Os nomes escolhidos eram a nata da nossa intelectualidade, incluindo os arrependidos do socratismo, o mínimo que se esperava era que depois de o PSD se ter apresentado às legislativas com um programa que tinha menos ideias do que as instruções de uma máquina de lavar, conseguisse sair destas jornadas parlamentares com a versão lusa do “yes, we can”. Com vedetas como Luís Campos e Cunha, Vítor Bento, Hernâni Lopes e Villaverde Cabrar as jornadas parlamentares prometiam.
A primeira desilusão foi Luís Campos e Cunha, quando o país esperava que num gesto de solidariedade anunciasse que ia abdicar de receber a pensão absurda que o Banco de Portugal lhe paga, surpreendeu-nos ao propor que o voto em branco contasse por se tratar de um voto consciente, isto é quanto mais votos em branco menos deputados. Ficamos sem perceber quem representava esse voto consciente, o lógico é que fosse eleitos deputados de um partido do tipo marca branca, que até poderia ser presidido pelo próprio Luís Campos e Cunha, que teriam que ficar calados ao longo de toda a legislatura. Aliás, os que escreve bacoradas também o fazem conscientemente pelo que esse voto também merece ter representação parlamentar, deveriam ser eleitos deputados cujas intervenções deveriam ser feitas em português vernáculo, dando expressão oratória ao que muitos portugueses escrevem nos boletins de voto, o que, aliás, aliviaria alguns dos actuais deputados dessa pesada tarefa.
Já Hernâni Lopes teve o cuidado de ser mais realista e optou por propor aos deputados um corte nos vencimentos dos funcionários públicos, logo ali e depois de alguns palpites sugeriu qualquer coisa entre os 10 e os 100%, ficou-se pela sugestão de cortar entre 15 a 20%, eu diria que para começar. Se eu fosse o Hernâni teria ido mais longe, além do aumento do vencimento proibiria aos funcionários públicos o acesso à saúde, assim daria corpo a uma velha conclusão de Cavaco Silva de que o problema do excesso de funcionários só se resolveria pela morte.
Mais dado a raciocínios intelectuais Villaverde Cabral deve ter passado uns bons dias a pensar sobre que medidas iria propor aos deputados e decidiu que a melhor ideia era derrubar o governo primeiro e pensar depois, pelo que propôs que o PSD apresentasse uma moção de censura, algo de que este partido anda a fugir como o diabo da cruz.
Agora fico a aguardar pelas próximas jornadas parlamentares pois prometem, da próxima vez o PSD vai convidar artistas de circo, dispensando apenas a contratação de palhaços, para esse papel já conseguiu promover novos valores. Aliás, não me admiraria se Luís Cunha deixasse de escrever a sua coluna no Público para passar a integrar a equipa do “Inimigo Público”.