Esta mudança de posições nada teria de anormal se, entretanto, alguém da Presidência da República não tivesse feito chegar ao semanário SOL que a Presidência da República teria pedido informação sobre os custos das obras públicas há dois meses, sem que tenha sido dada resposta pelo governo.
O que mudou entre as duas tomadas de posição de Manuela Ferreira Leite? É evidente que na segunda posição, assumida na entrevista à TVI, a líder do PSD alinhava as suas posições com as de Cavaco Silva, não sendo de admirar que o Presidente da República tenha vindo a público reforçar a sua posição com a história das pequenas obras de que o Alentejo carece, o mesmo Alentejo que ele desprezou durante uma década, condenado por não votar no então primeiro-ministro.
Manuela Ferreira Leite está a par da agenda presidencial, tem acesso a informação privilegiada da Presidência da República, ou estamos perante meras coincidências? Depois de o Expresso ter dado conta do envolvimento da Presidência nas directas do PSD é difícil de acreditar em coincidências.
Com Cavaco Silva a Presidência da República tem-se tornado um centro de intriga política, apesar de Cavaco Silva raramente tomar posições política, muito menos sobre questões que poderão ter custos eleitorais para o próprio, os seus “assessores” multiplicam-se em intervenções não assumidas, alimentando um clima de instabilidade política. Se Cavaco Silva nada fez para combater a instabilidade económica, os seus assessores promovem um ambiente de instabilidade política.
O que pretende Cavaco Silva e a sua equipa de assessores, na sua maioria gente ligada à actual direcção do PSD?
Começa a ser evidente que pretendem interferir no processo político visando os resultados das próximas legislativas.