Cavaco Silva parece já ter lambido as feridas da conspiração promovida em Belém contra o regime democrático e voltou a ser igual a si próprio, agora é líder da oposição e assinala cada iniciativa governamental com afirmações pouco inteligente e manhosas, típicas do cavaquismo moribundo e decrépito que ele e Manuela Ferreira Leite representam e tentam impor ao país para mais uns anos. Foi de baixo nível usar os jovens para desvalorizar o TGV no dia em que este projecto foi lançado, foi ainda de mais baixo nível dizer que, por oposição ao governo que aprovava o casamento de pessoas do mesmo sexo, o que mais o preocupava é o desemprego. Este é um presidente que quase todos os dias se afirma preocupado com qualquer coisa, só é pena que não assuma claramente que o que o preocupa é a reeleição, aliás, desde o dia em que tomou posse essa é a sua única preocupação.
Estranho, ou talvez não, em defesa de Cavaco Silva, criticado pelo PS pelas suas declarações manhosas, veio o PCP que desde há muito que apoia militantemente Cavaco Silva e que nos bastidores da justiça parece ter assinado um acordo com o PSD, empenhando as suas tropas em sucessivos ataques judiciais ao PS. Isso explica que esteja tão preocupado com os robalos do caso Face Oculta ou como DVD do Freeport e nunca se tenha pronunciado sobre a necessidade de perseguir todos os criminosos que ganharam dinheiro de forma ilegítima com os negócios ou em negócios com o BPN. Resta saber qual a estratégia que o PCP vai adoptar para ajudar à reeleição de Cavaco, sendo certo que nunca apoiará um Alegre lançado por Francisco Louçã ou outra candidatura do PS.
Se o PCP aposta na destruição do PS através de golpes concertados com a direita, já o BE mantém-se fiel à estratégia de divisão do PS definida numa entrevista dada por Francisco Louçã ao Público, em plena campanha eleitoral para as legislativas, quando já falava da possibilidade de vir a ser governo. Depois de ter feito figura trista nas últimas presidenciais e tranquilo quanto à possibilidade de Alegre vir a formar um partido, o líder do BE decidiu dar um empurrão na candidatura de Alegre. O objectivo deste golpe baixo é estimular Alegre a formalizar uma candidatura muito antes de tal questão ser debatida no PS, para depois se colar ao eleitorado do PS que Alegre venha a arrastar.
A política portuguesa começa a ficar turva, não á direita nem esquerda, assistimos a estratégias motivadas pela ambição de candidatos a caudilhos. As presidenciais já foram lançadas por Cavaco Silva e Francisco Louçã, dois especialistas na canalhice política.