Deve Portugal negociar com a Venezuela?

Têm-se vindo a generalizar as críticas à diplomacia portuguesa sempre que Sócrates visita ou é visitado por líderes que para alguns são considerados persona non gratas. Curiosamente estas críticas são feitas por personalidades do próprio PS ou próximas deste partido. Estas personalidades ficaram muito incomodadas como as visitas à Venezuela, Líbia, Angola e com a actual visita de Hugo Chavez a Lisboa, ainda que nunca tenham formulado uma posição sobre qual deve ser a política externa portuguesa.

Deve Portugal negociar com países como a Venezuela?

No caso da Venezuela a crítica roça o ridículo já que o regime político ainda está muito longe do da Coreia do Norte e a presença de uma grande comunidade portuguesa obriga a ter algum cuidado diplomático. Mas se a questão é a defesa dos direitos humanos pode colocar-se a mesma questão em relação a muitos outros países, não apenas Angola ou a Líbia.

Teríamos que quase cortar relações económicas e diplomáticas com uma boa parte dos países do mundo, reduzindo-as à Europa, Oceânia, América do Norte e meia dúzia de países da América Latina, África e Ásia. Isto é, um país sem recursos naturais e cuja economia depende das exportações teria de viver orgulhosamente só, mais isolado ainda que nos tempos de Salazar.

Um pequeno país como Portugal não se pode dar ao luxo de reduzir as relações económicas com Angola por causa do Eduardo dos Santos, com a Rússia por causa do Putin, com a Líbia por causa do Kadafi, com a Venezuela por causa do Chavez, com a China por causa do Tibete e por aí adiante. Em nenhum país do mundo os governos confundem os sentimentos em relação a terceiros países com os interesses nacionais, no caso de um país com as dimensões de Portugal isso seria mesmo desaastroso.

É evidente que muitos dos românticos que leio nos jornais ou na blogosfera têm uma situação económica que lhes permite viver bem independentemente da situação económica do país, falam de barriga cheia.