A conclusão final do congresso do PS é que não havia nada
para discutir. Os congressos só dão luta quando está em causa a escolha de uma liderança ou
quando o partido está na oposição e as eleições estão para breve. Este congresso do PS foi uma missa enfadonha feita para cumprir a agenda. António Costa foi
ao palco para dizer que nada tinha para dizer, pelo meio deixou algumas banalidades como o
regresso dos jovens, algo em que nem ele próprio acredita.
Sem nada para debater o balanço do congresso serviu para ser lançada uma
candidatura para uma futura disputa pela liderança do PS e duas candidaturas a
lugares financeiramente muito confortáveis no Parlamento Europeu. Pedro Nuno
Santos saiu do congresso com o estatuto de primeiro candidato à sucessão de
António Costa, Ana Gomes e Francisco Assis foram rezar um terço para que o
partido lhes assegure a manutenção dos seus rendimentos.
Não faz qualquer sentido que a pelo menos seis anos de distância
alguém apresente uma pré-candidatura à liderança do PS ou sabendo que essa é a
imagem que passa na comunicação social nada faça para a contrariar. O que
pretende Pedro Nuno Santos? Ganhar vantagem em relação a outras personalidades
do PS, adiantando-se para daí tirar proveito na gestão da sua imagem? É um jogo
pouco transparente e mesmo pouco honesto, ainda por cima assenta o seu discurso
num cenário político de aliança à esquerda a pelo menos seis anos de distância.
Francisco Assis antecipou a sua chegada ao congresso promovendo
uma barragem de artilharia uns dias antes do início do conclave, fez constar
através do seu espaço no Público que a Geringonça tinha prazo de validade, era como um iogurte que estava à beira de azedar.
Desta forma deu uma cambalhota pouco digna, há três anos Francisco Assis dizia
que era ele que representava a maioria dos eleitores do PS e tentou
mobilizá-los para impedir o nascimento da Geringonça, que nessa época não era um
iogurte mas sim um copo de cianeto para o PS. A meses das eleições europeias
assim faz um flique-flaque na frente dos congressistas felizes por o ver virar a casaca à frente de todos e com o maior despudor. Poderá ter conquistado
o apoio destes para uma candidatura a deputado europeu, veremos se os tais
eleitores que ele disse representar vão voltar a votar na sua candidatura, dispensando-o do exílio desejado.
Ana Gomes descobriu em Sócrates mais uma das guerras santas
com que costuma infernizar o PS até que alguém arranje forma de a calar, como
por exemplo um cargo de luxo lá muito longe, em Estrasburgo. A estratégia já
deu resultados no passado, já que não foi para ministra dos Negócios
Estrangeiros, cargo que deseja quase tanto como Maria José Morgado deseja o de
Procuradora-Geral da República, a ex-MRPP quer o protagonismo bem remunerado na
Europa e usa sempre a estratégia da artilharia pesada para comprarem o seu silêncio. Desta vez percebeu que
ia ser inconveniente e achou que a melhor forma de conseguir o intuito era ser
mais mansinha, ficou-se pelas ameaças de partir loiça. Veremos se os eleitores
do PS ficaram contentes com a sua estratégia.