terça-feira, maio 01, 2018

RUI RIO E OS INCOBRÁVEIS DA CGD


Compreende-se QUE Rui Rio defenda que se torne pública a listados grandes calotes na CGD. Se estas dívidas resultaram em prejuízos que tiverem de ser cobrados pelos contribuintes por via de uma recapitalização, faz todo o sentido que os cidadãos deste país conheçam quem os vigarizou. O que não se compreende é o motivo porque Rui Rio limita esta exigência aos grandes devedores.

O que Rui Rio defende para os grandes devedores sucede no fisco com todos os que devem ao fisco e não cumprem com as suas obrigações fiscais. Parece que Rui Rio está mais interessado na chacota política do que no debate sério. Porque será que Rui Rio quer esconder os outros devedores que vigarizaram o banco?

A resposta é óbvia, não foi um ou dois Joes Berardos que afundaram a CGD, foram esses e muitos outros mais pequenos, muitos deles ligados a estruturas partidárias locais, pequenos esquemas que estão passando impunes. Seria interessante saber quantos autarcas estão ligados à CGD e comparar o peso destes com os autarcas que trabalham noutros bancos. A verdade é que há autarcas que se conseguem eleger beneficiando do estatuto local conseguido na CGD.

Aliás, não é apenas no plano do sigilo que os devedores da CGD deveriam ser equiparados aos devedores ao fisco, também as dívidas deveriam ter o mesmo tratamento. Se o Estado recapitalizou a CGD, as dívidas incobráveis que foram compensadas por essa recapitalização deveriam passar para a posse do Estado, devendo ser cobradas pela AT. Seria interessante ver o que fariam os devedores da CGD, desde o Joe Berado ao mais pequeno, quando o seu património e fontes de rendimento fossem penhoradas automaticamente.

É uma pena que Rui Rio limite as suas propostas ao oportunismo político e em vez de pensar nas contas do Estado esteja a raciocinar tendo apenas em consideração as suas contas eleitorais. Poderia, por exemplo, questionar Paulo Macedo sobre quantas chefias da CGD foram demitidas por terem concedidos créditos duvidosos ou quantas auditorias mandou fazer para apurar responsabilidades na concessão de créditos manhosos.