terça-feira, dezembro 22, 2009

Que Nação somos?

O conceito de Nação não é tão simples e tem várias definições, historicamente foi maltratado e nos dias e correm quase tem sido esquecido pelos portugueses, é essa uma das minhas maiores preocupações em relação à nossa vida social e política. O único domínio em que os portugueses parecem gostar de se afirmar enquanto Nação é o do desporto, mais precisamente no futebol, aí sabemos o hino, ficamos irritados com as bandeiras onde os castelos foram substituídos por pagodes, choramos, abraçamo-nos e até perdoamos ao Deco por não cantar o hino nacional.

Causas para este desprezo colectivo pelo sentido de Nação situam-se no domínio da política, desde logo pela utilização abusiva feita pela ditadura, mais recentemente porque ao colocarem as ideologias acima do país ou dos seus objectivos políticos e pessoais. A este propósito o mandato presidencial de Cavaco Silva tem sido um péssimo exemplo, a Presidência da República que para muitos portugueses é a última reserva da Nação, transformou-se numa central de interesses pessoais mesquinhos, com uma equipa de assessores escolhidos num partido que representa menos de 30% dos portugueses a promover conspirações e pequenas intrigas.

O conceito de Nação é mais frequentemente invocado pela direita, à esquerda há mesmo quem sinta dificuldades ideológicas em ver o país e os portugueses como um todo, o PCP que gosta de chamar a si o papel de defensor da soberania (lembram-me os herdeiros do Santo Ofício a promoverem a defesa da vida) exclui das suas políticas todos aqueles que sejam mais ricos do que um “micro-empresário”, a própria ideologia força estrutura os portugueses em classes, ordenando-as da mais pura à mais execrável.

O resultado de tudo isto é um país onde cada o vê como uma imensa gamela onde cada um se serve o melhor que pode, a moda é o pobre-riquismo promovido pelo enriquecimento fácil, pouco importando como se consegue este enriquecimento e à custa de quem. Uns corrompem-se, outros transformam as suas empresas em imensas máquinas de exploração dos consumidores, os grupos corporativos não hesitam de destruir a democracia se isso for necessário para que as suas mordomias sejam suportadas por contribuintes que vivem com cada vez maiores dificuldades.

É cada vez menor o civismo, somos cada vez menos solidários, estamos muito pouco dispostos a fazer qualquer sacrifício em nome do país, a regra é o vale tudo para alcançar os objectivos pessoais ou do grupo, pouco importando se a realização desses objectivos é feito à custa do progresso colectivo ou, muito simplesmente, pela apropriação oportunista e abusiva dos recursos públicos ou ainda pelo aproveitamento de um mercado sem regras e sem concorrência, onde vigora a lei do mais forte, sendo este muitas vezes o mais oportunista, o que concorre sem regras ou o que não paga impostos e contribuições sociais para se obterem mais lucros.

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