as águas pois nenhum dos que o assinaram era assalariado do Silva da Quinta da
Coelha. O país ficou a saber que a dívida nunca será paga, nem que Passos
Coelho decida acabar com os vencimentos e pensões, obrigando os funcionários públicos
e os pensionistas a não só serem escravos como a pagarem ao Estado o
equivalente ao que ganhavam antes de 2011.
O Gaspar do PS, um tal Óscar Gaspar, e o capitão da equipa B
do PS engasgaram-se mas lá conseguiram dizer que os cortes decididos pro Gaspar
com o apoio e solidariedade da troca não seriam para repor, isto é, concordaram
a posteriori com a política do governo. Numa semana quem que Merkel elogiou
Seguro depois deste ter estado três horas em amena cavaqueira como o seu amigo
Seguro é caso para dizer que com divergências insanáveis como aquelas que
existem até se dispensa qualquer consenso. Cavaco terá razão, se é para estarem
de acordo mais valia assumirem-nos, assim sempre poderiam baixar os juros,
podendo-se promover mais um corte no IRC, o único assunto em que nunca ocorreu
qualquer divergência insanável.