quarta-feira, dezembro 02, 2009

É deprimente

Acho que a vida política deste país nunca passou por uma fase tão pobre como aquela a que estamos a assistir, não se vê uma proposta, um comentador, um projecto político, um dirigente da oposição de que se possa dizer “benze-te Deus”. Ainda ontem , a propósito da entrada em vigor do Tratado de Lisboa o país assistiu a um chorrilho de banalidades, a oposição à direita limitou-se a um aceno de concordância com receio de alguém se lembrar que o Tratado foi obra da presidência portuguesa da EU, a falta de dimensão dos políticos da direita levou-os a ver mais longe do que as consequência para a politiquice nacional.

À esquerda os comentários roçaram o ridículo, com o BE a não saber o que dizer sobre se devemos estar ou não na EU e o PCP armado em certificador da democracia e da soberania nacional, depois de ter andado quarenta anos a defender um Comecon ridículo, a apoiar a utilização dos tanques russos para esmagar a vontade dos povo da Hungria e da Checoslováquia e a defender que meia Europa andasse sob a batuta do PCUS. Até há quem diga que por cá se encolheram no 25 de Novembro porque a URSS decidiu não meter-se num país da NATO. Depois vem o PCP com a treta da democracia e da soberania…

Com o desemprego a ultrapassar os 10%, uma crise financeira internacional que ainda não foi esquecida e, porventura, nem sequer foi ultrapassada vemos uma oposição sem projecto e sem liderança, tendo como único objectivo político usar uma maioria parlamentar adúltera para ter o prazer de derrotar o PS, pouco importando os interesses nacionais ou mesmo os princípios. A extrema-esquerda anda tão animada nesta sensação de partilha de poder que lhes é proporcionada pelo apoio às propostas da direita que até votam medidas exigidas por patrões que apenas recorrem a trabalho precária, até se diz que o Alberto João vai receber mais dinheiro dos contribuintes do país.

Sem projecto para o país os partidos da direita vivem quase em exclusivo das violações do segredo de justiça promovidas por anónimos, dir-se-ia que o actual programa político do PSD é feito com recortes de papel encontrado no caixote do lixo da Procuradoria-Geral da República. Depois aparece um tal Bacelar a apresentar uma candidatura à liderança da distrital, fazendo-se acompanhar pelo António Preto e pela Helena Costa ao mesmo tempo que acusa o adversário de usar “militantes fantasmas” e “sindicatos do voto”.

É um sinal de que não é só na relação com o país que o PSD está mal, também as lutas internas são protagonizadas por gente fraca, sem projectos e sem argumentos. Aliás, o mesmo sucede ao nível nacional, onde uma líder nem lidera nem abandona a liderança, isto depois de ter saneado todo o sinal de alternativa das listas de candidatos a deputados. No parlamento só estão os deputados disponíveis para repetirem as baboseiras do Pacheco Pereira.

Compreende-se que se limitem a atacar Sócrates a torto e a direito e recorrendo a todos os meios, já desistiram de apresentar uma alternativa credível e esperam que o PSD seja chamado a governar por desistência do adversário, aliás, o que já sucedeu da última vez que chegaram ao poder. Resta esperar que num próximo governo o PSD agradeça ao PCP e ao BE pelo trabalho sujo feito durante este processo, deveriam ter, pelo menos, uma pasta de secretário de Estado para cada um dos pequenos partidos da esquerda conservadora.