É evidente que Cavaco Silva não vai ajudar nem este nem nenhum governo a não ser que seja um governo de Manuela Ferreira Leite, a candidata em cuja eleição Cavaco Silva esteve envolvido, segundo noticiou o Expresso apesar do desmentido da Presidência da República que levou aquele jornal a manter a acusação.
A verdade é que desde que foi eleito Cavaco Silva esteve a tratar da sua vidinha, ou seja, a gerir a sua própria imagem, mais a pensar no segundo mandato do que nos interesses do país. Nos primeiros tempos ainda se meteu nas coisas da governação, promovendo pactos entre o PS e o PSD, mas desde que este partido deixou de ser liderado por “boa moeda” deixou-se disso, iniciando um ciclo de namoro com Sócrates que parece ter terminado com a escolha de Manuela Ferreira Leite para a liderança do PSD.
Compreende-se o embaraço de Cavaco Silva, se elogia Sócrates enterra Ferreira Leite, se critica Sócrates é acusado de favorecer a sua “gata borralheira”. Sócrates defende as obras, Ferreira Leite diz que não há dinheiro e o que faz Cavaco Silva? Lembra-se que uns autarcas ali dos lados de Alter o visitaram propondo duas pequenas estradas e aproveitou para chamar a atenção para estas obras. Mata três coelhos com uma cajadada, conquista o coração dos alentejanos que nem com poejos o engoliriam no passado, põe em causa o governo sem o referir directamente e dá uma ajudinha à “gata borralheira”.
Cavaco não disse o que pensa, não usou dos seus “vastos” conhecimentos de economia, limitou-se a fazer política fácil, mais virada para a gestão da sua imagem do que a pensar no país. Compreende-se, Cavaco percebeu que precisa de ultrapassar incólume esta crise económica, para isso afasta-se convenientemente do governo que prometeu ajudar (ainda que ninguém lho tivesse pedido), limita-se a umas evasivas, a ir ver o papa ou a lançar a confusão com pequenas inutilidades ideológicas como o dias da raça (curiosamente, Manuela Ferreira Leite veio agora compor o ramalhete dizendo que a família serve para procriar).
Obrigadinho pela ajuda senhor Presidente, não é maior do que a ajuda dada ao país pelo presidente da minha Junta de Freguesia, mas agradeço na mesma. Mas aproveito para lhe dizer que não tenciono votar em si, que nem que alguém me mande tapar os olhos no momento de inscrever a cruz no boletim de voto. O país não precisa de um presidente que vai ajudando aqui e ali em função de objectivos pessoais ou partidários, o país carece de um presidente isento e ambicioso que use os poderes presidenciais a pensar no futuro do país e não no seu futuro pessoal.