O PCP fez grandes progressos ao aceitar o capitalismo, ainda que um capitalismo de alpargatas protagonizado por essa nova classe de empresários com direito ao reino dos céus porque sendo capitalistas sem capital consideram-se perdoados e fazendo parte do rebanho eleito. Afinal nem todos os empresários são maus ou estão do outro lado da barricada da luta de classes, ao lado do proletariado estão os merceeiros, os subempreiteiros, os comerciantes de peixe, os patos-bravos da construção civil, os pequenos esclavagistas da indústria têxtil, enfim todos aqueles que gostariam de ser tão ricos como o Belmiro de Azevedo mas a quem a sorte não bafejou.
Há algum tempo que o PCP invoca as micro e pequenas empresas para justificar a sua aceitação temporária do capitalismo e as regras da democracia. Se não fossem eles o capitalismo era desnecessário e a democracia era um exclusivo do partido do proletariado. Mas em nome deles, dos intelectuais, dos professores e de outros grupos simpáticos como, por exemplo, as magistraturas, o PCP aceita algumas excepções, admitindo uma evolução histórica.
Esta nova abordagem veio mesmo a calhar com o PS em minoria na Assembleia da República, agora o PCP combate as políticas de direita aprovando as exigências da direita, pior ainda, da direita da direita representada no parlamento pelo CDS do Paulo Portas. OS patrões que recorrem, promovem e exploram barbaramente o tão condenado trabalho temporário exigem a não aplicação do Código Contributivo para se escaparem aos custos da segurança social? O PCP esquece todo o seu discurso e descore que a não aplicação do Código Contributivo é necessária para a sobrevivência das micro e pequenas empresas. Os patrões querem escapar-se ao IRS e livrarem-se do pagamento especial por conta? O PCP descobre que as o PEC penaliza as micro e pequenas empresas e concorda na redução das taxas.
Tudo o que seja combater as políticas de direita do PS são uma luta justa nem que isso passe por apoiar as exigências da direita. Tudo em nome das pequenas e micro empresas!