sexta-feira, janeiro 04, 2008

África: voltem colonialistas porque estão perdoados


Passados décadas desde o fim do colonialismo a história de África é uma colecção de horrores, genocídios, ditadores oportunistas, guerras civis, destruição generalizada, corrupção, roubo descarado dos recursos naturais. São poucos os países onde é possível fazer um balanço positivo, veja-se o caso das ex-colónias portuguesas onde o único caso de sucesso relativo é Cabo Verde, a Guiné está entregue ao narco-tráfico, em São Tomé e Príncipe a miséria continua e o colonialismo apenas mudou de cor, em Angola os senhores do MPLA enriqueceram com uma guerra de destruiu o país, Moçambique persiste em ser um dos países mais pobres do mundo. Nem mesmo países que eram apontados pela estabilidade, como é o caso do Quénia, escapam a uma realidade deprimente.

Para os líderes locais é fácil identificados, a culpa começou por ser dos colonialistas para depois ser dos neo-colonialistas, mesmo quando se sabe que a maioria destes dirigentes foram alguns dos poucos protegidos do colonialismo e uma boa parte deles enriqueceu com a corrupção gerada pelo neo-colonialismo. Mas com o argumento da vitimização podem continuar a negar os direitos aos seus cidadãos, a vender os recursos naturais desviando as receitas para as suas contas bancárias nos paraísos ficais, a matar indiscriminadamente.

África tem futuro? Duvido muito e os acontecimentos no Quénia só reforçam o meu pessimismo, uma boa parte das elites africanas têm um total desprezo pelos povos africanos, são bem piores que os colonialistas que os antecederam. Quantos portugueses enriqueceram mais em Angola do que a família de Eduardo dos Santos? Poucos, senão mesmo nenhum.

Talvez seja tempo de analisar o que se passa sem recorrer ao politicamente correcto que serve para encobrir os complexos de culpa de alguns e o enriquecimento dos que no Ocidente beneficiam das alianças que mantêm com os que dirigem muitos dos países africanos. É tempo de perseguir e condenar os responsáveis pela destruição de África, sejam líderes africanos ou empresários, políticos ou instituições financeiras do Ocidente.

Mais tarde ou mais cedo os países ocidentais pagarão uma elevada factura pela sua negligência culposa ou mesmo co-responsabilidade pelo que está a suceder no continente africano, fenómenos como a emigração, o emergir do fundamentalismo religioso e o aumento dos preços do petróleo são os primeiros sinais. O Ocidente pode sobreviver ao esquecimento de África mas não sobreviverá às convulsões daí resultantes.