Pedro Passos Coelho que é um líder que se move por princípios, pediu desculpa aos eleitores por apoiar as medidas de austeridade e defendeu que em matéria de Scut ou pagavam todos ou não pagava nenhum , foi contra a interferência do governo porque segundo os seus muito bons princípios as golden share não fazem sentido e, em consequência, nem a defesa dos interesses nacionais que devem ser entendidos como aquilo que as regras do mercado estabelecerem, nem as birras de José Sócrates se devem sobrepor aos mercados. É evidente que estas regras do mercado têm algumas excepções como, por exemplo, as portagens que afectem municípios geridos pelo PSD.
Até Cavaco que quando a PT ia gastar uns trocos comprando a TVI não se conteve e tomou logo posição, desta vez ficou em silêncio só tomando uma posição, que não foi nem carne nem peixe, quando o país começou a estranhar o seu silêncio e até Manuel Alegre, que andava desaparecido, o veio questionar.
Se o país andou meses em comissões de ética e comissões de inquérito para saber se sabia que a PT ia comprar um pacote de alcagoitas e mentiu ao parlamento dizendo que desconhecia o negócio, seria interessante saber se o envolvimento de Pedro Passos Coelho e de Cavaco Silva se ficou pelas intervenções ingénuas, ou, como Miguel Ganhão sugere no Correio da Manhã, a visita que Aznar lhes fez não foi propriamente para lhe dar um aperto de mão e fazer conversa de circunstância.
Recorde que César Alierta Izuel foi um homem que Aznar colocou na Telefónica e que o delgado desta empresa para a Europa é um tal Eduardo Zaplana, homem de mão de Aznar que foi porta-voz do PP no Congresso e quando se deu o atentado de Madrid foi o ministro e porta-voz do governo que ficou famoso por ter atribuído o atentado à ETA.
Aznar veio a Lisboa uns quantos dias antes da assembleia-geral da PT só para cumprimentar um Pedro Passo que mal conhecia e Cavaco Silva? Tanto quanto é público o grande amigo português de Aznar é Dias Loureiro que chegou a contratar o seu genro Alejando Agag para o BPN, o lógico seria que Aznar viesse dar um abraço ao seu velho amigo Dias Loureiro. Mas não, agora que Aznar não faz política veio cumprimentar um líder partidário e um Presidente da República.
Coincidências que me fazem levar a perguntar se não sentem um estranho mau cheiro no ar.