sábado, janeiro 05, 2008

O calado vencerá?


As estratégias de Sócrates e Menezes nunca foram tão evidentes, o primeiro-ministro optou por gerir o silêncio enquanto o líder do PSD aproveita todas as oportunidades para fazer ruído. Realizada a cerimónia da assinatura do Tratado Sócrates concluiu as cerimónias da praxe da fase de encerramento da presidência da EU com discrição, foi de férias e regressou sem se dar por ele ou pelos seus ministros. Em contrapartida Luís Filipe Menezes recusou a sair dos ecrãs das televisões, só nos dispensou na noite de Natal, para centrar as atenções nele até mandou Santana Lopes desaparecer e Ribau ser mais discreto.

Sócrates cultiva a imagem do líder austero, que só fala quando é necessário e importante, receia o excesso de exposição mediática o que leva a que todas as atenções se centrem em si quando aparece. Sócrates sabe que os políticos mais bem vistos pela opinião pública são precisamente aqueles que são menos vistos, basta analisar as sondagens de opinião sobre políticos para se perceber que os mis apreciados são os que menos se expõem.

Luís Filipe Menezes sabe que a vantagem está do lado de Sócrates, a sua imagem passada não é compatível com as suas ambições e os primeiros meses da sua liderança do PSD foram desastrosos, com Santana Lopes a confirmar os piores receios. Se Sócrates desaparece os eleitores consideram isso como um gesto de austeridade, partem do princípio que ele está fazendo o que acha que deve ser feito. Se Menezes fizer a mesma opção os eleitores acham que não tem nada para dizer.

Enquanto o silêncio favorece Sócrates, o líder do PSD fica dividido entre um silêncio que o condena e um excesso de ruído que o penaliza, optou pela fuga para a frente, até porque o silêncio não favorece as contas do partido num momento em que a banca se apaixona por Sócrates, as suas autarquias estão falidas e a sua opinião não é tida nas grandes decisões envolvendo obras públicas.

A sorte não tem estado do lado de Menezes, aproveitou a crise do BCP para exigir um dos seus na CGD, sem sequer aparecer Sócrates “fez-lhe a vontade” e escolheu um cavaquista sugerido pelo Presidente da República, forçando-o a mandar Ruy Gomes da Silva elogiar a escolha. Foi para a Madeira passar o ano mas o Alberto disse tantos disparates nos últimos dias que Menezes teve de regressar em silêncio. Foi para as manifestações da Anadia mas os manifestantes decidiram trazer cartazes elogiando o Alberto, o que tornou evidente que o PSD estava por trás da iniciativa.

Por este caminho Menezes acaba no ridículo, a falar sozinho, Sócrates acbará por o vencer sem ter que abrir a boca.