quinta-feira, julho 17, 2008

Umas no cravo e outras tanta na ferradura

FOTO JUMENTO

MDP/CDE - "O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO"
Feira da Ladra, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Ints Kalnins / Reuters]

«Protesta al desnudo contra el uso de pieles de oso en los sombreros de la guardia real británica ante la embajada de Reino Unido en Riga.» [20 Minutos]

JUMENTO DO DIA

O Vasco vai usar fio dental

Adoro ler Vasco Graça Moura, rio-me que me farto com a quantidade de graxa que o poeta dedica aos dirigentes do PS. Agora já se está a ver a apanhar banhos de sol no Palácio de São Bento, acompanhado de uma Manuela Ferreira Leite usando a mesma indumentária:

«No próximo ano, quando Manuela ganhar as eleições e formar Governo, o problema principal será o de a tanga ter ficado grotescamente transformada em fio dental.» [Diário de Notícias]

PROCURADOR PEDE QUE CASO MADDIE SEJA ANALISADO COM CUIDADO

Quererá isso dizer que os procuradores analisam os restantEs casos com pouco cuidado? Estas instruções do Procurador-Geral merecem uma explicação.

TAXA ROBIM DOS BOSQUES?

Não sei porque a razão a nova taxa aplicada às petrolíferas é designada por taxa Robim dos Bosques, podia chamar-se taxa Zé do Telhado.

O DEBATE NO PARLAMENTO

Apesar de Manuela Ferreira Leite ter prometido oposição e de ter "contratado" um líder parlamentar que muito prometia, a verdade é que o PSD está bem mais passivo do que no tempo de Luís Filipe Menezes ou mesmo Marques Mendes deixando o protagonismo da oposição ao PCP. No debate parlamentar da taxa Robim dos Bosques vimos mais uma vez o PSD a reboque das iniciativas do PCP, sendo visível que não se preparou para a discussão, avançando Hugo Velosa com uma intervenção à base de banalidades e piadas.

O mesmo se passa com Louçã, o verdadeiro adversário do PCP, perdeu todo o protagonismo nos debates parlamentares, agora faz as gargalhadas de fundo nas iniciativas do PCP.

Muito a contra gosto tenho de admitir que o PCP está de parabéns, ainda que graças à nulidade dos seus parceiros na oposição.

A DIREITA NO VÁCUO

«A ver o que vi, naquela espécie de teologia de enganos que constituiu o debate mensal no Parlamento, José Sócrates não perderá as eleições. Paulo Rangel, aguardado com expectante alvoroço, estatelou-se: parecia um orador fúnebre entre sepultos. Quando trepou ao púlpito leu um texto enfadonho, asséptico, interminável. As câmaras das televisões fixaram para a eternidade alguns bocejos silenciosos e místicos. Não foi difícil a Sócrates desmontar o tosco edifício verbal de Rangel. Usou, aliás, o mesmo fundo de dissimulações: não expôs nenhuma ideia consistente, demonstrando um protagonismo absoluto na arte de falar sem nada dizer.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Baptista Bastos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PRETOS E CIGANOS

«Surge em cada Verão interpolado uma história de violência e crime na Grande Lisboa que é suposto ter grandes leituras politicamente incorrectas. Num Verão,, foi Durão Barroso, à procura de um caminho para São Bento, que decretou que havia graves problemas com os imigrantes de "segunda geração" (ou seja, os que não são imigrantes). Paulo Portas também está sempre à espera de um arrastão, falso ou verdadeiro, que faça o milagre de o extrair dos três por cento que tem nas sondagens. E uma série de comentadores considera-se vítima da "ditadura do politicamente correcto", se a etnia dos implicados não for proclamada como explicação fundamental de todo o problema.

Durante o ano inteiro, há notícias de violência noutras cidades do país, ou até no campo. Quando há assassinatos na noite portuense, ninguém exige que se fale dos "problemas de integração dos portuenses". Quando há um roubo numa estação de gasolina ou pancadaria numa discoteca de província, ninguém reclama por um debate sobre "inimizades entre gangs rurais". E não se exige nem reclama esse debate porque ele seria desproporcionado. Toda a gente sabe que crime é crime, para ser tratado com a implacabilidade necessária, e que o Porto é o Porto e a província é a província. Um crime entre portuenses deve fazer-nos pensar sobre o crime mais do que sobre os portuenses. Mas um crime em Lisboa quer dizer, em código, "pretos e imigrantes". E isso é uma festa - para quem pretende falar, não do crime em si, mas de imigração e "politicamente correcto" e do falhanço das políticas sociais.

Toda a gente tem noção, num país como Portugal, de que a violência é a excepção e não a regra. Há mais violência doméstica do que violência urbana neste país: é porque os maridos são violentos e detestam as mulheres? Não: a excepção não é a regra.

Um jovem delinquente pode ser a prova de que a política de integração falhou para ele, mas não é a prova de que a integração falha sempre. À volta dele existem milhares de outros jovens que são nossos alunos, que são nossos colegas e nossos vizinhos, e que levam as suas vidas. Se quiserem piorar as coisas, cedam à demagogia e declarem a falência do rendimento mínimo, dos assistentes sociais e da igualdade de oportunidades que serviram para esses. Se quiserem melhorar as coisas, reservem um pouco de espaço mental para as experiências que dão certo e apoiem a sua multiplicação - sabendo que elas jamais irão resolver todos os problemas.

Acima de tudo, não misturem o que não é para ser misturado. Crime trata-se como crime, armas ilegais como armas ilegais, integração como integração, imigração como imigração. Os ciganos da Quinta da Fonte, dependendo de que ciganos são, nem sequer são imigrantes: podem estar aqui neste país há quinhentos anos. Os negros da Quinta da Fonte, dependendo de que negros são, provavelmente nem são imigrantes: podem ter nascido aqui, ou ser oriundos de países onde nós andámos quinhentos anos.

Cada aspecto da realidade - o crime, as armas ilegais, o bairro social, o racismo e preconceito interétnico, as comunidades fechadas - pede uma discussão que merece ir longe. Mas o que nos propõe quem se queixa do "politicamente correcto" não só não vai muito longe como fica ridiculamente perto. Na sua ingenuidade, acham que basta poder dizer as palavras "pretos e ciganos" para as coisas se resolverem. Pretos e ciganos. Pretos e ciganos. Pretos e ciganos. Já está resolvido?» [Público assinantes]

Parecer:

Por Rui Tavares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CONSTÂNCIO RELANÇA DEBATE SOBRE NUCLEAR

«A política energética terá de ser discutida de novo, "incluindo a opção nuclear", afirmou ontem Vítor Constâncio, contrariando as opções de Sócrates para a actual legislatura. Não é a única discordância de Constâncio em relação ao primeiro ministro, que inclusive deixa conselhos "políticos" de governação.» [Diário de Notícias]

Parecer:

É uma questão de tempo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»

UMA BOA NOTÍCIA DE QUE NINGUÉM FALOU

«O número de vítimas mortais nas estradas portuguesas diminuiu 10% nos primeiros seis meses e meio deste ano relativamente ao mesmo período de 2007, segundo dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) ontem divulgados.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Estamos em tempos de mandar o país abaixo, é o preço que alguns querem que o país pague para o PCP ter mais um deputado mudo e a Manuela Ferreira Leite ir passar a velhice em São Bento.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Registe-se.»

NOVAS REGRAS PARA PROTEGER OS PEQUENOS PRODUTORES DA ASAE

«O redactor do relatório que será discutido amanhã, Jorge Seguro Sanches (PS), acrescenta a possibilidade de "vender uns pêssegos do pomar a um restaurante da minha terra sem embalagens e cuidados tão rigorosos". Algumas destas regras já existiam: "Há muito trabalho feito, mas é preciso agregá-lo e dar-lhe uma forma legal", acrescenta. A Comissão Europeia aprovou recentemente a criação de um regime específico para os pequenos produtores, mas a sua aplicação ainda pode demorar. Estas restrições, a que se junta a falta de informação dos pequenos produtores e as indicações erradas dadas por algumas empresas de consultadoria, têm sido as principais causas das infracções detectadas pela ASAE e do frequente encerramento ou aplicação de coimas aos pequenos produtores. "Esperamos que estas propostas venham reduzir muito estas penalizações", diz o deputado Jorge Seguro Sanches.» [Diário de Notícias]

Parecer:

É ridículo os parlamento ter que adoptar regras para proteger os pequenos produtores da ASAE e do senhor António Sousa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Demita-se quanto antes o inspector-geral da ASAE.»

A CASA DOS BICOS PARA ANTÓNIO SARAMAGO?

«O PSD vai pedir que seja retirada de discussão da reunião de hoje da Câmara Municipal de Lisboa a proposta do presidente da autarquia, António Costa, para a cedência da Casa dos Bicos durante dez anos para a instalação da Fundação José Saramago.

A oposição considera que a proposta do PS deixa muitas dúvidas e que deve ser discutida também na assembleia municipal, algo que o presidente da câmara quererá evitar. A proposta deste protocolo a realizar entre a autarquia lisboeta e a fundação do prémio Nobel português prevê a cedência por dez anos, renováveis, à Fundação Saramago da Casa dos Bicos, onde ficará a vasta biblioteca do autor, salas de leitura, espaço para exposições e colóquios e uma loja. Além disso, estipula que as obras de adaptação do edifício à sua nova função sejam suportadas e realizadas pela autarquia.» [Público assinantes]

Parecer:

Parece que o escritor percebeu que Lisboa está disposta a dar mais do que Lançarote.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Desaprove-se o negócio.»

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. O "Câmara de Comuns", o "papa açordas" e o "Ponto por Ponto" dão destaque ao post "pobres de primeira e pobres de segunda classe.
  2. O "Mala Aviada" também acha que o próximo submarino deve ter por madrinha uma namorada de Paulo Portas.
  3. A "Secção de Guifões do PS" também quer ver todas as contas devidamente descascadas.
  4. O "Pensamentos" também acha que o PSD anda com os sinais baralhados.

DMITRY POPOV

CARTOON: ANTEVISÃO DA CAPA DA PRÓXIMA EDIÇÃO DA "THE NEW YORKER"

RUBIK'S CUBE: 25 YEARS AND STILL GOING