domingo, julho 20, 2008

semanada


Por cada semana que passa desde o congresso do PSD a sua líder, a caridosa senhor Manuela Ferreira Leite, toma uma nova posição em relação às obras públicas, começou pode defender em Guimarães que o dinheiro das obras era para ser distribuído pelos pobres, depois os pobres tramaram-se pois a caridosa senhora descobriu que o país estava teso, na semana seguinte e graças a uma dica presidencial mudou de posição e exigiu as contas, como as contas lá foram apresentadas a Manuela esta lá ficou descansada e agora exige co-decidir nas obras públicas, o que significa que já há dinheiro e os pobres podem esperar. Como Durão Barroso lhe explicou as vantagens do nuclear na tradicional visita dos novos líderes do PSD ao Manel das Frites, resta esperar que na próxima semana Manuela Ferreira Leite proponha um debate nacional sobre se o melhor é uma central nuclear, um TGV ou um aeroporto, enfim, de debate em debate haverá de chegar o momento do PSD governar, nem que seja daqui a seis anos e nessa altura já está tudo discutido e se poupou dinheiro suficiente.

Manuela Ferreira Leite tardou quatro semanas a defender o que Menezes exigiu no primeiro dia em que liderou o PSD, que o seu partido participe nas decisões, o mesmo é dizer nas comissões. Só que Menezes não andou com rodeios nem teve que envolver o Presidente da República nas contas do PSD, disse logo ao que vinha, não precisou de meter os pobres no negócio nem de se armar na versão lusa da Madre Teresa de Calcutá. Quatro semanas foi também o tempo que Menezes aguentou calado o que com o bicho-carpinteiro a atormentá-lo até pode ser considerado um recorde. Foi o mesmo tempo que Pedro Passos Coelho tardou a perceber que a tralha cavaquista que lidera o PSD se estava nas tintas para as suas ideias e projectos, pelo que se viu estão mais interessados em receber comissões nas obras públicas, a dois anos das legislativas mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.

Quem não está à espera que Ferreira Leite distribua o dinheiro que não temos mas ia ser gasto no TGV é a comunidade cigana da Quinta da Fonte, cansados de andarem aos tiros com a vizinhança decidiram candidatar-se a ocupar umas casas novas construídas nas imediações. Desta vez ninguém falou em racismo, nem o Louça nem o Bernardino Soares lá foram manifestar a sua tradicional solidariedade e foram poucos os que protestaram por aquele tipo de solução. Afinal o bairro da Quinta da Fonte tinha sido uma grande conquista conseguida no tempo em que o PCP geria por ali a instalação de mais uma little RDA autárquica, por isso desta vez a culpa só podia ser de Sócrates, o tiroteio aconteceu porque o pessoal do bairro, que anda cheio de vontade de trabalhar, se sentiu revoltada por causa do desemprego. Até o Demétrio Alves, bem bronzeado e com vista para o mar, explicou esta tese à TVI.

Quem poderá ir partilhar o tempo livre de Demétrio Alves é Valentim Loureiro, isto se a justiça for célere e se esgotarem os recursos ao acórdão do tribunal de primeira instância que o condenação a três anos de (não) prisão. Mas como os nossos magistrados é gente com muito trabalho e cuidadosa no estudo dos processos, entre férias judiciais e segundas e sextas de grande actividade de preparação dos julgamentos, é muito provável que antes do trânsito em julgado Valentim Loureiro ainda tenha tempo para cumprir o actual mandato, ganhar mais umas eleições e levr de novo o Boavista a campeão nacional.

Mais rápido foi o processo do caso Maddie, o casal McCain ainda foi constituído arguido mas como eram ingleses não caíram de nenhuma escada como uma a Leonor que acabou acusada da morte da filha. Tal como a Leonor o casal McCain também foi condenado na comunicação social graças a dicas policiais, mas desta vez algo correu mal. Agora foi o Procurador-Geral que ordeno que os seus magistrados analisem o processo com o devido cuida, o mesmo cuidado que não foi necessário com a Leonor Cipriano, afinal neste caso tudo correu muito bem, a populaça apupou e o juiz condenou.

Neste país em que alguns processos merecem ser analisados com cuidado chegou-se ao ridículo de se ter que produzir legislação para proteger os produtores tradicionais dos excessos de cuidados da ASAE. A ASAE abusa e em vez de demitirem o inspector-geral adoptam leis para proteger os produtores tradicionais dos rigores e excessos com que o António Nunes aplica a lei.