Veja-se o caso de Manuel Alegre, o seu discurso político está para a poesia como a música clássica está para a música pimba, o seu discurso de candidato presidencial não passa de uma mistura de bojardas de extrema-esquerda com a linguagem de um cristão novo que não perde uma oportunidade para elogiar tudo o que Sócrates decide, ele que durante cinco anos alimentou páginas de jornais e aberturas de telejornais aproveitando todas as oportunidades para afundar o primeiro-ministro, só se calando quando os magistrados tentaram queimar Sócrates na praça pública levando mesmo vozes do PS a dizer que “há sempre quem se cale”.
E o que dizer do discurso de Cavaco Silva? Descontando as baboseira que de vez enquanto diz, lembrando as do Almirante Américo Tomaz, o Presidente da República é um especialista em não comentar ou em comentar quando se espera que fique calado. Compare-se a pressa com que entreviu quando se soube que a PT pretendia comprar a TVI com o seu silêncio quando estava em causa a venda da Vivo. Finalmente veio dizer que cabia ao governo defender o interesse nacional usando a golden share, algo de que se esqueceu no negócio da TVI.
Passos Coelho decidiu seguir ficar calado sabendo que quando abre a boca ou entra mosca ou sai asneira, agora comporta-se como um político ventríloquo, quando quer prometer não liberalizar o despedimento manda o seu coordenador da revisão constitucional fazer essa promessa, quando quer que os seus autarcas fiquem descansados que os respectivos eleitores não pagarão portagens manda o Relvas dizer que “ou pagam todos ou não pagam nenhum”, quando não quer que se saiba o que disse fica calado e só depois sabemos que já se reuniu com o amigo Paulo Portas para lhe prometer um gabinete ministerial para comprar submarinos.
Quando o país carece de soluções ouvem-se atoardas, quando o país precisa de um discurso sério ouvem-se banalidades, quando o país carece de lideranças temos dois candidatos presidenciais que parecem os velhos dos Marretas, quando país carece de seriedade aparece o Freitas do Amaral a apoiar Cavaco depois de este lhe ter comprado pelo menos um parecer jurídico que de nada serviu pois o Tribunal Constitucional mandou-o para o cesto dos papéis.
Falta por cá um Rei Juan Carlos para lhes perguntar "por qué no te callas?".