O PSD tudo faz para congelar as sondagens na esperança de as transformar em voto definitivo nas próximas legislativas e chega à brilhante conclusão de que se os portugueses dizem que vão votar nele o melhor é nem sequer dizer o que pensam não vão alguns eleitores mudar de ideias. Isso é evidente na forma como negoceia as SCUT, está dividido entre o voto dos que pagam as auto-estradas e não as usam e o dos eleitores de concelhos onde costuma ganhar as autárquicas. A solução ideal era pagarem todos ou não pagarem nenhuns, mas nem apresenta uma proposta neste sentido, nem parece querer uma solução de compromisso.
Luís Montenegro, vice-presidente do PSD, aproveitou o debate sobre o estado da nação para sintetizar o projecto político do PSD: «apresentaremos a nossa alternativa para governar quando os portugueses nos escolherem e só quando nos escolherem». Se as próximas eleições fossem em Janeiro eu diria que em vez de um programa o PSD apresentaria um bolo-rei, os eleitores escolheriam a fatia e depois veriam se tinha saído a fava ou o brinde.
Num dia Pedro Passos Coelho diz que para resolver os problemas do país precisará de duas legislaturas, no outro Luís Montenegro afirma que os portugueses só conhecerão o programa da Alternativa depois das eleições, resta saber se vai propor que a próxima legislatura terá oito anos ou se corre o risco de os portugueses votarem na segunda legislatura sabendo o que foi feito na primeira.
A direita parece ter tido o azar de ter subido cedo demais nas sondagens, agora julga-se certa da vitória eleitoral e percebe que as suas propostas só poderão levá-la a perder votos. Organiza umas jornadas parlamentares para discutirem a famosa alternativa e só se ouviram disparates, três dias depois aproveitam o debate do estado da nação para afirmar com ar solene que quem quiser conhecer a alternativa tem primeiro de dar a dentada no bolo-rei.
Afinal Pedro Passos Coelho não difere muito de Manuela Ferreira Leite, a determinada altura a ex-líder do PSD dizia que não divulgava as suas propostas aos portugueses para que José Sócrates não as copiasse, agora Pedro Passos Coelho pela voz de um dos seus vice-presidentes diz em pleno hemiciclo parlamentar em plena sessão dedicada ao estado da nação que só apresentará a sua alternativa depois das eleições.
Estarão loucos? Por este andar ainda alguém do PSD se lembrará de transformar o Diário da República em jornal confidencial e quererá governar sem que os portugueses conheçam as decisões.