Compreende-se QUE Rui Rio defenda que se torne pública a listados
grandes calotes na CGD. Se estas dívidas resultaram em prejuízos que tiverem de
ser cobrados pelos contribuintes por via de uma recapitalização, faz todo o
sentido que os cidadãos deste país conheçam quem os vigarizou. O que não se
compreende é o motivo porque Rui Rio limita esta exigência aos grandes
devedores.
O que Rui Rio defende para os grandes devedores sucede no
fisco com todos os que devem ao fisco e não cumprem com as suas obrigações
fiscais. Parece que Rui Rio está mais interessado na chacota política do que no
debate sério. Porque será que Rui Rio quer esconder os outros devedores que
vigarizaram o banco?
A resposta é óbvia, não foi um ou dois Joes Berardos que
afundaram a CGD, foram esses e muitos outros mais pequenos, muitos deles
ligados a estruturas partidárias locais, pequenos esquemas que estão passando
impunes. Seria interessante saber quantos autarcas estão ligados à CGD e
comparar o peso destes com os autarcas que trabalham noutros bancos. A verdade
é que há autarcas que se conseguem eleger beneficiando do estatuto local
conseguido na CGD.
Aliás, não é apenas no plano do sigilo que os devedores da
CGD deveriam ser equiparados aos devedores ao fisco, também as dívidas deveriam
ter o mesmo tratamento. Se o Estado recapitalizou a CGD, as dívidas incobráveis
que foram compensadas por essa recapitalização deveriam passar para a posse do
Estado, devendo ser cobradas pela AT. Seria interessante ver o que fariam os
devedores da CGD, desde o Joe Berado ao mais pequeno, quando o seu património e
fontes de rendimento fossem penhoradas automaticamente.
É uma pena que Rui Rio limite as suas propostas ao
oportunismo político e em vez de pensar nas contas do Estado esteja a raciocinar
tendo apenas em consideração as suas contas eleitorais. Poderia, por exemplo,
questionar Paulo Macedo sobre quantas chefias da CGD foram demitidas por terem
concedidos créditos duvidosos ou quantas auditorias mandou fazer para apurar
responsabilidades na concessão de créditos manhosos.