terça-feira, janeiro 29, 2008

A flexisegurança à portuguesa


Desenganem-se os que acham que a flexisegurança que tanto assusta os nossos sindicalistas e Durão Barroso apresentam como a melhor forma de os trabalhadores da União Europeia serem mais pobres mas felizes. Muito antes dos dinamarqueses terem a ideia a flexisegurança já era aplicada com sucesso em Portugal.

O exemplo mais acabado das virtudes da flexisegurança foi a recente mudança de Armando Vara da CGD para o Millennium, o ex-bancário de Bragança só se desvinculou do banco público quando tinha a segurança de um lugar no Millennium. Aliás, Vara é também um exemplo das virtudes da flexisegurança, com toda a segurança e sem ter que ir a um centro de emprego saltitou entre vários cargos desde que abandonou o governo de Sócrates e em cada mudança melhorou a sua situação.

Se Vara é um exemplo das vantagens da mobilidade e da segurança na mudança de emprego, não faltam na sociedade portuguesa exemplos da vantagem do modelo. Veja-se o caso dos ex-administradores do Banco de Portugal, adquiriram a segurança vitalícia precisamente no momento em que foram “despedidos”.

Só não percebo como é que em Bruxelas se diz que as novas regras do mercado de trabalho são uma novidade nórdica se na presidência da EU está um dos casos de maior sucesso da flexisegurança. Durão Barroso conseguiu mudar de emprego sem ter estão um minuto no desemprego, Se Vara ainda teve que passar pelo parlamento, com a perda de rendimentos e correndo mesmo o risco de ficar com hemerroidas (o que tendo em conta o desconforto das cadeiras de São Bento há muito que deviam ser consideradas uma doença profissional parlamentar), Durão Barroso limitou-se a passar por Belém para entregar Santana a Jorge Sampaio, para depois passar pelo ainda aeroporto de Lisboa a caminho de Bruxelas.

Até Luís Filipe Menezes já se converteu á flexisegurança, veio para Lisboa, onde trabalha com um tal Vaz que é especialista em vender iogurtes de marca branca, mas mantém o lugar na autarquia de Vila nova de Gaia de onde só sairá se Cavaco lhe der as chaves de São Bento. O próprio Portas é um adepto da flexibilidade pois tanto é como deixa de ser líder do CDS, serve-se da flexibilidade para dar umas voltas e da segurança quando acha que é mais seguro liderar um partido com assento parlamentar do que andar por aí indefeso. Até o insuspeito Jerónimo de Sousa é sensível às vantagens da flexisegurança, acha que a colocação de deputados do PCP no parlamento deve ser o mais flexível possível e quando algum deputado torce o nariz à mudança, como sucedeu com a deputada Luísa Mesquita, oferece-lhe a segurança de uma aposentação vantajosa.

É tempo de dizer aos dinamarqueses que não inventaram nada o seu ao seu dono, a flexisegurança é tão portuguesa como os peixinhos da horta ou as sandes de courato!