segunda-feira, maio 28, 2018

UM CONGRESSO E TRÊS CANDIDATURAS


A conclusão final do congresso do PS é que não havia nada para discutir. Os congressos só dão luta quando está em causa a escolha de uma liderança ou quando o partido está na oposição e as eleições estão para breve. Este congresso do PS foi uma missa enfadonha feita para cumprir a agenda. António Costa foi ao palco para dizer que nada tinha para dizer, pelo meio deixou algumas banalidades como o regresso dos jovens, algo em que nem ele próprio acredita.

Sem nada para debater o balanço do congresso serviu para ser lançada uma candidatura para uma futura disputa pela liderança do PS e duas candidaturas a lugares financeiramente muito confortáveis no Parlamento Europeu. Pedro Nuno Santos saiu do congresso com o estatuto de primeiro candidato à sucessão de António Costa, Ana Gomes e Francisco Assis foram rezar um terço para que o partido lhes assegure a manutenção dos seus rendimentos.

Não faz qualquer sentido que a pelo menos seis anos de distância alguém apresente uma pré-candidatura à liderança do PS ou sabendo que essa é a imagem que passa na comunicação social nada faça para a contrariar. O que pretende Pedro Nuno Santos? Ganhar vantagem em relação a outras personalidades do PS, adiantando-se para daí tirar proveito na gestão da sua imagem? É um jogo pouco transparente e mesmo pouco honesto, ainda por cima assenta o seu discurso num cenário político de aliança à esquerda a pelo menos seis anos de distância.

Francisco Assis antecipou a sua chegada ao congresso promovendo uma barragem de artilharia uns dias antes do início do conclave, fez constar através do seu espaço no Público que a Geringonça tinha prazo de validade, era como um iogurte que estava à beira de azedar. Desta forma deu uma cambalhota pouco digna, há três anos Francisco Assis dizia que era ele que representava a maioria dos eleitores do PS e tentou mobilizá-los para impedir o nascimento da Geringonça, que nessa época não era um iogurte mas sim um copo de cianeto para o PS. A meses das eleições europeias assim faz um flique-flaque na frente dos congressistas felizes por o ver virar a casaca à frente de todos e com o maior despudor. Poderá ter conquistado o apoio destes para uma candidatura a deputado europeu, veremos se os tais eleitores que ele disse representar vão voltar a votar na sua candidatura, dispensando-o do exílio desejado.

Ana Gomes descobriu em Sócrates mais uma das guerras santas com que costuma infernizar o PS até que alguém arranje forma de a calar, como por exemplo um cargo de luxo lá muito longe, em Estrasburgo. A estratégia já deu resultados no passado, já que não foi para ministra dos Negócios Estrangeiros, cargo que deseja quase tanto como Maria José Morgado deseja o de Procuradora-Geral da República, a ex-MRPP quer o protagonismo bem remunerado na Europa e usa sempre a estratégia da artilharia pesada para comprarem o seu silêncio. Desta vez percebeu que ia ser inconveniente e achou que a melhor forma de conseguir o intuito era ser mais mansinha, ficou-se pelas ameaças de partir loiça. Veremos se os eleitores do PS ficaram contentes com a sua estratégia.