domingo, dezembro 27, 2009

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Faro

IMAGEM DO DIA

[Jordi Berbardó]

«Interior de un local hostelero en Madrid» [El Pais]

JUMENTO DO DIA

Aguiar-Branco, líder do PSD

A forma como Manuela Ferreira Leite está a esconder a sua estratégia para a liderança do PSD está a colocar Aguiar-Branco em evidência, não se consegue perceber bem se Ferreira Leite vai insistir em ser líder do PSD, se está a lançar Aguiar-Branco ou se este está a fazer de lebre para entretanto aparecer outro candidato cavaquista, muito provavelmente Paulo Rangel. O certo é que Manuela Ferreira Leite e o verdadeiro líder do PSD é o seu vice-presidente e actual líder parlamentar, um político apagado, monocórdico e sem grande inteligência que Pedro Santana Lopes trouxe para o cargo de ministro da Justiça.

O problema é que Aguiar-Branco é um político de fracos recursos intelectuais, que revela não ter qualquer projecto para o país e que enjoa quem o ouve ao fim de cinco minutos. Só isso explica que se atire violentamente à comunicação de Natal de José Sócrates, reagindo como se fosse uma intervenção final de uma campanha eleitoral.

Mal estaria o país se tivesse que esperar pela comunicação de Natal do primeiro-ministro como se fosse fazer uma declaração de guerra. Mas Aguiar-Branco não percebeu isso e em vez de ter sido inteligente, por exemplo, fazendo a sua própria mensagem, optou pela reacção típica do "mau cagador", a quem até as calças empatam.

CONTO PARA O ANO INTEIRO

«É uma história de Natal, publicada ontem no jornal espanhol El Mundo. É uma história de um homem, e ponham minúsculas nessa palavra maior, homem. Há onze anos, o indiano Deepak Saul foi condenado a prisão perpétua pela morte dos seus dois tios, em Nova Deli - gente pobre, todos. Começou por ser um mistério, assassínio com uma foice, sem testemunhas nem provas. A polícia andava às aranhas. Foi então que se encontrou, no quarto de Deepak, a arma do crime e roupas manchadas com o sangue dos mortos - como disse o relatório da polícia. O sangue dos tios era do grupo A, dele, e do grupo B, dela. Perante esses factos científicos, logo apareceram 17 testemunhas contra Deepak, que acabou por quebrar e confessar. Onze anos depois, na revisão do processo, o Supremo pôs-se a analisar as provas e topou esta bizarria: o tal sangue na arma e nas roupas era do grupo A+B. Chamou-se o comissário que conduziu o processo e ele mostrou-se confuso: "Então, A mais B não dá A+B?" E logo se soube que ele tramara tudo para resolver o mistério. É uma história de Natal, de um homem contra artimanhas de matilha - uma constante na história da humanidade (continuem nas minúsculas, por favor). Como nos contos de Natal, há moral a tirar para o ano inteiro: nem sempre A mais B é A+B.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A ALEGRIA

«Muitas coisas nos irritam, mas o apoucar dos portugueses por portugueses é do pior. Nenhum intelectual nativo, digno desse nome, perde a oportunidade de classificar os portugueses como uma cambada de invejosos, tão racistas como os piores, ou tão mesquinhos como os demais. É completamente falsa e injusta esta autoflagelação.

Nem os portugueses são tão racistas como os outros, nem mais mesquinhos que os outros povos. Há tempos, em conversa com um amigo alemão, bem mais velho e que vive em Portugal há logos anos, ele me dizia que o problema dos alemães é a inveja. O meu espanto foi ele contrastar com os portugueses, que classificava de modo bem diferente. E ele sabe do fala, porque é um grande empresário no nosso país, autodefinindo-se como sendo a sua pátria a Alemanha e Portugal o seu país, mas não deixa de reconhecer as diferenças.

Temos os nossos defeitos. Somos pouco rigorosos e pouco profissionais, não valorizamos a educação como devíamos e chegamos atrasados às reuniões. E sofremos com isso, porque a nossa falta de exigência traduz-se em níveis de rendimento e bem-estar mais baixos que os nossos parceiros da União Europeia. Pagamos o nosso desleixo.

Vem tudo isto a propósito da generosidade dos portugueses. É comovente que, numa situação de crise gravíssima, tanto económica como social e política, os portugueses sejam capazes de se mobilizar para apoiarem o Banco Alimentar contra a Fome como nunca o fizeram. E muitas outras organizações vivem da solidariedade dos portugueses: AMI, os Leigos para o Desenvolvimento, a Abraço e muitas centenas de pequenas organizações são capazes de desenvolver uma actividade de solidariedade social em tempos de crise. É reconfortante e um orgulho para todos nós.

Qualquer organização credível, onde não campeie a corrupção, tem sido capaz de mobilizar as boas vontades dos portugueses e exercer a sua acção social. Mas não é só nesta área que a capacidade da sociedade civil é capaz de se mobilizar por causas. Estou a lembrar-me da Fundação Serralves onde a sua actividade cultural, com espírito de serviço, é financiada, desde há longos anos, em larguíssima medida por privados. Com o apoio necessário e justificado do Estado, as grandes empresas e empresários generosos foram capazes de manter há 20 anos um projecto de ambição internacional no domínio das artes.

E as novas gerações são fonte de esperança.

Há uns 15 ou 20 anos qualquer professor poderia testemunhar o desinteresse dos jovens alunos por tudo o que se relacionava com o humano, com a solidariedade ou a interajuda. Tudo mudou e para melhor. Contrariamente ao que se passava há 15 anos, a nossa juventude actual está muito aberta e mobiliza-se para o apoio social. Vai para Moçambique no Verão dar aulas e tomar conta de miúdos com sida; mobiliza-se para angariar apoios aos mais necessitados; é capaz de apoiar um colega em dificuldades. Tudo isto posso testemunhar e tudo isto é novo e é fonte de esperança. Integrada em organizações ou em iniciativas mais individuais, é a missão e os valores que inspira e mobiliza a juventude, criando um espírito de pertença a uma comunidade com a qual se identifica.

Infelizmente (mas compreensivelmente), estes jovens não se envolvem na política e, ainda menos, nos partidos. De qualquer modo, as gerações mais recentes são diferentes e melhores.
Esta fonte de esperança não é suficiente, temos de porfiar e alimentar tais boas vontades. É apenas uma condição necessária, mas não suficiente. É também necessário criarmos uma sociedade capaz de aproveitar esta gigantesca onda de humanismo e solidariedade. É necessário que os cidadãos percebam que têm uma contribuição a dar à sociedade, com a qual se identifiquem e que por ela sejam responsabilizados. (E agora não estou só a falar para os jovens.) A capacidade para dar é uma boa nova, assim sejamos capazes de a encaminhar e ter uma sociedade capaz de a aproveitar plenamente.

Um bom período natalício e um Ano Novo melhor.» [Público]

Parecer:

Por Luís Cunha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ONTEM NÃO HOUVE

«Ainda ontem no PÚBLICO... esperem aí, ontem não houve PÚBLICO. Sempre odiei isto. Um diário é um diário. O dia de 25 de Dezembro é um feriado religioso cristão. Porquê, de repente, esta observância tão pia?

No dia 1 de Janeiro, quando há leitores com ressacas (as dos jornalistas reflectem-se na edição do dia 2), compreende-se que não saia o PÚBLICO. O meu primeiro choque quando combinei escrever esta crónica dita diária foi o director dizer-me para começar no dia 2 de Janeiro. Porque não no dia 1, perguntei eu, já paranóico? Porque no dia 1 não há PÚBLICO.

Como nem uma semana separa o dia de Natal do dia de Ano Novo, dá uma ideia de bandalheira num jornal que sai nos outros dias todos, faça chuva, faça sol; zanguem-se as religiões ou não. Também não gosto que os semanários estrangeiros como o TLS ou o Spectator façam números ditos duplos só para não saírem na semana do Natal. Salva-se apenas o Economist, que faz o mesmo, mas oferece uma edição de Natal estupenda, cheia de ensaios inesperados, por mais um euro e tal.

As revistas que fazem números duplos Dezembro/Janeiro e Julho/Agosto têm razão por causa da falta de publicidade. Mas, mesmo assim, embirro que chamem "números duplos" quando são, no máximo, número e meio.

Um diário tem de ser diário. Os semanários portugueses saem todas as semanas, embora alterem os dias (grrrr) e fazer semanários seja canja comparado com fazer um diário. Mesmo assim. Acho mal. Faço beicinho.» [Público]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

AO MAU CAGADOR ATÉ AS CALÇAS EMPATAM

«O líder da bancada parlamentar social-democrata, Aguiar-Branco, acusou este sábado o primeiro-ministro de "fingir que vive num país que não é o nosso" e de não ter deixado "uma palavra forte de esperança" sobre o desemprego na mensagem de Natal.

"Em matéria de desemprego não deixou uma palavra forte de esperança para os mais de 500 desempregados que todos os dias têm a infelicidade de cair nessa chaga social", disse Aguiar-Branco sobre a mensagem de Natal, citado pela agência Lusa.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Já não há paciência para o ladrar deste Aguiar-Branco.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Aguiar Branco que seja mais inteligente nas suas intervenções públicas.»

MIGUEL ESTAVA NO LOCAL ERRADO NA HORA ERRADA

«Miguel reagiu aos acontecimentos à porta de uma discoteca, em Cruz de Pau, através do advogado. António Pragal Colaço garante que o internacional português não disparou nenhum tiro e que «a polícia foi manietada». «O único problema do Miguel foi ter estado no local errado à hora errada», referiu António Colaço. » [Portugal Diário]

Parecer:

O problema é que o futebolista está com muita frequência no local errado, há hora errada. Ao que parece o seu clube, o Valência, concorda que era a hora errada, um atleta de alta competição não anda na copofonia às cinco da manhã.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Risque-se o nome de Miguel da convocatória para o mundial, na selecção nacional não há lugar para bandoleiros.»

PCP CONFUNDE GOVERNO COM POLÍCIA

«O deputado António Filipe questionou esta semana o Ministério da Saúde sobre alegados casos de "autêntica burla" que terão ocorrido em Torres Novas e noutras zonas do distrito de Santarém, com alguns indivíduos a fazerem-se passar por profissionais de saúde para tentarem vender colchões e outros materiais aos cidadãos convidados para um rastreio à diabetes.

O parlamentar comunista considera que a situação denunciada, dias antes, pela Comissão de Utentes de Saúde do Médio Tejo (CUSMT) constitui "um caso gravíssimo de autêntica burla" com o objectivo de "extorquir dinheiro a cidadãos menos prevenidos contra artimanhas fraudulentas". » [Público]

Parecer:

Se houve burlas estamos perante um caso de polícia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao PCP que apresente queixa na esquadra.»

BRISA É RESPONSÁVEL QUANDO ANIMAIS INVADEM AS AUTO-ESTRADAS

«O Tribunal Constitucional (TC) entende que as concessionárias das auto-estradas têm a obrigação de provar que a presença de animais na faixa de rodagem não lhe é de todo imputável. Esta posição foi expressa em dois acórdãos publicados esta semana em Diário da República e aprovados pelos conselheiros do TC, no passado 18 de Novembro, e que negaram provimento a dois recursos da Brisa, que se não conformou com as indemnizações a que foi condenada pelo atravessamento de uma das faixas da A4 por uma raposa e um cão de grande porte.

O animal selvagem originou um acidente em 21 de Dezembro de 2002, ao passo que o cão atravessou a faixa de rodagem em 24 de Junho de 2003, motivando outro sinistro. Na primeira situação, a Brisa foi condenada a indemnizar a dona da viatura em 6122,30 euros e, na segunda, ao pagamento de 31.190 euros, sendo ambas as quantias acrescidas de juros até à respectiva liquidação.» [Público]

Parecer:

A decisão do TC é a mais lógica.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

PARADOX

PICA-PAU TEIMOSO

CARL'S JUNIOR