Umas no cravo e outras tanta na ferradura

FOTO JUMENTO

Pássaro

IMAGEM DO DIA

[David Barrio]

«Una simple morena puede parecer un animal temible cuando asoma de las profundidades de su cueva.» [Publico.es]

JUMENTO DO DIA

Cavaco Silva está incomodado

Uma semana depois, quando todos os portugueses se aperceberam de ter ocorrido o primeiro caso de "inside trading" na política portuguesa, com Manuela Ferreira Leite usar despudoradamente a informação que obteve nos serviços da Presidência da República, Cavaco Silva manda um qualquer assessore anónimo dar conta do seu mal-estar com a situação. Esperava que ninguém reparasse neste comportamento?

Ou Cavaco Silva ou Manuela Ferreira Leite não ficam bem nesta situação, se Cavaco deu a informação estamos perante o pior atentado à credibilidade democrática da instituição Presidência da República, se a iniciativa foi de Manuela Ferreira Leite revela uma total falta de sentido de estado. Algum dos dois pisou o risco e era bom que os portugueses soubessem quem foi.

NO AVANTE DESTA SEMANA

O PCP dedica o editorial à libertação a contra-gosto de Ingrid Betancurt, de repente já há votos de congratulação da ex-candidata presidencial e de alguns "prisioneiros de guerra". Para o PCP os raptados são prisioneiros de guerra:

«É o que tem vindo a acontecer desde que se concretizou o resgate de Ingrid Betancourt e a recuperação de alguns prisioneiros de guerra em poder das FARC.» [Avante]

Quem não se escapou à crítica do PCP foi o Bloco de Esquerda, que no debate parlamentar esteve ao lado da burguesia:

«Esta tentação oportunista é permanente. Este nosso colectivo partidário reconhece-a e combate-a todos os dias. Como a Europa está recheada de exemplos, a única diferença entre um comportamento parlamentar oportunista e a total rendição à burguesia, é uma curta diferença temporal. Sabemos que não é fácil lutar e resistir. Sabemos que no Parlamento burguês o partido proletário e internacionalista ficará isolado muitas vezes.» [Avante]

Numa edição que poderia muito bem ser um número dedicado à solidariedade com os narco-guerrilheiros das FARC o PCP descobre que a revolução também se escreve por linhas tortas e que os métodos dos bandalhos ds FARC são uma forma original de chegar ao socialismos, comparável mesmo à mítica revolução de Abril:

«Vem isto a propósito da Colômbia e dos caminhos percorridos pelo povo colombiano na sua luta pela liberdade, a paz e o progresso social. Caminhos profundamente originais onde se desenvolveram e combinaram diferentes formas de luta, legais e clandestinas, institucionais e armadas, mas todas elas profundamente enraizadas nas massas, nas suas aspirações, no seu combate a um sistema de poder oligárquico dos mais reacionários e sanguinários da América Latina.» [Avante]

O PCP tenta convencer-nos que os raptados são meros prisioneiros de guerra numa tentativa de branqueamento dos crimes dos seus amigo, crimes que incluem raptos, recrutamento de crianças, desaparecimento, raptos de civis e tratamento desumanos de reféns, para além do tráfico de cocaína que financia uma boa parte das suas actividades.

José Manuel Fernandes foi "excomungado", acusado do pior dos crimes, ser anticomunista, ainda que não tenha sido graduado em primário, é um anticomunista com mestrado e pós-graduação:

«José Manuel Fernandes (JMF), chefe de fila de Belmiro de Azevedo no jornal «Público», é anticomunista. Com diploma, mestrado e pós graduação.» [Avante]

Inesperadamente o PCP junta a sua voz a Paulo Portas e aos advogados das grandes empresas contra a cobrança das dívidas fiscais, com o argumento da penhora das pensões. O PCP esquece que os mais ricos também se reformam e recebem pensões ou, pior do que isso, sabe-o mas prefere associar pensionistas a pobres e vem defender a evasão fiscal:

«Aqui está, na crueza dos factos, a política fiscal de José Sócrates: a quem trabalha e cumpre as suas obrigações fiscais, agora até as pensões e salários hipoteca; aos ricos que acumulam fortunas, não pagam impostos e exibem despudoradamente a sua riqueza, deixa-os tranquilamente a rir-se do Estado e de toda a gente.» [Avante]

A SEGUNDA MELODIA

«Um partido que está no poder gosta de estabilidade. É natural. O que está, está, e é exactamente aquilo para que ele foi criado. É para isso que ele respira. Ou é isso que ele respira. Mas um partido que está na oposição precisa de estabilidade. Sem ela, não pode conceber, organizar e pôr em prática uma estratégia de "assalto" ao poder, para o qual também ele foi criado. O debate sobre o "estado da Nação", secundado por factos seus contemporâneos, veio precisamente reforçar a ideia comum e geral de que o PSD ainda não está preparado para a estabilidade. Apesar da queda de Menezes. Apesar da desistência de Jardim. Apesar da derrota de Santana.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Nuno Brederode Santos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ESTA MERECE UMA GARGALHADA

«O Presidente da República ficou insatisfeito com a tentativa de colagem do seu pedidode informações ao Governo sobre o plano rodoviário com a crítica da nova liderança do PSD aos planos de investimento do Executivo de José Sócrates para as obras públicas.» [Correio da Manhã]

Parecer:

É mesmo para rir... Está-se mesmo a ver que Manuela Ferreira Leite foi ao Palácio de Belém pela calada da noite remexer nos papéis do seu velho amigo Aníbal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se uma gargalhada tão sonora que consiga assustar os pombos do Palácio de Belém, já que as ratazanas que por andam são mesmo desavergonhadas,»

PLAYBOY PROCURA A BLOGGER MAIS SEXY

«La revista masculina Playboy ha organizado un concurso para encontrar a la blogger más sexy de Estados Unidos. Tras elegir a nueve bellezas, la ganadora posará desnuda.

Entre las nominadas se encuentran Xeni Jardin, coeditoria de la web Boing Boing, Violet Blue, columnista del San Francisco Chronicle, que tiene un podcast en el que hace referencia a cuestiones sexuales, Julie Alexandra, que tiene un blog sobre cultura pop, o Sarah Lacy, que habla sobre temas tecnológico en su blog. » [20 Minutos]

"POR UM BURRO DAR UM COICE NÃO SE LHE CORTA A PERNA"

Apesar de mal escrita, com ideias contraditórias e muitas vezes confusas, merece ser lida a entrevista do Senhor Domingos Azevedo, Presidente da Câmara do Técnicos Oficiais de Contas, ao Público de domingo (Link), pelos sinais que revela.

O Senhor Azevedo vem em defesa do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Carlos Lobo, que por um desses acasos da vida é seu colaborador como assessor jurídico do Grupo de Estudos da CTOC (Veja-se o curriculum deste no site do governo). E defende-o com três argumentos:

O Senhor Azevedo separa o governo (preocupado com o cumprimento da Lei, que mete a administração fiscal na linha), da DGCI, cujos funcionários são agressivos, tratam mal os contribuintes e praticam ilegalidades em tropel.
De seguida defende as comissões de conciliação em que o governante-estudante Carlos Lobo quer fazer embarcar o governo. E o que Azevedo diz é muito esclarecedor. Para ele os Tribunais não dão garantias aos contribuintes. Melhor seria resolver as reclamações através de “comissões de conciliação em que colocaríamos em pé de igualdade técnicos competentes, interesses conflituantes - sujeitos passivos e DGCI - e em função destas comissões se chegasse a um consenso.”
Azevedo pretende substituir os Tribunais pela negociação dos processos. Para ele, mais importante que a legalidade é o consenso. Imaginem um Banco que andou anos a fugir ao fisco, foi descoberto e a DGCI apurou o imposto em falta. O Banco, que tem advogados a quem paga uma avença mensal, reclamou para a DGCI, que lhe indeferiu a reclamação por absoluta falta de razão, mas de seguida recorreu ao Tribunal para impedir a cobrança da dívida. Agora vai negociar na tal comissão de conciliação o perdão de uma parte da dívida. Cá está um bom “nicho de mercado” para os associados da CTOC ganharem mais uns cobres. Como diria o próprio Azevedo, para uns penhoras e coimas; para outros conciliação.
No final alimenta a ideia de um conflito entre o Secretário de Estado e a máquina fiscal, o que quer dizer entre o Secretário de Estado e o Director-Geral dos Impostos.

Lida a entrevista ficámos sem saber quem é o assessor e o assessorado, mas ela é o anúncio de todo um programa, de que muito se falará brevemente. Só Deus sabe porque o Senhor Azevedo vem nesta ocasião defender o projecto do secretário de Estado, logo no Público que, como é sabido, é um jornal muito preocupado com as contas públicas e a defesa do contribuinte. Por coincidência o jornal onde foi divulgado o famoso despacho do governante-estudante onde se dava o raspanete aos funcionários da DGCI por seerem demasiado rigorosos a cumprir a lei.

Fica também mais um pensamento do profundo Azevedo que nos deixou tocados: “ Por um burro dar um coice não se lhe corta a perna.” Enfim, fiquei aliviado, não é por causa dest comentário que o senhor Azevedo me vai amputar a perna, ainda que, tanto quanto sei, os burros não têm pernas a não ser, provavelmente, na imaginação do senhor Azevedo.