Do PCP aos do Bloco de Esquerda, sejam os incondicionais de Estaline ou os que usavam um “4” na foice e martelo, este é um princípio elementar, o que se compreende, ninguém está a ver um povo sem razões de queixa da economia ir buscar o Barnardino Soares ou o Luís Fazenda para os meterem em primeiro-ministro e em ministro das Finanças.
Enquanto os nossos admiradores do esquizofrénico Kim Jong Il ou de Enver Hodja protestam contra a pobreza sonham com uma crise que leve a que seja a fome a empurrar o povo para a revolução. É evidente que no nosso politicamente correcto nem o PCP assume esta posição apesar da sua afirmação de que o leninismo está actual, nem convém a um bom democrata deixar de fazer de conta que é assim, os comunistas são necessários à democracia.
O mais curioso é que a nossa direita tem, andado numa grande excitação com a crise económica, o aumento dos preços dos combustíveis tem funcionado para ela como um viagra político, quanto mais o preço do petróleo sob mais agitado anda Paulo Portas. Até o cavaquismo que tinha entrado em regime de pré-reforma saiu da dormência em que estava para ganhar novo ânimo com a crise.
A direita viu na crise um novo ânimo, algo que não sentia desde os tempos do Processo Casa Pia, quando a dupla Portas e Bagão Félix parecia mandar em Portugal. Dir-se-ia que aderiu ao leninismo, quanto pior melhor, deixou de esconder a alegria por cada dificuldade adicional em resultado de fenómenos exógenos. A mesma crise que leva os comunistas a sonhar com Precs leva a direita a sentir que o poder pode cair-lhes nas mãos, mesmo com a sua líder recolhida num qualquer convento, condicionada por um voto de silêncio.