Aquilo que se passa na nossa comunicação social e, em particular, naquilo a que alguns designam por imprensa económica, roça o vergonhoso, justifica que se diga muito pior do que Pacheco Pereira disse no programa “Quadratura do Círculo”. O que se passa é bem pior do que unanimidade, a verdade é que, salvo algumas excepções, nós não temos jornalismo económico, o que nós temos são uns pitbulls e uns mercenários a quem alguém lhes entregou uma carta de jornalista e, nalguns casos, um diplomazeco de economia ou de algo parecido.
E o mais grave é que estes imbecis, alguns nem passariam num exame de introdução `a economia, ainda escrevem artigos e livros a dizer o país o que devem fazer. Mas quando entrevistam o Soares dos Santos, como já tive oportunidade de ver na SIC Notícias, derretem-se todos e se o merceeiro lhe pedisse até lhe lamberiam o dito cujo. Não me recordo de nenhum destes senhores lhe perguntar porque não investe mais nos famosos “bens transaccionáveis” como defende o amigo Aníbal, ou porque só aposta no comércio, comprando a quem vende mais barato, de preferência na China.
Mas o que se passa nessa comunicação social é bem mais grave pois o que esses bandalhos fazem é manipulação da opinião pública em favor de determinados interesses. Se somarmos os accionistas da banca, aos da distribuição, aos do negócio do alcoolismo, aos das telecomunicações e aos das energias obtemos como resultado uma parte substancial dos mais ricos e poderosos, os que mais beneficiaram das polícias passadas que agora condenam, os que mais subsídios, benefícios fiscais e rendas excessivas beneficiam, os que mais facilmente são excepções nas leis da concorrência, os que mesmos apostam na produção nacional e mais estimulam o consumo do que é importado.
É evidente que os nossos jornalistas económicos não se perdem de amores pelas personagens, mas adoram gorjetas, viagens pagas, prendas de Natal e de aniversário e, acima de tudo o emprego e salário estáveis que tanto condenam nos outros, em especial nos funcionários públicos. E esses empregos e salário estáveis só são possíveis graças à publicidade, já que ninguém está disposto a pagar mais do que uns trocos pelas suas excreções jornalísticas. Acontece que o conjunto dos orçamentos publicitários daqueles senhores pagam a nossa comunicação social e desde o Costa do Expresso ao Ferreira da SIC, para não referir um conhecido vómito do Jornal de Negócios, dependem do dinheiro desses senhores, sem a publicidade das empresas beneficiadas teriam de limpar o traseiro aos seus jornais.
Aquilo a que assistimos em Portugal é uma vergonha, os jornalistas usam a comunicação social para convencer o povo de que é o culpado de tudo e que deve suportar todas as brutalidades, para que aqueles senhores se sintam felizes e estejam disponíveis para criarem meia dúzia de empregos em regime precário e com salários miseráveis.