Se na manifestação de ontem alguém se lembrasse de dizer que os manifestantes vieram fardados e o governo teve de recorrer aos polícias de licença para lhes fazer frente não teríamos estranhado, eram quase tantos os que se manifestavam do que os que se manifestavam. O governo teve medo, teve tanto medo que quase pediu ajuda à NATO para proteger o parlamento, o mesmo governo que apoia os manifestantes que nas praças de Kiev ou do Cairo derrubam governos, tem medo que os seu povo de manifeste.
É óbvio que se os manifestantes o quisessem fazer teriam subido as escadarias e dificilmente aqueles jogos a que se assistiu nos primeiros degraus do parlamento ter-se-iam transformado numa marcha degraus acima. O governo não se limitou a juntar todas as forças de que dispunha, fez questão d e divulgar às televisões as ordens ameaçadoras que tinha dado aos polícias fardados, os portugueses ouviram em directo os planos e tal como sabem quando começa a segunda parte de um jogo de futebol, também sabiam quando começariam as cacetadas.
O que ontem se viu no parlamento foi uma nova forma de actuar em grupo, já se conhecia o arrastão, uma actuação reservada a marginais, a manifestação como sendo a forma adequada dos cidadãos comuns e agora sabemos que há uma terceira modalidade chamada empurrão que está reservada aos polícias. O jogo é simples, os que defendem esperam, os que chegam levantam tranquilamente os gradeamentos e dão início à formação ordenada. De um lado há três filas de espadaúdos bem equipados, do outro umas cinco filas de jogadores normais, os fardados impedem a subida de degraus, os outros tentam subi-los. Ganham os que avançarem mais degraus, ontem ganharam os desfardados na primeira metade do jogo, mas, para desgosto dos espectadores, deixaram-se empatar na segunda parte.
Foi uma desilusão, meio país assistiam ao jogo em directo, os adeptos do clube laranja torciam pelos fardados e tinham o Miguel Macedo à frente da sua claque, os outros torciam pelos civis e até tinham mandado um dos deputados do PCP incentivá-los quando ainda estavam a sair dos autocarros, no Marquês de Pombal. Os laranjas festejaram porque as suas redes ficaram invioladas, os outros clamam vitória porque garantem que se não fosse um jogo amigável teriam dado uma cabazada aos fardados.
E enquanto o empurrão decorria, eis que a lourinha do parlamento decidiu armar-se em membro do governo, fazendo promessas em nome do governo que não representa e ainda o jogo estava no intervalo e já o estava a abandonar, como se estivesse certa do resultado, tudo com um ar de quem tinha acabado de mostrar os seus dotes para candidata presidencial, defendeu o governo, dialogou e acalmou a populaça. E enquanto a lourinha ia pela travessa escura em caminho à viatura oficial já o sindicalista comunicava em directo as suas conquistas.
Os próximos manifestantes que tencionem retirar os gradeamentos que não se desiludam, o jogo do empurra, em que se permite retirar as grades e organizar uma formação ordenada sem levar nos cornos está reservado a equipas devidamente federadas no ministério da Administração Interna. Para as restantes equipas continuam a aplicar-se as regras normais, os fardados estão ali para dar no lombo e as equipas cinegéticas, ou como se diz agora o binómio homem animal, não está para aliviar a bexiga da bicharada. E desiludam-se os que pensam que a lourinha vai lá estar até à hora do jantar para os receber e garantir que lhes dá o que o governo lhes recusou. A bem da segurança pública é bom que os portugueses entendam que o jogo do empurrão apenas pode ser jogado entre polícias.
O ministro sobreviveu graças ao empate no jogo do empurrão, o problema é quando outros portugueses se sentirem confundidos com os jogares desfardados e acharem que podem retirar tranquilamente os gradeamentos para dar início a uma partida de empurrão. É nessa altura que Miguel Macedo vai ter de explicar onde está escrito que só os seus podem jogar ao jogo do empurrão e voltarem inteiros para casa.
Os próximos manifestantes que tencionem retirar os gradeamentos que não se desiludam, o jogo do empurra, em que se permite retirar as grades e organizar uma formação ordenada sem levar nos cornos está reservado a equipas devidamente federadas no ministério da Administração Interna. Para as restantes equipas continuam a aplicar-se as regras normais, os fardados estão ali para dar no lombo e as equipas cinegéticas, ou como se diz agora o binómio homem animal, não está para aliviar a bexiga da bicharada. E desiludam-se os que pensam que a lourinha vai lá estar até à hora do jantar para os receber e garantir que lhes dá o que o governo lhes recusou. A bem da segurança pública é bom que os portugueses entendam que o jogo do empurrão apenas pode ser jogado entre polícias.
O ministro sobreviveu graças ao empate no jogo do empurrão, o problema é quando outros portugueses se sentirem confundidos com os jogares desfardados e acharem que podem retirar tranquilamente os gradeamentos para dar início a uma partida de empurrão. É nessa altura que Miguel Macedo vai ter de explicar onde está escrito que só os seus podem jogar ao jogo do empurrão e voltarem inteiros para casa.
PS: Miguel Macedo vai propor ao governo a criação da Federão Nacional do Empurrão que será um jogo que passará a fazer parte do programa curricular da Escola Nacional de Polícia. Até poderiam ir À Nova Zelândia para copiarem alguns rituais com os guerreiros Maori para embelezar o jogo.