como estes não pudessem ser objecto de gestão porque são em reduzido número ou porque as suas qualidades estão acima de qualquer necessidade de gestão. Acontece que os dirigentes não são assim tão poucos, nalgumas empresas ou serviços do Estado são mesmo uma percentagem elevada dos funcionários.
Não se compreende, portanto, porque razão quando se fala em gestão de recursos humanos, designadamente, no Estado, se pense apenas em medidas para o pessoal dirigente. É verdade que alguém criou um curso para dirigentes (FORGEP) no INA mas não há curso que transforme um pequeno Mugabe num dirigente competente, e os pequenos Mugabes multiplicam-se na Administração Pública e, é bom dizê-lo, no sector privado.
O sucesso dos serviços públicos e das empresas privadas depende, em primeira linha, da qualidade da sua gestão, até a qualidade dos seus trabalhadores depende também da qualidade dos dirigentes. Não se entende, portanto, que num país que precisa de dar um grande salto em competitividade os dirigentes sejam tratados como uma casta superior, como uma pequena nobreza cujo papel não pode ser questionado.
Em Portugal fala-se demasiado da qualidade dos trabalhadores e questiona-se pouco a dos dirigentes, como se as competências destes fosse inata, ou como se bastasse pagar um pequeno curso no INA (uma excelente receita para este instituto e a sua corte de formadores), como se o estatuto de nobreza os coloque acima de qualquer avaliação ou medida de gestão.
Mas todos sabemos que o país e, em particular, a Administração Pública está cheio de pequenos Mugabes, gente sem qualidades para exercer cargos de liderança, que estão mais ocupados a gerir o seu estatuto do que a promover a qualidade dos seus serviços. São demasiados os dirigentes portugueses que apreciam ideias novas, que aceitam quadros com ambição, as novas ideias desvalorizam-nos os quadros que as defendem colocam os seus lugares em perigo.
Dificilmente o país atinge os níveis de competitividade exigidos se continuar a procurar na legislação laboral ou no regime dos funcionários públicos as vantagens comparativas que a globalização lhe retirou. Essas medidas poderão ser necessárias mas de nada servirão se os que mais podem influenciar as organizações estão dispensados de qualquer gestão.
A gestão dos dirigentes é uma condição necessária para o desenvolvimento do país, é necessário quebrar a imensa teia entre a casta dirigente e o poder político para levar a concorrência a todos os níveis, a única forma de dar lugar aos mais capazes. Uma economia gerida pelos piores nunca conseguirá concorrer com economias onde são escolhidos os melhores.