O CDS, pela voz de Paulo Portas, veio defender uma mistura de nacionalismo com intervencionismo muito querida à nossa direita conservadora, que de liberal tem muito pouco. Para Paulo Portas não de deve discutir a decisão na praça pública por uma questão de sentido de estado e o governo fez muito bem porque se a situação fosse inversa não tinha dúvidas de que o governo espanhol faria o mesmo.
Para o PSD não é uma questão de interesse nacional, é contra a existência de golden shares e, portanto, o governo fez mal em intervir. Com tão bons argumentos para apoiar a venda o PSD limitou-se a defender princípios que, aliás, vai defender para permitir o acesso das empresas (serão de amigos?) ao imenso mercado agora ocupado pelo Estado. Começa a ser evidente a estratégia de Pedro Passos Coelho, desintervencionar os serviços públicos e financiar as empresas com a redução dos apoios sociais. Até lá não assume os objectivos e gere o discurso político em função dos votos.
Para o PCP e BE pouco importa a empresa, é nacional e pronto, quem manda é o estado, cabe aos accionistas investirem e aos governos decidir. Mas não me recordo de alguma vez estes partidos explicarem o que entendem por estratégia para o sector das telecomunicações e muito menos comum uma participação de 50% numa empresa pode contribuir para essa estratégia.
O PS fez como costumam fazer os partidos que estão no governo, não existe, coube a Sócrates explicar aos portugueses que a golden share existe para ser usada e, como dizem os nossos futebolistas “prontsh”. Se a Telefónica ofereceu por 50% da Vivo quase tanto dinheiro quanto a PT vale na bolsa e se libertada por Bruxelas da golden share tem meios para comprar a PT por pouco mais faz pouco sentido invocar o interesse nacional, até porque se a PT tem uma participação de 50% e nunca poderá comprar a outra metade da Vivo o interesse no negócio só poder ser a valorização dessa participação.
Com o veto o governo manteve a participação da PT na Vivo contra a vontade dos seus accionistas mas, ao mesmo tempo, dispensou a Pt e o país de mais de sete mil milhões de euros, dinheiro que em parte ficaria no país, que financiaria alguns dos accionistas portugueses, ajudava a pagar a dívida externa da PT e ainda sobrava algum para investir. Afinal o interesse nacional é continuar com 50% numa empresa brasileira sobre a qual nunca teremos controlo. Se eu fosse dono da PT estaria desejando que a Telfónica me comprasse os 50% que detinha na Vivo pelo preço que aquela empresa ofereceu, nem pestanejava e rezava para que a Telefónica não mudasse de ideias.
Independentemente das virtudes da decisão, das quais duvido, o mais lamentável foi a forma como todos os nossos políticos recorreram a raciocínios da treta para tomarem posição. O problema é que são estes os políticos que nos governam e em cujas mãos depositamos o futuro da economia portuguesa e do próprio país.
Enfim, como diria Camões “um fraco rei faz fraca a forte gente”.