Nos primeiros dias ainda foi possível pensar-se que se sabia o que Manuela Ferreira Leite pretendia, personalidades de segunda linha lá se iam esforçando por esclarecer os mistérios das entrelinhas das suas parcas e pobres intervenções no congresso. Morais Sarmento ainda se arriscou a esclarecer que a líder não gostava do TGV, mas teve azar, poucos dias depois Ferreira Leite apareceu a dizer que não havia dinheiro para nada. Agora é Rui Rio que anda preocupado por não saber o que pensa a sua amiga e, em consequência, nada pode dizer aos seus eleitores sobre se vai ou não haver TGV para as bandas do Porto.
Onde está Manuela Ferreira Leite? Ninguém sabe.
A estratégia de Manuela Ferreira Leite é simples, se não sabemos o que dizer ficamos calados, se não temos grande coisa para propor não propomos, se os eleitores ainda não se esqueceram não aparecemos, se não pensamos evitamos fazer propostas. A ausência de Ferreira Leite não corresponde à imagem de austeridade e rigor que pretende fazer passar, quanto menos aparecer menos tem que se expor e evita a corrosão.
Só que a crise é demasiado grave para que quem quer ser governo aposte na ausência, ausência física e de ideias, não estamos perante uma estratégia política que visa transmitir rigor e autoridade (ainda que lembrando o senhor de Santa Comba), estamos sim face a um comportamento cobarde, puro populismo político escondido atrás a incapacidade para fazer face à situação.