FOTO JUMENTO
Flores da Quinta das Conchas, Lisboa
JUMENTO DO DIA
Defensor Moura, candidato presidencial
Mais um candidato a ajudar Cavaco Silva.
«"A minha candidatura vai complementar a de Manuel Alegre. Os meus adversários não serão nem Manuel Alegre, nem Fernando Nobre, mas a candidatura de direita de Cavaco Silva", declarou o deputado do PS, que é vice-presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e membro das comissões de Saúde e de Defesa Nacional.
Defensor Moura, de 64 anos, adiantou ainda que o objectivo da sua candidatura presidencial será o de "forçar o actual Presidente da República, Cavaco Silva, a disputar uma segunda volta" e manifestou-se confiante que, nos próximos dois meses, conseguirá recolher as 7500 assinaturas para oficializar a sua entrada na corrida a Belém.» [DE]
ABORTO: UMA ALEGORIA
«Portugal foi um dos últimos países ocidentais a legalizar a interrupção da gravidez, em 2007 - com três décadas de atraso em relação à França, por exemplo. Completados (ontem) três anos sobre a entrada em vigor da lei, é talvez cedo para lhe fazer o balanço: tendo em conta o fenómeno sobre o qual incide, com uma tradição de clandestinidade e opróbrio, é normal que haja um largo período de adaptação às novas regras - o que é dizer que o número de abortos legais pode não ter ainda estabilizado.
Há no entanto quem veja na evolução desse número - que partiu de menos de 2000 abortos/ano permitidos pela lei de 1984 (devidos a malformação, violação e perigo para a saúde e vida da mulher e sempre autorizados por critério médico) - causa de alarme e até de revisão da lei. Serão, para alguns observadores, alguns deles médicos, "muitos abortos", e a "aumentar muito".
Não estando disponíveis os dados do primeiro semestre de 2010, sabe-se que em 2009 se contaram 19 572 interrupções de gravidez. Destas, cerca de 2000 ter-se-ão devido às causas contempladas pela lei de 1984. Teremos pois cerca de 17 500 abortos de "livre arbítrio" para dois milhões e meio de mulheres em idade fértil (entre os 15 e os 49 anos). Ou seja, sete abortos por cada mil mulheres. É muito? Responder a esta pergunta exige mais que opiniões e ideologias; exige comparações e contexto. » [DN]
Parecer:
Por Fernanda Câncio.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
JÁ HÁ UM PARA A COLIGAÇÃO A TRÊS
«Paulo Portas tem solução para o governo do País: coligação entre PS, PSD e CDS. Parece-me uma solução maravilhosa, há crise e para combatê-la são precisos todos. Uma soma de três vontades, boa! Analisemos, então, as partes dessa soma. Uma está garantida, o próprio líder do CDS a proclamou. É a mais pequenina, mas alguém havia de tomar a iniciativa. Infelizmente, porém, a proposta de Portas esgota-se nele. O PSD ainda há dias varreu a intenção de dançar o tango a dois, quanto mais um vira colectivo! Por seu lado, o PS só entra na coligação na condição de mudar os estatutos e aceitar que Paulo Portas possa vetar o futuro líder socialista (se for José e das Beiras, não). Contas feitas, temos então uma coligação tripartida com só um garantido. O que é curto. É, a política é menos diurética que os restantes hábitos portugueses - não é por mijar um, que mijam logo dois ou três. Portas, claro, sabia que a sua proposta era inviável. Mas fê-la por causa de um dos dramas da política portuguesa: um dos seus mais talentosos tenores não tem orquestra que o acompanhe e é obrigado a partes gagas para fazer de conta que o seu CDS é protagonista. Esse drama eu gostaria de resolver com uma iniciativa à Portas mas que não exclui ninguém, pelo contrário: o PS e/ou o PSD deviam fazer uma OPA ao CDS para comprar-lhe o vivo Portas e dar-lhe a dimensão devida. » [DN]
Parecer:
Por Ferreira Fernandes.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
TÍTULO 12
«Animado com as sondagens o PSD anda a pedir ideias avulsas a alguns génios locais. A ideia é, em si mesma, péssima. A experiência mostra que existe muita gente para "dar" ideias, mas é raro surgir alguma que realmente se aproveite.
Em campanha, políticos e partidos, recorrem com frequência a este sistema. Dá imagens na televisão, mas a eficácia é nula. Fica-se com uma montanha de propostas banais à mistura com algumas francamente delirantes. Mas pior. Aqueles que oferecem ideias, que tomam invariavelmente por excecionais, ficam à espera da sua concretização. Como isso raramente sucede, de generosos rapidamente passam a ressabiados.
Esta semana o PSD foi vítima do exercício. Chamou três sumidades a uma sala com a palavra Alternativa. A coisa oscilou entre a sitcom e o susto.
Villaverde Cabral sugeriu que o PSD apresente o mais depressa possível uma moção de censura. Com o objetivo de deitar abaixo o governo e marcar eleições? Não. A genial ideia seria obrigar o Bloco a salvar o PS. Ficou por se perceber o que ganharia o PSD com isso, já para não falar do país.
Ernâni Lopes propôs cortar os salários da administração pública em 20 ou mesmo 30%. "A cru, sem explicar nada". Para além do peculiar entendimento de democracia, em coerência também não explicou qual seria o efeito de uma tal medida na economia e no consumo. Nem referiu o que fazer com a agitação social que inevitavelmente sucederia. Tropa nas ruas? A cru?
Mas a proposta mais caricata veio de Campos e Cunha que se tornou conhecido porque esteve quatro meses no governo, quatro. Como única medida digna de registo dessa vertiginosa passagem, deixou uma carta de demissão. Agora propõe que os votos em branco contem para a eleição de deputados imateriais. Ou seja, na assembleia passariam a existir alguns lugares vazios representativos do niilismo nacional. Ficou por explicar qual seria o sentido de voto desses deputados transparentes. Abstenção ou voto contra? E numa moção de censura não devia ser a favor?
No final da alucinada sessão os deputados do PSD estavam de boca aberta e alguns bastante preocupados. Queriam semear ideias, colheram tempestades. Terão pensado que foi azar na escolha. Calhou-lhes três extravagantes mentais. Mas é bom que se preparem. Não vai ser fácil encontrar gente sensata na legião de catastrofistas que hoje saltita de canal em canal de televisão.
Nestes últimos anos Portugal encheu-se de exaltados de toda a espécie. Formam um pequeno mas ruidoso exército de enfurecidos. Desdobram-se em escritos e declarações, tendo por base uma técnica linear: desvalorizar tudo o que é positivo e sobrevalorizar o negativo. A oposição (qualquer que ela seja) gosta. É bom para a propaganda. Só que é muito mau para a discussão objetiva. Quando a má-língua e o irracionalismo se sobrepõem aos factos e aos argumentos fundamentados não há debate que resista.
Ainda recentemente um economista afirmou que Portugal está hoje pior do que há cinquenta anos atrás, porque nessa altura tinha ouro no banco e agora tem dívidas. Esqueceu-se da miséria, do atraso e do país medieval de então. Mas claro isso são ninharias. Medina Carreira, a mais apreciada pitonisa da desgraça da atualidade, afirmou que a justiça no tempo de Salazar era melhor do que a de hoje. Sorte dele, e sobretudo dos muitos portugueses que felizmente não sabem nada sobre os tribunais plenários ou da falta de liberdade.
Mas não é só o disparate que anda à solta. A estupidez também vai fazendo o seu caminho. Ainda esta semana foram várias as vozes que se manifestaram contra o aumento de vagas no ensino superior. Com o sublime argumento de que existe muito desemprego. Ou seja, a ignorância seria mais competitiva. Não é.
Existe em Portugal muita gente, que independentemente das suas posições políticas, é competente e objetiva. Mas o ambiente não está propício para a seriedade. Os media e os partidos da oposição preferem os loucos. Compreende-se. Dão mais espetáculo. » [Jornal de Negócios]
Parecer:
Por Leonel Moura.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
GOVERNO BRITÊNICO PEDE IDEIAS PARA COMBATER A CRISE ATRAVÉS DO FACEBOOK
«O Governo britânico resolveu servir-se da rede social Facebook para pedir aos seus utilizadores, conselhos e ideias para combater a crise que afecta o país.
Este original modelo de democracia participativa estará em vigor até Agosto mas o site já registou o contributo de mais de 56 mil pessoas.» [CM]
Parecer:
Por cá ninguém precisa de ideias, só recorrem à internet em tempo de eleições.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Sócrates se precisa de ideias novas.»
ADVOGADA DE CHARLES SMITH QUEIXA-SE DOS PROCURADORES DO FREEPORT
«O DVD - no qual o empresário Charles Smith aparece a dizer que fez pagamentos corruptos a José Sócrates - pode estar no processo Freeport? E as referências ao mesmo, como depoimentos ou transcrições? Como se trata de "prova proibida" no sistema legal português, a advogada do arguido Charles Smith avançou com uma queixa-crime contra a equipa de investigação do caso Freeport. Por esta ter, alegadamente, levado em conta o conteúdo do filme. Três penalistas, entre os quais Costa Andrade, dão razão a Paula Lourenço, defensora do empresário escocês.
Em causa está o facto do DVD constar do processo Freeport, assim como depoimentos de testemunhas e arguidos - recolhidos em Inglaterra - mas que fazem referência ao que é dito na conversa filmada por um antigo administrador inglês do Freeport. Ora, no entendimento da defesa de Charles Smith, tais elementos não podem constar do processo já que, perante a lei portuguesa, são prova proibida. » [DN]
Parecer:
Estes procuradores ainda vão ter problemas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela acusação.»
VATICANO: ORDENAR MULHERES É UM CRIME TÃO GRAVE COMO A PEDOFILIA
«"Estas directivas consistem em atacar um elefante com uma pistola de água quando o elefante está praticamente fora do seu alcance", afirmou, em comunicado, Barbara Doris, uma das responsáveis da Associação Americana das Vítimas de Abusos Sexuais Cometidos por Padres (SNAP). Doris denuncia ainda o facto de a Igreja "acreditar mais nos acusados do que nos acusadores" e "ignorar as denúncias de abusos sexuais mesmo quando elas parecem credíveis".
No mesmo documento ontem tornado público, a Santa Sé reafirma, de forma inequívoca, que "toda a tentativa de ordenar uma mulher" constitui um dos "crimes mais graves" contra a legislação canónica, "um delito grave contra a fé" e "contra o sacramento".» [DN]
Parecer:
Esta igreja não aprende.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
O QUE PRETENDE O PADRE LINO
«O Instituto de Segurança Social (ISS) confirmou ao Expresso que "não vai deixar de comparticipar o almoço dos Ateliês de Tempos Livres [ATL]" e que a alimentação de 90 mil crianças não está posta em causa.
O ISS reaje assim ao que foi escrito pelo padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, que representa cerca de 2700 Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do país. Numa carta enviada a todos os presidentes de IPSS com ATL, Lino Maia incentivou a "não dar satisfação às intimações dos centros distritais do Instituto de Segurança Social" por se tratarem de imposições "ilegítimas".
Uma reclamação prontamente desmentida por Cristina Fangueiro, do ISS, que fala em "revisão" dos acordos entre a o Instituto de Segurança Social e as IPSS. A responsável alega que este procedimento acontece todos os anos, de forma a "afinar" o número certo de crianças que frequenta os ATL de funcionamento clássico com almoço e os menores que estão nos ATL como extensões de horários e interrupções letivas. Para já, Cristina Fangueiro deixa uma garantia: "Nenhuma criança vai ficar sem almoço". » [Expresso]
Parecer:
Este lembra-me o chefe do Estado Maior da Armada no tempo de António Guterres, o outro disse que não tinha dinheiro para gasóleo enquanto este invoca o almoço das crianças pobres para criar um facto político.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se este golpe baixo.»
APROVADOS CORTES PARA APENAS ALGUNS CARGOS POLÍTICOS
«A Assembleia da República aprovou hoje o projeto de lei do CDS-PP para reduzir os vencimentos dos membros dos gabinetes do Governo, dos presidentes de Câmaras Municipais e Governadores Civis, com o PS a votar contra a proposta.
Durante a votação da proposta, os deputados socialistas Manuel Mota e Acácio Pinto anunciaram a apresentação de declarações de voto em conjunto com outros parlamentares.
No debate, o PS tinha considerado injusta e demagógica a proposta do CDS-PP, perguntando por que motivo o alargamento dos cortes salariais não contempla igualmente os gabinetes dos grupos parlamentares, a Presidência da República ou o governo regional da Madeira.» [i]
Parecer:
Ou há moralidade ou comem todos.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Portas porque deixou alguns de fora.»
THE FESTIVAL OF SAN FERMIN, 2010 [Boston.com]